Flávio Rocha, dono da Riachuelo, lança manifesto pelo estado mínimo após receber R$ 1,4 bi do BNDES

Foto: Canindé Soares

Flávio Rocha lança manifesto pelo estado mínimo após receber R$ 1,4 bi do BNDES

por equipe Saiba Mais 

O dono das lojas Riachuelo Flávio Rocha voltou a aparecer na mídia como “o grande defensor do estado mínimo” mesmo tendo se beneficiado de dinheiro público em sete anos. Em Nova York, ao lado de um grupo de empresários, o presidente do grupo Guararapes lançou um manifesto intitulado “Brasil – 200 anos”, referência à proclamação da Independência que completa dois séculos em 2022. No documento, Rocha defende o capitalismo, critica os governos do PT e reafirma a defesa dos valores liberais conservadores à direita do espectro político.

– Quero sugerir a todos vocês que chegou a hora de uma nova independência: é preciso tirar o estado das costas da sociedade, do cidadão, dos empreendedores, que estão sufocados e não aguentam mais seu peso. Chegou o momento da independência de cada um de nós das garras governamentais. Liberdade ou morte!

O que o empresário potiguar não contou no manifesto é que a família dele sempre recorreu ao Estado para ajudar a alavancar as empresas do grupo Guararapes Confecções S.A. De 2009 a 2016, Flávio Rocha conseguiu aprovar financiamentos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em nome da Guararapes e das lojas Riachuelo no valor de cerca de R$ 1,4 bilhão. Os dados são públicos e estão disponíveis para consulta no portal do órgão federal. Em junho de 2015, a revista Exame publicou reportagem apontando que o BNDES havia adotado uma política silenciosa de apoiar empresas brasileiras bilionárias, dentre os quais se destacavam a Rede Globo, JBS, Votorantim, BRF, Riachuelo, Natura e Boticário. Os financiamentos eram pagos a juros abaixo do mercado.

Em 14 operações diretas e indiretas não automáticas, o grupo Guararapes Confecções aprovou em 2010, 2011, 2012 e 2013 uma soma de R$ 60,6 milhões. Os recursos foram utilizados em construção de novas unidades e expansão de lojas no Rio Grande do Norte, Ceará e em obras interestaduais.

Já as lojas Riachuelo conseguiram, por meio de 11 operações indiretas, aprovar em 2011, 2013 e 2014 um financiamento de R$ 59.031.978,58 para investimentos em lojas de São Paulo e no Rio Grande do Norte.

O financiamento mais robusto também foi autorizado em benefício das lojas Riachuelo. Em 27 operações diretas e indiretas automáticas, em 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2016 o grupo conseguiu aprovar R$ 1,27 bilhão.

Isenção fiscal desde os anos 50

Mas a família Rocha não recorreu apenas ao Governo Federal para reduzir custos e ampliar os lucros das empresas do grupo. A Guararapes recorre há muito tempo à politica de isenção fiscal do Governo do Rio Grande do Norte. De acordo com levantamento da agência Saiba Mais, somente nos últimos 10 anos, de 2007 a 2017, a empresa acumulou R$ 542.578.180,41 em isenção de ICMS, o equivalente a até 75% do imposto que deveria ser recolhido. A isenção se deve à inclusão da Guararapes no Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial do Rio Grande do Norte (Proadi), que existe desde 1985, sempre com a participação do grupo Guararapes Confecções.

No Rio Grande do Norte, desde a década de 1950 a Guararapes faz uso da política de isenção fiscal do Estado. Em 1978, a revista Exame premiou a Guararapes Confecções S.A. como a empresa do ano. A imprensa local deu ampla cobertura para o feito do grupo que, àquela altura, tinha lojas espalhadas em Natal, São Paulo, Fortaleza e Mossoró. Ao todo, a empresa gerava 7 mil empregos diretos nas fábricas e também nas 300 lojas do Brasil.

