Crise

Já bastam os nossos fascistas, que estão avançando, diz ativista italiano, por Arnaldo Cardoso

Já bastam os nossos fascistas, que estão avançando, diz ativista italiano

por Arnaldo Cardoso

Após o atentado terrorista praticado por bolsonaristas contra as sedes dos Três Poderes da República, em Brasília e o vigoroso repúdio internacional subsequente, as notícias de que o presidente americano Joe Biden, pressionado por parlamentares do Partido Democrata, estuda a expulsão ou deportação de Jair Bolsonaro, rumores de que a Itália seria o próximo destino do ex-presidente brasileiro em fuga tem provocado intensa movimentação e protestos de parlamentares italianos e diplomatas pressionando o governo italiano para impedir uma tal situação. Desde muito a Itália se ressente de ser vista como refúgio para cidadãos estrangeiros (como oligarcas russos apoiadores de Putin) fugindo da Justiça de seus países.

Já em 2021, quando a prefeita – do partido de extrema direita Liga, de Matteo Salvini – da comuna de Anguillara Veneta, concedeu a cidadania honorária para Jair Bolsonaro, foi alvo de protestos de conselheiros municipais regionais (destaque para os conselheiros regionais Vanessa Camani e Arturo Lorenzoni), da Diocese de Pádua e de muitos cidadãos ofendidos com a deferência a um notório extremista antidemocrático.

Hoje (11) o partido Rifondazione Comunista (PRC), em Pádua – Veneto, emitiu nota e convocação de ato para amanhã em Anguillara Veneta em repúdio a Bolsonaro e às ameaças à democracia no Brasil. Segue a nota (tradução livre):

NOTA: Sobre a tentativa de golpe no Brasil e os políticos italianos, venezianos e anguilares

“A responsabilidade criminal pela tentativa de golpe no Brasil terá de ser apurada pelos magistrados competentes, mas a responsabilidade política objetiva do ex-presidente Bolsonaro é muito clara. Da mesma forma, as responsabilidades políticas daqueles que (representantes institucionais, inclusive nacionais, da centro-direita que já governaram Veneto e Anguillara, e agora governam o país) estão muito claras, uma vez que, há pouco tempo (outubro/2021) não hesitaram em definir Bolsonaro como um “orgulho” para os venezianos, chegando a dar-lhe uma cidadania honorária. Agora que todos correm para condenar os acontecimentos no Brasil, é mais do que oportuno recordar que já então uma mobilização partindo dos territórios, tendo na primeira fila o círculo dos Companheiros da Refundação Comunista de Anguillara Veneta, imediatamente se opôs àquela absurda exaltação de um personagem já então evidentemente antidemocrático e agora claramente um golpista. Essa mobilização colocou o problema em evidência e levou, por proposta da *Compagn*, à organização em Anguillara de uma grande manifestação com a presença da ANPI, sindicatos, forças políticas democráticas, assessores da oposição e, sobretudo, numerosos expoentes da comunidade brasileira na Itália. Essa manifestação conseguiu impedir qualquer comemoração pública pela outorga do título de cidadão honorário. Quem na administração local persistiu em confirmar a atribuição, e quem a todos os níveis, regional e nacional, o apoiou, em vez de agora fingir que não o fez, tem o dever de agir para que a honraria seja revogada. Seria o mínimo devido por aqueles que, acima de tudo, deveriam conhecer, respeitar e fazer cumprir a Constituição nascida da Resistência.

Assinam a nota:

Paolo Benvegnù, secretário reg. PRC Veneto Federico Navaro, secr. Clube RPC de Anguillara Giuseppe Palomba, secr. prov. RPC Pádua Clube RPC de Anguillara Giuseppe Palomba, secr. prov. RPC Pádua Clube RPC de Anguillara Giuseppe Palomba, secr. prov. RPC Pádua.

No Parlamento italiano, em Roma, os deputados Angelo Bonelli (Verdi e Sinistra) e Nicola Fratoianni (SI) tem liderado as iniciativas contrárias a qualquer favorecimento por parte do governo de Georgia Meloni, do partido de direita Irmãos da Itália, a eventuais pedidos de Jair Bolsonaro e sua família, para um tranquilo refúgio no país da bota.

O ativista italiano Savino Segala é taxativo a afirmar “Já bastam os nossos fascistas, que estão avançando”, Bolsonaro deve ser investigado e julgado pelos seus atos no Brasil.

Arnaldo Cardoso, cientista político formado pela PUC-SP, escritor e pesquisador.

Redação

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