Grito dos Excluídos faz “desfile popular” no Dia da Independência

Grito dos Excluídos de 2016, manifestando contra o governo de Temer, na Esplanada dos Ministérios / Marcelo Camargo/ Agência Brasil

do Brasil de Fato

Grito dos Excluídos faz “desfile popular” no Dia da Independência

Protesto denuncia retrocessos após o golpe e cobra alternativas para o futuro do país

Luciana Console

Brasil de Fato | São Paulo (SP)

No dia em que lembramos a declaração de independência do Brasil, acontece também por todo o país a edição de 2018 do Grito dos Excluídos, protesto anual idealizado por pastorais e movimentos populares. O ato não acontece em 7 de setembro por acaso: é um convite àqueles tomados pelo espírito de patriotismo para um debate sobre a construção de uma nação mais democrática e menos desigual.

“O fato de os movimentos populares ocuparem nas ruas no dia 7 para poder expressar os seus gritos e manifestações políticas, culturais e sociais, é também uma forma de tirar os espectadores das bancadas, onde as pessoas assistem os desfiles militares. Uma forma deles saírem da posição de espectador para a posição de protagonista na rua. Apresentando agendas de interesse para a maioria da população que é afastada dos direitos”, afirma José Carlos Pereira, do Centro de Estudos Migratórios e participante do Grito dos Excluídos.

Com um tema nacional a cada edição, o protesto acontece desde 1995 e se configura em atividades como caminhadas, atos públicos, seminários, aulas e palestras ao longo da semana do dia 7 de setembro em diversas capitais do Brasil. Em 2018, o 24º Grito dos Excluídos/as traz como lema “Desigualdade gera Violência: Basta de Privilégio”. José Carlos explica a escolha por conta do atual cenário político de golpe e retrocessos sociais.

“Então esse tema vem questionar tudo isso por um lado e por outro lado também vem afirmar que há agendas outras possíveis de serem construídas, retomando o projeto popular para o Brasil”, ressalta Pereira.

Por ser um ato nacional e orgânico, o Grito dos Excluídos não conta com uma agenda definida, mas as atividades acontecem em todos os estados do país, de acordo com o contexto e as demandas dos envolvidos locais. A organização regional reflete justamente o caráter popular e democrático do ato desde sua primeira edição em 1995.

“Ele nasce de um conjunto de atividades, portanto ele é um grito que pertence aos mais diversos movimentos de mulheres, homens, jovens, quilombolas e também de instituições compromissadas com os direitos humanos”, aponta Pereira.

Em São Paulo, serão dois atos no dia 7 de setembro. O primeiro terá início às 9 horas da manhã, na Praça Oswaldo Cruz, com caminhada finalizando no Monumento das Bandeiras. O segundo ato acontece às 10 horas da manhã no Largo São Francisco, com caminhada pelo centro da cidade e encerramento do ato na Praça do Correio com uma homenagem ao falecido bispo João Paulo Evaristo Arns.

Edição: Diego Sartorato

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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