Para comemorar a premiação nacional, reportagem publicada pela revista potiguar RN Econômico, em outubro de 1978, contou a história da empresa e revelou uma curiosidade: o primeiro ano em que o grupo Guararapes recebeu incentivo fiscal do Governo do Estado foi em 1959. Segundo o jornalista que escreveu a matéria, o benefício também não foi nada mal: dez anos consecutivos sem pagar imposto algum para o Estado. Mais uma demonstração de que o Estado mínimo defendido por Flávio Rocha nem sempre foi tão mínimo na hora de estender a mão para o grupo. Diz um trecho da reportagem:

– Em Recife, a Confecções Guararapes já estava consolidada. Mas, aceitando incentivos fiscais do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (dez anos de isenção total de impostos estaduais) verificou-se que em Natal a empresa poderia ter custos muito menores e, consequentemente, crescer muito mais. Dessa forma, a Guararapes, em 1959, se transferia totalmente para este Estado onde já mantém duas fábricas (Natal e Mossoró) que oferecem 3.500 empregos e que, em 1977, recolheram quase 13 milhões de cruzeiros e ICM.

Redação

Redação

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  • meritocracia

    Só vou levar a serio esse camarada quando renunciar ao dinheiro do papai e começar a trabalhar com capital de mil reais.

    Montar uma banquinha na feira da madrugada em SP. Ralar de verdade como muitos nordestinos fizeram no sul maravilha.

    É muito fácil quando se herda uma fortuna e  mamou nas tetas do Estado. 

    Pelo menos podia nos poupar dessa bravatas.

    Resumindo, não vale a pena perder tempo com pessoas como ele.

  • Aqui é a crítica pela

    Aqui é a crítica pela crítica

    Estado mínimo sim senhor. Isso não significa estado inexistente, mas um estado que ao inves de construir e manter uma rodovia, regule uma concessão. Um estado que direciona recursos para escola e saúde e não para manter estatais em áreas que o privado pode fazer melhor e pagando impostos.

    Ai vem o critico e lembra que o grupo em questão pegou dinheiro do bndes a juros subsidiado. O crítico não foi pesquisar e se pesquisou não se interessou em informar, qual a quantidade de empregosque  esse grupo gerou direta ou indiretamente. Uma GE americana pode financiar seus investimentos e operações em bancos comerciais, porque o governo não precisa manter juros gigantescos para atrair investimento em papeis do estado, porque o estado não é uma bagunça instittucional e gasta mal o que arrecada, como faz o Brasil.

    Ai vem o crítico e lembra da isenção fiscal que determinado estado fez para o grupo instalar suas fábricas. Ninguem concede isenção se não calcula e poe na balança o beneficio das plantas instaladas, em termos de geração de renda e emprego, o que permite ao estado ou ao municipio abrir mão de um imposto porque receberá muito mais da cadeia produtiva que se instala em volta. Essa isenção se positiva é papel do estado e um exemplo de estado mínimo já que com menos imposto, em tese criou empregos, renda e aumentou sua arrecadação. Não é preciso ser muito inteligente para perceber isso.

    Empresas tem se instalado por muitos anos em Manaus. Por causa do clima? ou por causa da zona franca? 

    Empresas tem mudado suas plantas para o paraguai ou uruguai. Por causa da moeda "fortissima" desses paises ou porque representa menos custos para as empresas? - Se o grupo tivesse se mudado para um desses paises, o critico teria exigido o empalamento ao vivo do patriarca da familia por crime de traição.

    Empréstimos do BNDES, até a empresa do Nassif já fez e isso não é motivo para ele se tornar porta voz do banco, do governo de plantão ou do estado.

     

    • Esse e burro que da gosto
      Vive em um mundo de fantasia onde os picaretas são boas pessoas e o povo trabalahdor sem casa e direitos financia o próprio emprego, mas na verdade paga para trabalhar nestes lixos de empresas.

  • Normal. Todos os empresários

    Normal. Todos os empresários ricos do Brasil seriam mendigos se não fosse o dinheiro que assaltam costumeiramente dos cofres públicos.

