Para todEs – a mágica campanha da maquiagem da Avon, por Matê da Luz

por Matê da Luz

Ai, como eu estou feliz hoje! Socorro, me segura que sou capaz de sair dançando por aí!!! No dia do Orgulho LGBT, uma empresa tradicionalíssima, que “minha avó usava”, deu show. 

Num país com Bolsonaros e outros “mitos” homofóbicos, retrógrados e otras cositas más, além de uma enorme parte da população que teve “coragem” de assumir essas vertentes nos últimos tempos, amparados por um discurso de “isso não é normal” misturado à uma raiva contra o PT que ainda arranca risadas por aqui, a Avon, empresa de maquiagem fundada no século passado, se posiciona com o que, de fato, CORAGEM há de ser: lança a campanha Para todEs, numa alusão à expressão individual de gênero. 

Mais que isso, na minha opinião, a empresa mostra que está pronta e preparada pro que vem por aí: um mundo realmente moderno, onde discurso de marketing e crenças individuais são abordadas com o mesmo respeito. Sabe aquele momento que você não sabe muito bem o que falar, apenas sentir?

É assim que estou com esta campanha. Sorrindo, sorrindo e sorrindo, porque eu quero muito fazer parte deste mundo que a Avon me apresenta.

 https://www.youtube.com/watch?v=8Imd5MyfGbo] 

Até agora, a campanha trouxe dois vídeos, igualmente bons, um mais viral, com Liniker, um dos expoentes culturais da música nacional atual, que aparece andrógino, explora acessórios femininos e uma sensualidade masculina que confunde (da melhor forma possível, fique claro); e Elke Maravilha, símbolo da transgressão visual/cultural/sexual, musa dos drags queens e de quem adora uma peruice (meu caso!), rodeada por negras, japonesas, gordas, ruivas, magras, velhas, nascidas ou não sob a tutela do sexo feminino – todas PESSOAS belas e individuais, reforçando o mote da campanha “a pele não tem gênero”. Sinto que o amor, esse sentimento soberano e que há de ser a salvação pros males que há (ok, soei fanática agora, ahahahaha!) entra em pauta de formas e maneiras diferentes, diferenciadas e nada sutil, como bem tem que ser em tempo de crise. Emoção <3 

A hashtag (marcação de web) escolhida pela AVon foi #SintaNaPele, uma incrível frase de protesto e empatia que, gente, sério, presta atenção, em semana de Cannes Lions com Aspirina ganhando troféu com campanha ultra-machista (vergonha, absurdo, vou escrever sobre isso amanhã, me aguarde!!!!), é inovador e revigorante. 

Tô passada (também da melhor forma possível) com esta campanha e desejo mesmo que o mundo tenha espaço pra isso, além, é claro, de que mais empresas se posicionem de forma naturalmente forte como bem fez a Avon. 

Você acessa o hot-site da campanha AQUI.

[video: https://www.youtube.com/watch?v=SN2YuawvNtQ 

 

 

Mariana A. Nassif

Mariana A. Nassif

View Comments

  • Será?

    Mesmo entendendo a euforia da Matê, cabe perguntar, ranzinza que sou:

    Será que a Avon pratica o que propagandeia? Será que existem executivos (ou até funcionários) LGBT em seus quadros? Como será que remuneram homens e mulheres?

    Acho que antes de comemorar a "isonomia do mercado" (que é só um truque de marketing, como praticam todos os adeptos da chamada "responsabilidade social", arghhh...) é bom pesquisar essas questiúnculas.

    Mas de todo modo, mesmo que com viés oportunista e pragmático da fábrica, é um avanço...

  • Beleza

    Tem razão a Matê de festejar esse pequeno, porém um passo importante de uma multinacional em direção ao respeito de todos e aceitação. Pode ser marketing, mas eles estão dando a cara para bater, quando se conhece a dificuldade que o brasileiro tem com questão homossexual.

  • Que o tema venha a baila
    Mas quando vejo alardearem a discussão nas escolas e não vejo igual defesa para ensino de " língua pátria" e matematica, começo a acreditar que os valores estão pouco invertidos.

    • Que imbecilidade!

