Jornal GGN – A tentativa do Governo Federal de acabar com a chamada “gerra fiscal” entre os Estados da Federação – por meio da unificação das alíquotas interestaduais do Imposto de Circulação de Mercadorias (ICMS) e da a criação do fundo de compensações para perdas dos Estados – pode ficar para o segundo semestre.
Além do Projeto de Resolução do Senado (PRS) 1/2013 – que tenta unificar o imposto – não ter consenso dos deputados, senadores e governadores, a Medida Provisória 599/2012 – que cria o fundo de compensação – ainda nem passou pelo plenário da comissão mista onde é discutida. E restam menos de três semanas para a perda de sua validade. Até 6 de junho a MP 599 precisa passar pela comissão mista e plenários da Câmara e do Senado. E há o rescaldo das últimas votações do Congresso.
Durante a discussão e votação do texto da MP dos Portos no Senado, no último dia de validade (dia 16 de maio), o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) deu sua palavra dos senadores de que nenhuma MP seria mais submetida ao plenário com menos de sete dias de prazo para o fim do prazo. Na ocasião, ele chamou a votação urgente da medida de “aberração institucional”.
Mesmo que a votação – e aprovação – do relatório do senador Walter Pinheiro (PT-BA) acontecesse nesta terça-feira (21), restariam apenas dez dias úteis para que o texto da medida fosse encaminhado aos plenário da Câmara e do Senado, uma vez que o dia 30 deste mês é feriado e as chances de haver quórum no dia seguinte – uma sexta-feira – são mínimas.
Levando-se em conta ainda a própria falta de consenso entre os parlamentares das duas Casas do Congresso Nacional, as chances de votação da MP até o dia 6 de junho ficam mais reduzidas. E, em julho, o Congresso Nacional entrará em recesso, inviabilizando, neste pequeno intervalo, qualquer nova tentativa de retomar as discussões sobre o reordenamento do sistema de tributação nacional.
O desinteresse pela lei
Como se não sobrassem fatores, ainda há a própria falta de interesse do Planalto de dar continuidade tanto ao PRS 1/2013 e, consequentemente, à MP 599/2012.
O primeiro teve sua proposta original desvirtuada após sua tramitação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que teve o senador Delcídio Amaral (PT-MS) como relator.
Pela proposta original, a partir do ano que vem, os Estados teriam reduzidos, anualmente, o percentual correspondentes às taxações do ICMS sobre transações interestaduais. Estados da região Sul e Sudeste, que atualmente possuem alíquota de 7% do imposto, chegariam a 4% até 2016; Já Norte, Nordeste e Centro-Oeste, cujas alíquotas chegam a 12%, chegariam a 7% de ICMS até 2018.
Durante a passagem pela CAE, contudo, foram feitas modificações no texto original, que não agradaram o Governo. Primeiro, a manutenção de exceções. A Zona Franca de Manaus (ZFM) e as áreas de livre comércio no Norte do país ficariam com os mesmos 12%, mesmo com a readequação do imposto. Essa possibilidade não é aceita pelos Estados do sul e sudeste, que defendem a unificação de ICMS em 4% para todos os Estados da Federação ou, nos casos como da ZFM, a redução, ao menos, para 9% de taxação do imposto nas operações interestaduais.
A bancada do Amazonas, contudo, não aceita a redução dos atuais 12%. Na ocasião da aprovação do texto na CAE, o presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que seria mais indicado “discutir melhor”.
Os problemas se acentuaram ainda mais com a saída do secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, que conduzia as negociações do Projeto de Resolução do Senado 1/2013 no Congresso, O Governo Federal estuda recomeçar do zero todo o processo, a partir do segundo semestre. A ideia é aproveitar o tempo a partir de agora, quando há grandes chances de caducar a MP 599/2012, até o retorno das atividades do Congresso Nacional, em agosto, para estudar um novo modelo que agrade a gregos, troianos e espartanos.
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