    E nem pagar impostos esses fdps pagam, vide globo overseas. Quem sustenta a Bananândia são os assalariados e os pequenos empresários.

    E os patos amarelos globoguiados ainda acreditam que eles são ricos porque trabalharam duro, porque são competentes. Os patos amarelos acreditam em qualquer coisa que o william homer diz.

    • Exato. Quanto mais

      Exato. Quanto mais liberalóide, mais mamadas nas tetas do malsinado Estado. Muitos fizeram fortunas alavancados por dinheiro público. Como ex-funci do BB sei bem do que estou escrevendo. 

  • É um coitadinho

    Flavio Rocha viveu até os 36 anos de mesada do papai (https://goo.gl/KYZUCQ). Viu seu negócio crescer graças às politicas de distribuição de renda do PT e ao aparecimento da nova classe média (https://goo.gl/MM9FcJ), além dos financiamentos a juros camaradas da viúva.

    Me solidarizo com ele. Receber todo esse dinheiro estatal deve atormentá-lo.

  • Quando na ativa no Banco do

    Quando na ativa no Banco do Brasil no cargo de gerente de agência, uma das figurinhas carimbadas no que tange ao assédio por crédito barato eram exatamente os que viviam a vociferar contra a presença do Estado na economia. Dia sim, mandando o pau no assistencialismo, nas "bolsas esmolas" que incentivavam a vagabundagem, e coisas do tipo. Dia não, clamando por crédito com barato com prazo a perder de vista, por incentivos e, pior, por dilações de prazos, "perdão" de dívidas ou qualquer medida que os beneficiassem.

    São uns hipócritas, isso sim. 

     

    • O que foi drenado do estado

      O que foi drenado do estado para políticos, ricos e estrangeiros nestes anos do golpe nos mostram o porquê do ódio ao Lula.

      Isto sempre ocorreu. Parou no período PT em que foi aplicado no desenvolvimento do país.

      E o centro do golpe é a justiça(?). Sempre protegeu os poderosos burlando a constituição.

       

  • Estado mínimo
     

    não, para ele, estado nenhum. O estado nunca interveio nos negócios dele a não ser  a pedido, e para ajudar.

  • Capitalismo, estúpido!

    O que ele quer é um estado mínimo para nós. Nada de saúde, educação e menos ainda de justiça do trabalho.

    Mas para financiar firmas como a dele, a Globo etc., o estado deve ter cofres enormes. A gente contribui e ele(s) tomam para si.

    Nenhum espanto: em realpolitik isso chama-se "capitalismo". Ou alguém aqui acredita na balela de que capitalismo atende a quem trabalha? Atende a quem atravessa, agencia o trabalho alheio, apenas isso.

    E mais: se alguém acredita que isso é assim apenas no Brasil, nunca ouviu falar em EUA e GM, entre tantos outros milhares (sem exagero) de exemplos. E ainda há pequenos e médios empreendedores que aplaudem essa monstruosidade...

      • Capitalismo ideal x capitalismo real.

        Muito bom! Mas acho que Benvindo erra quando diz que as empresas de telefonia e os bancos, que recebem nosso dinheiro para se "salvarem", ficaram em situação ruim porque foram mal administradas. Se fosse uma ou outra empresa, ou ainda se o administrador que coloca a empresa nessa situação fosse demitido, ainda se poderia acreditar. Mas não; não apenas é bem comum que essas empresas grandes fiquem "mal" como nunca um administrador desses é demitido. Isso se dá, na real, porque botar a empresa em situação de pouca liquidez para que ela tome dinheiro do estado é o normal, no capitalismo, é até aplaudido no mundo dos negócios. Com certeza o dinheiro que faltou para a empresa está no bolso escondido de seu dono.

        Não nos iludamos: há um capitalismo de que se fala e um outro, que realmente opera. No que realmente opera nós pagamos o pato que quem concentra poder toma para si. Isso não é um erro, reitero, isso é assim mesmo.