      Matemática e "Língua Pátria" (argh!) já sao ensinadas! Arre! Além de conservador, incapaz de pensar?

       

      • Ana

        Se há algo que evito é ser grosseiro. Mas tem pessoas, ao que parece, é natural.

        "Lingua Pátria" foi uma pequena brincadeira, acreditava que não era preciso explicar. E como professora você deve encontrar fácil não só relatórios do MEC que mostram a nossa carência de professores - em todas as áreas - no ensino Fundamental (( 5a. a 8a.) e no ensino médio. encontrarás também a pontuação brasileira no PISA, embora há os que acreditem que nada vale.

        E como professor confesso ter inveja de teus alunos. O que vejo de textos apenas com começo - meio e fim são outros quinhentos - e alunos que não sabem operar com  fração - atenção, alunos de engenharia - é de dar dó.

        E desenhando, só gostaria de ver igual preocupação com as nossas falhas gritantes com o que deveria ser básico. Fazer o que, há os que preferem mais conteúdos.

          • Estou sabendo
            Foi apenas um complemento. É que a discussão, de se levar ou não o tema às escolas ( sala de aula)corre por aqui. Não sei como é por aí.

          • (Tambem nao sei mas minha

            (Tambem nao sei mas minha filha fala em gay com a maior naturalidade, sem grilo nenhum, tem um monte na escola dela e na previa tinha tambem.  Outro dia eu tava contando velharia de 1980 pra ela sobre a primeira vez que eu vi uma mulher falar na esposa dela, alias.)

        • Vc nao entendeu o meu ponto. Nao faz sentido lutar p/ o q já há

          Ao passo que os conteúdos ligados à problemática de genêro e de orientaçao sexual estao sendo barrados pelos conservadores.

          Quanto à qualidade do ensino, estará cada vez pior enquanto os professores nao forem valorizados e recebam esses salários indecentes e tenham essas condiçoes de trabalho horrorosas. Ninguém com boa formaçao anterior escolhe mais o magistério como profissao, quase que apenas pessoas para quem ele ainda significa melhoria de nível de vida, ou seja, pessoas que elas próprias tiveram péssima formaçao. Sei do que estou falando, dou aulas para futuros professores de Português que nao sabem ler textos, escrevem pessimamente e nao gostam de ler. Como irao orientar os alunos e despertar o interesse deles pela leitura? Simplesmente nao é possível.

          • É isso
            Me deparo com estudantes universitários que nunca leram um livro e pretendem ser - e serão - professores. E eu me pergunto como entendem o que estudam, acreditando que o fazem lendo.
            E quanto à discussão de se levar a questão de gênero à sala de aula é levar mais um conteúdo, não deixa de ser, onde já não se consegue ensinar o básico. E como você mesma colocou, com formação destes professores, como será levada aos alunos a questão?

  •  
    Sim, e nao eh de hoje. Mas

     

    Sim, e nao eh de hoje. Mas a compania que quebrou essa porta especifica foi a Disney mesmo!

Recent Posts

Universidade de Columbia ameaça suspender estudantes pró-Palestina, mas manifestantes resistem

Ocupação teve início em 18 de abril, após a prisão de 100 manifestantes em Nova…

9 horas ago

Emissão de valores mobiliários sobe 50% no trimestre

Total divulgado pela CVM chega a R$ 175,9 bilhões; debêntures puxaram crescimento, com emissão de…

10 horas ago

Vale tenta novo acordo de reparação de R$ 90 bilhões em Mariana

De acordo com a oferta, a mineradora quer pagar R$ 72 bilhões em dinheiro, mas…

10 horas ago

Balança comercial tem superávit semanal de US$ 1,078 bilhão

No ano, as exportações totalizam US$ 107 bi e as importações US$ 78,8 bi, com…

10 horas ago

Entenda a omissão regulatória cometida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)

Pacientes ficam à mercê de reajustes abusivos e desamparados com rescisões de contratos cada vez…

12 horas ago

Delegado envolvido no caso Marielle pede para depor à PF

Rivaldo Barbosa envia petição para ministro Alexandre de Moraes; ex-chefe da Polícia Civil do Rio…

13 horas ago