Jornal GGN – Em entrevista ao iG, publicada nesta segunda-feira (7), o atual diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP (Universidade de São Paulo) e ex-diretor de energia e gás da Petrobras, Ildo Sauer, falou que “não esperava que a incompetência fosse tão grande” sobre a atual situação da OGX, petroleira do conglomerado de empresas de Eike Batista, que anunciou um calote de US$ 45 milhões aos seus credores na semana passada.
O executivo comentou a disputa de blocos de óleo entre OGX e Petrobras em 2007, quando a empresa de Eike tinha apenas alguns meses de existência e brigou “de igual para igual”, sentindo-se “habilitada” para atuar em grandes projetos no setor. Na ocasião, não conseguiu, mas arrematou 21 blocos naquele ano, em uma das últimas rodadas de licitações da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Para o especialista no setor, a OGX pode ter conseguido acesso a informações privilegiadas sobre modelo geológico e reservas potenciais, já que muitos gestores de seu principais concorrentes foram possivelmente recrutados pela empresa. No entanto, enfrentou problemas como o petróleo pesado e muito viscoso e um reservatório com exploração comprometida, produzindo menos óleo do que prometeu e faturando menos do que planejou. Além disso, não dispunha de tecnologia suficiente para contornar os problemas.
Sauer também afirmou que o sucesso social de Eike Batista e a publicação excessiva de comunicados aos investidores na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) criou expectativas sobre um “produto inexistente”, com a “incompetência superando o otimismo e o oportunismo”. Para ele, resta saber quem é o maior responsável por esse fracasso. “Uma aventura que abalou a confiança no sistema regulatório de petróleo e no mercado de capitais, uma situação constrangedora que precisa passar por investigação no Senado, Ministério Público e até na polícia”. Para ele, o dinheiro todo já foi levado pelo mercado de capitais e distribuído no IPO da empresa. A lógica das empresas de Eike foi a especulação, já que o produto de investimento era “miraculoso”.
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