  • Besteira. O cara deveria

    Besteira. O cara deveria deixar de pegar crédito barato por ideologia? Essa crítica é tão idiota quanto aquelas de que o Lula deveria ir se tratar no SUS.

    • O oposto: O cara deveria calar a boca e deixar de ser hipócrita

      Não concordo com sua crítica.

      Realmente acho esse tipo de argumento idiota: "FILHO DE POLÍTICO DEVERIA TER FILHO ESTUDANDO EM ESCOLA PÚBLICA"... porém não é o caso.

      O caso aqui é a hipocrisia dos empresários que se dizem favoráveis ao liberalismo e à meritocracia mas não vivem sem uma teta do Estado.

      NINGUÉM OBRIGA ESSE CIDADÃO A PEGAR EMPRÉSTIMO NO BNDES... SE ELE ACHA TÃO PREJUDICIAL ASSIM PARA ECONOMIA PORQUE DIABOS ELE VAI LÁ PEGAR DINHEIRO???

      JÁ QUE ELE PEGOU TANTO DINHEIRO EMPRESTADO DO ESTADO E É UM DOS PRIVILEGIADOS PELO BNDES... QUE TAL NO MÍNIMO CALAR A BOCA E PARAR DE POSAR DE HERÓI DO LIBERALISMO E DA MERITOCRACIA??? ELE NÃO REPRESENTA O LIBERALISMO... SEU SUCESSO É FRUTO DE HERANÇA SOMADA AO AUXÍLIO ESTATAL QUE TODO ESTADO DO MUNDO DÁ ÀS SUAS EMPRESAS...

      Ele cospe no pra que comeu e ainda paga de herói na imprensa... imprensa essa que faz exatamente a mesma coisa... propagandeia o liberalismo em todas as oportunidades porém sobrevive em uma das únicas reservas de mercado do país, recebe gordas verbas do Estado em publicidade, é beneficiária das campanhas políticas e dos lobbys, participa ativamente dos esquemas de corrupção defendendo ou atacando políticos, recebe empréstimos do BNDES e perdão de dívidas....

      Liberalismo é uma farsa fora do Brasil... aqui é uma piada!

  • Meritocracia herdada
    É a jabuticabinha da Casa Grande brasileira

    Rocha viveu de mesada até os 40 anos idade, levou uma bolada do banco público, a juros camaradas.

    Liberalismo no lombo da ralé é fácil pra quem nunca precisou trabalhar ou empreender.

    • meritocracia....

      Não desçamos tanto nossas discussões. Isto é misturar alho com bugalho. Este tipo de imbecilidade tupiniquim é que não nos leva a lugar algum. Se as Empresas de tal Empresário pegaram dinheiro a juros subsidiaidos e expandiram seus negócios a partir do nosso território, seu país também, gerando riqueza, desenvolvimento, milhares de empregos e bilhões em recolhimento de impostos. Louvemos tal Empresário e suas iniciativas  .Quantas pessoas não entraram em funções básicas e puderam se dseenvolver e as suas capacidades, estudar e progredir, dentro de tais Empresas? Estado Minimo pode ser Estado Máximo. Máximo em oportunidades para Empresas Nacionais. Máximo em qualidade de serviços de Educação e Saude. Máximo em Proteção da Soberania. Não precisa ser este eterno ninho de parasitas. Feudos de Capitanias Hereditárias que se perpetuam no Poder Público. 900 mil recebem o mesmo que 30 milhões de Aposentados da Iniciatica Privada. Todos 900 mil? O Escambau. Cerca de 200 mil recem 2 vezes mais que os outros 700 mil. 200 mil parasitas de Feudos da Casa Grande, que já eram Parasitas na ativa do Poder Público. O Estado Brasileiro não está para sustentar uma Corte Medieval. Misturar argumentos só interessa aquerles que querem perpetuar o Parasitismo.    

      • Que pais vc está falando?
        Como em todo lugar tem defensor de marajá em todo lugar, este então deve pensar que mora em um pais de primeiro mundo onde o idh é alto.

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