A partir de amanhã vou reduzir minha frequência no escritório em razão do COVID-19. Portanto, fui ao mercado comprar algumas coisas para poder fazer minhas refeições em casa. Geralmente almoço na rua todos os dias da semana. Isso obviamente não será mais possível. Cozinhar não é um problema, exceto se você não pode ter um cardápio minimamente variado.
Após fazer compras – coisa pouca, 3 latas de atum, um pacote de linguiça calabresa com 2 unidades e um pacote pequeno de salsichas de frango – almocei bem perto do meu escritório. Notei que o restaurante estava vazio. Ao sair conversei com o dono do estabelecimento:
– E aí… preparado para a pandemia?
– Na verdade não estou. Não sei o que fazer. Ontem meu movimento foi metade do usual, hoje as coisas não estão muito melhores. Eu faturo mais ou menos R$ 1.600,00 num dia bom. Faturei apenas R$ 800,00 ontem. Acho que vou ter que mandar empregados embora.
– O governo vai dar dinheiro para os Bancos. Devia salvar os pequenos comerciantes.
– É verdade. Mas acho que isso não vai ocorrer.
Essa não é uma amostra isolada. Na segunda-feira almocei nas proximidades do Banco do Brasil que fica na Av. Antonio Agu. A dona daquele outro restaurante, consideravelmente maior e mais bem equipado, estava desesperada. Quando a cumprimentei e perguntei como ela estava ao pagar a conta a resposta foi:
– Cara… Eu não sei o que vou fazer com meus 12 empregados.
Se não ocorrer algum tipo de moratória forçada, os pequenos comerciantes irão à falência aumentando o desemprego e o desespero justamente no momento em que a pandemia começou a descrever uma curva ascendente no Brasil. O governo não pode se limitar a salvar os Bancos. Se alguma coisa não for feita pelos pequenos comerciantes o resultado será uma amplificação da tragédia.
Ao sair do mercado passei no Banco 24 horas e tirei um estrato da conta-corrente do meu escritório. O Bradesco me cobrou a taxa mensal de R$ 15,00 reais de cartão de crédito e R$ 63,20 da cesta exclusive. Não posso cancelar a limpeza do meu escritório, pois a moça que a faz depende do trabalho eventual que realiza. Com os Fóruns fechando ou reduzindo atividade minha única fonte de renda vai secar. Tenho reserva suficiente para me sustentar, mas nesse momento qualquer alívio seria bem recebido.
Recebi duas notícias interessantes hoje. Uma amiga minha que mora em Itapevi me informou pelo WhatsApp que decidiu ficar voluntariamente em quarentena. Ela não está doente, apenas com medo de contrair o COVID-19 porque não tem “convênio médico”. Ao que parece ela não sabe que quem deve lidar com a pandemia é o SUS, ou pior, ela simplesmente não confia no sistema público de saúde brasileiro.
Uma inglesa me repassou pelo Twitter notícias de um amigo comum que nos temos na Índia. Segundo ele o governo de Narendra Modi está manipulando as estatísticas oficiais sobre a difusão da pandemia entre os indianos. Jair Bolsonaro parece inclinado a fazer o mesmo no Brasil. Felizmente o mito não tem o mesmo grau de controle sobre as instituições que o seu colega hindu.
Nível já está em repique, aumentou 10 centímetros neste domingo, e chuva intensa com ventos…
Operadoras têm amparo jurídico e atuação política, mas ANS impõe prazo para resposta e pode…
Diretora da Avabrum, Jacira Costa é uma das mães que lutam para fazer justiça às…
Para evitar golpes, cidadãos devem buscar ofertas e formalizar acordos apenas nas plataformas oficiais de…
Movimento tem a previsão de abrir mais uma Cozinha Solidária em Canoas e precisa de…
Em Eldorado do Sul, a sociedade civil por responsável por realocar 80% das famílias, mas…
View Comments
Depois que li o segundo parágrafo não consegui mais me concentrar no texto. Fiquei perplexo com suas compras! Jurava que alguém que vai fazer comida em casa num período de quarentena iria comprar arroz, feijão e algum complemento. Fábio, alimente-se bem!!