Cidadania

Será que o Lula está em liberdade condicional?, por Francisco Celso Calmon

Será que o Lula está em liberdade condicional?

por Francisco Celso Calmon

Com tantos bons resultados, às vezes basta uma medida errada para nublar os êxitos.

Embora o povo não viva de índices, vale repetir, por exemplos, que o PIB cresceu três vezes acima do previsto pelos especialistas do mercado, que o desemprego está com o menor nível desde 2014, e a renda dos operários registra o maior crescimento desde o Plano Real e o salário mínimo começa a recuperar um pouquinho o poder de compra.

O IR e a política tributária ainda carecem de justiça social, mas isso não depende só do governo.

A Petrobrás, sob nova orientação, além de contribuir para combater a inflação, ainda gerou o segundo maior lucro, sem ter privatizado nenhum ativo, inclusive informado pelo jornalista Reinaldo Azevedo: A estatal registrou R$ 124,6 bilhões de lucro em 2023, o segundo melhor resultado da história

Programas sociais como Minha Casa, Minha Vida, farmácia popular, bolsa família, recobraram a sua vitalidade assistencial – necessária num país cuja população é de pobres e ainda há miseráveis, longe de ser um país de classe média, segundo o desejo declarado do Presidente.

Sucessos relativos alcançados apesar dos três êmes, mídia, militares e mercado, representados pelo ministro Múcio, pelos presidentes da Câmara e do Senado, pelo Roberto Campos no BC, que sitiam o tempo todo o presidente Lula. Acrescidos de ministros e auxiliares de cargos comissionados ligados à direita reacionária e conservadora. Correndo por fora, por dentro, e por todos os lugares estão a Globo, Estadão, Folha e afins. É muito assédio!

Frente a isso, Lula querer impedir que haja manifestações que lembrem e repudiem o golpe de estado de 1964, é um sinal de que sua liberdade política é condicionada à tutela dos militares.

 Ou foi apenas uma escorregada, como é o pífio argumento de que os generais atuais não tiveram nada com o golpe de força contra o saudoso presidente João Goulart?

Não se trata de pessoas, mas de uma instituição historicamente golpista. Se quer ser esquecida com honra, peça perdão à nação brasileiro por todos os males infligidos.  

Enquanto os militares criminosos da intentona bolsonarista não forem exemplarmente punidos pelo poder civil, continuarão a conspirar e atentar contra a democracia, como historicamente sempre fizeram.

Vamos virar a página dos militares de 64 e vamos para qual página, presidente Lula?  Para a de 68, na qual a ditadura tornou o Estado terrorista? Para a página de 79, da lei da anistia do ditador Figueiredo, com a qual os terroristas, assassinos e torturadores foram anistiados, e até o presente com o STF que não atendeu aos pleitos de reinterpretação desse diploma gerado dentro da ditadura? Para a página de 2016, do golpe à presidenta Dilma?

Para virar uma página do livro da história é mister que tenha sido lida, relida, entendida, memorizada e resolvida, senão, nao é virar a página, é arrancá-la; e, tal gravidade, se avizinha da inquisição da igreja católica e do fascismo que queimavam livros.

A falta de leitura leva a escolhas como a do deputado presidente da comissão de educação da Câmara Federal.

Não basta a ficha limpa, é necessário ser psicologicamente sadio, exame psicotécnico antes de tomar posse, assim impede-se psicopatas e sociopatas?

Qual o currículo escolar desse deputado escolhido para a Comissão de educação?

Minas Gerais, dos extremos da luta pela liberdade aos golpes, vive, talvez, a pior safra política à direita: Zema, Pacheco, Nicolas chupetinha. Que lástima!

Não há uma população de qualquer país que majoritariamente se sinta feliz. Pelo contrário, a maioria sente-se infeliz, vivendo com problemas que não deveriam existir mais pelo estágio alcançado pelas forças produtivas, entretanto, constituem terreno fértil a apelos místicos e soluções radicais como o fascismo.

Ninguém colocou cabresto na geração 68. Somos indomáveis. Nos guiamos pelo motor da história: a luta de classes.

Ninguém há de segurar a corrente progressista de lembrar do golpe militar de 64 para indignar e numa mais repetir golpes no país. 

Em todos os cantos do Brasil haverá manifestações de memória e repúdio ao golpe de 64, que pariu uma ditadura de 21 anos de barbaridades.

A vitalidade de uma democracia está na luta dos contrários, é a dialética da política, sem a qual, vai murchando até ser um simulacro.

Existe um projeto de nação? Existe uma estratégia para concretizar esse projeto? A classe trabalhadora tem consciência de classe além do economicismo? É possível uma luta de classe sem organização e consciência do caminho e o do objetivo a alcançar?

Os direitos humanos no governo sofrem de precariedade, verbas insuficientes para o ministério, para a comissão de anistia, a não-reabertura da comissão de mortos e desaparecidos políticos, fechada pelo Bolsonaro, e agora essa de virar a página do golpe de 64 e ficar de costas para a história.

Encerro com a pergunta inicial: Lula está em liberdade condicional?

Muitos de nós da chamada geração 68 já estivemos, para nunca mais voltar a ficar, por tudo, o governo que apoiamos, não nos pauta e nem censura.  

No ensejo, anunciamos o lançamento do livro “60 anos do golpe: gerações em luta”, escrito por 60 autores, a partir do dia 1º de abril, nos seguintes locais: Rio de Janeiro, capital, Volta Redonda, Barra Mansa, Resende, Valença, Barra do Piraí, São Paulo capital, Vitória do ES, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Curitiba, Goiânia, Passo Fundo (RS), Sergipe, Santa Catarina.

Ousar lutar, ousar vencer, sempre na luta!

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para dicasdepautaggn@gmail.com. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

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  • Pelo andar da carruagem, o Lula vai acabar fazendo suas as palavras da Folha de Sampa e vai chamar a ditadura de ditabranda. Oh, Céus, porque esses ratos fardados não deixam a população se auto-determinar?

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