Villas Boas revida Olavo: ‘ele age acentuando divergências, substituindo uma ideologia por outra’

Jornal GGN – O ex-comandante do Exército Brasileiro, general Villas Boas, divulgou publicamente uma resposta aos ataques do ideólogo extremista, Olavo de Carvalho, contra as Forças Armadas.

“Mais uma vez o Sr. Olavo de Carvalho, a partir de seu vazio existencial, derrama seus ataques aos militares e às FFAA demonstrando total falta de princípios básicos de educação, de respeito de um mínimo de humildade e modéstia”, pontuou Villas Boas.

“Verdadeiro Trotski de direita, não compreende que substituindo uma ideologia pela outra não contribui para a elaboração de uma base de pensamento que promova soluções concretas para os problemas brasileiros. Por outro lado, age no sentido de acentuar as divergências nacionais (…) A escolha dos militares como alvo é compreensível por sua impotência diante da solidez dessas instituições e a incapacidade de compreender os valores de princípios que as sustentam”, completou.

Na última semana, Olavo voltou a usar suas contas em redes sociais para suscitar contendas entre os membros do governo Bolsonaro e do Exército. “Forças Armadas: Há 130 anos prometendo e sonegando uma democracia”, escreveu no Facebook.

Mais recentemente, no dia 3 de maio publicou: “Mostrem-me, generais, que algum dia um de vocês (exceto o Newton Cruz, que vocês expulsaram do Exército) defendeu a honra das Forças Armadas como eu o fiz”.

E também: “Definitivamente, nossos milicos adoram a China e odeiam os EUA. Mas, se você disser que foram influenciados pelos comunistas, eles chamarão você de extremista”.

O vice-presidente Hamilton Mourão também vem sendo alvo do personagem. Em um de seus vídeos no YouTube, Olavo descreveu Mourão como um “adolescente desqualificado”.

Em resposta aos ataques violentos de Olavo, o vice-presidente ponderou que o escritor deveria se concentrar em sua “função de astrólogo”.

Em março, durante a visita oficial de Bolsonaro aos Estados Unidos, o que incluiu um jantar em homenagem a ele, Olavo de Carvalho disse à imprensa que o presidente não “reage” às notícias “falsas” da imprensa contra ele por causa “de milicos que os cerca”, chamados pelo escritor de “bando de cagão que têm medo da mídia”.

A nova onda de ataques de Olavo contra as Forças Armadas acontece no mesmo momento em que Bolsonaro volta a desautorizar uma ação de um ministro militar, neste caso, contra uma declaração do ministro da Secretaria de Governo, Carlos Santos Cruz.

No início de Abril, Santos Cruz falou à rádio Jovem Pan sobre a necessidade de regulamentar as redes sociais para evitar distorções promovidas por grupos radicais. “As distorções e os grupos radicais, sejam eles de uma ponta ou de outra, da ponta leste ou da ponta oeste, isso aí tem que ser tomado muito cuidado, tem que ser disciplinado. A própria legislação tem de ser melhorada”, disse.

Neste domingo (5), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) escreveu em sua conta no Twitter: “Em meu governo, a chama da democracia será mantida sem qualquer regulamentação da mídia, aí incluída as sociais. Quem achar o contrário recomendo um estágio na Coreia do Norte ou Cuba”. Após essa postagem, a hashtag #ForaSantosCruz se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter ao longo do dia.

Antes de Bolsonaro se manifestar, o apresentador e amigo do presidente Danilo Gentili usou um trecho da entrevista de Santos Cruz para sugerir que o general e ministro estava planejando uma regulação das mídias sociais.

Segundo informações da coluna Painel, da Folha, neste domingo de noite, Santos Cruz passou cerca de uma hora reunido com Bolsonaro no Palácio da Alvorada para tratar sobre os ataques que vem sofrendo via redes sociais. O ministro teria pontuado que as manifestações são coordenadas e têm participação dos filhos do presidente, assessores ligados a Olavo de Carvalho e do chefe da Secretaria de Comunicação, Fabio Wajngarten.

Ainda segundo auxiliares do governo que estavam presentes no encontro, Bolsonaro respondeu para Santos Cruz que ele estava se desviando do “foco central” das divergências, que era o controle das redes sociais.

“Isso tem de ser feito. Mas tem de usar com muito cuidado, para evitar distorções, e que vira arma nas mãos dos grupos radicais, sejam eles de uma ponta ou de outra. Tem de ser disciplinado, até a legislação tem de ser aprimorada, e as pessoas de bom senso têm de atuar mais para chamar as pessoas à consciência de que a gente precisa dialogar mais, e não brigar”, rebateu o ministro.