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Um boom de tablets baratos

Novos modelos com preços mais baixos devem chegar ao Brasil em 2013

O próximo ano será muito diferente do atual, aqui no Brasil. É que tablets começarão a ficar relevantes. Os motivos são três, e todos têm a ver com preço. Primeiro, tudo indica que ainda antes do final do ano haverá um novo iPad na praça. Será menor do que os modelos atuais, portanto mais barato. Em segundo lugar, a Amazon entrará no país. Já tem gente contratada inclusive para tocar o projeto Kindle local. Provavelmente oferecerá o tablet mais barato do mercado. Por fim, uma penca de novos modelos chegarão às lojas.

De todas as mudanças, aquela que promete perturbar mais as coisas como estão será a entrada da Amazon. Ela pode pressionar inúmeros mercados brasileiros, como já ocorreu nos EUA. A Amazon é a mais azeitada máquina de varejo jamais criada. Seus inúmeros sistemas são avançados e interligados ao nível da perfeição. O preço de cada produto tem lógica própria, sendo baseado na relação com todo o resto. Assim, livros são o chamariz. Saem, muitas vezes, mais barato até do que o preço de custo. Porque, assim, os livros trazem o leitor ao site e, na segunda visita, o leitor já está comprando uma televisão.

A logística tampouco é trivial. Os galpões robotizados preparam os pacotes para envio com agilidade — a Amazon americana é imbatível na rapidez de envio. As lojas online brasileiras, mesmo as grandes, sentirão o calor.

Não quer dizer que será fácil para os americanos. Afinal, e a frase que se segue é de um desanimado Tom Jobim, o Brasil não é para amadores. Navegar pelo mar de impostos é complicado. Enfrentar os problemas de infraestrutura para remessas pode ser desesperador. E ser obrigado a lidar com o próprio amadorismo pátrio, de inúmeras empresas terceirizadas que nunca parecem operar com a qualidade prometida, é desestruturante. Fazer Amazon no Japão ou França é fácil, por aqui vai ser interessante de ver.

A Amazon é uma empresa que vende mídia barato para cobrar caro por outros produtos. Mídia são principalmente livros, mas incluam-se na lista música, filmes, séries de TV. É onde entra na sua estratégia o Kindle Fire.

Trata-se de um tablet. É barato porque Apple, Samsung ou Microsoft vivem de vender máquinas. A Amazon, não. Quer vender conteúdo nas melhores condições possíveis. Porque o Kindle Fire não é um tablet qualquer. Basta ligar que já abre na tela a loja da Amazon. É bom para navegar na internet, para trocar e-mails, mas essencialmente é bom para comprar livros, revistas, jornais, músicas e filmes na Amazon. E quanto mais conteúdo o distinto leitor comprar na Amazon, com mais frequência lembrará da loja quando tomar coragem para comprar aquela TV de 55 polegadas. É claro que o tablet é barato. E propositalmente tentador.

O processo de popularização dos tablets, no Brasil, deve ocorrer em duas fases. A primeira é esta, com ampliação de oferta e queda de preços. Isto fará com que os aparelhos se multipliquem pela paisagem das grandes cidades. Quanto mais gente vê conhecidos com tablets nas mãos, mais gente vai se convencer de que gostaria de ter um.

Mas haverá, possivelmente, uma segunda fase. Com o crescimento econômico e a transição de quem foi pobre um dia para a classe média baixa, novas necessidades surgem. Neste pacote entra a percepção de que ter uma vida digital faz parte do convívio em sociedade. De ser cidadão. Os mais jovens percebem isso muito rápido. Estiveram no Orkut, já migraram para o Facebook.

O computador não é mais o único caminho para esta vida digital. É difícil fazer uma planilha, escrever um longo texto ou editar filmes complexos num tablet. Mas poucas pessoas precisam fazer isso em casa. Um computador, um ou dois smartphones e um tablet, no conjunto, pesam no orçamento de uma família da Classe C. Mas, no caso da dispensa do computador, de repente há um cenário distinto. Está ali uma maneira mais barata de entrar na internet de casa.

Perceber que o computador é dispensável pode acontecer ou não. Mas os preços cairão. E isso já fará com que tablets tenham o primeiro impulso de popularização.


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