Pedro Zogbi, o pintor de Igrejas

Passei minha infância em uma casa em frente o largo do São Benedito. No meio do largo uma igraja simples, antiga, do início do século. Dentro, os 12 passos da Via Crucis pintados por Pedro Zogbi.

Nos anos 60, um pároco ignorante reformou a igreja, substituiu as paredes externas por revestimento de paralelepípedos e mandou caiar o interior, apagando os afrescos de Pedro Zogbi.

Esta semana, solicitei a um especialista no tema que levantasse mais dados do nosso pintor.

Alô, alô, Poços de Caldas: quando irá se preocupar em reconstituir sua riquíssima história?

Eis o trabalho realizado:

Por Bruno Perpétuo

Olá Nassif,

Precisando de qualquer outra informação referente a nossos artistas plásticos esquecidos, estamos aí.

Não há muita informação disponível mas deve ser um personagem interessantíssimo de se pesquisar com mais detalhes.

Segue um resumo:

Artista libanês, nascido em 1884, falecido em 1950, no Rio de Janeiro. Admirado por Rui Barbosa, sua morte causou grande consternação no meio artistico.

Recebeu as primeiras letras em sua cidade natal (desconheço), mas dotado de excepcionai inteligência, seus pais enviaram-no a Europa, a fim de concluir seus estudos superiores filosóficos. Demostrando grande pendor pela arte, a ela se dedicou com verdadeiro afã, tendo se tornado conhecido pelos seus magníficos trabalhos em Paris, onde apresentou sua primeira exposição. Recebeu da imprensa as mais elogiosas criticas.

Nessa época (provavelmente 1907), em Paris se encontrava Rui Barbosa, de volta da sua vitoriosa conferência em Haia e que, empolgado pelas noticias a respeito do grande artista, foi visitar a exposição Zogbi. A simpatia entre os dois foi imediata e o “Águia de Haia” fazia então, constantes visitas ao expositor, admirando seus quadros. Cultos e poliglotas, conversavam em diversos idiomas. Nosso eminente Rui, admirando cada vez mais o Prof. Zogbi, convidou-o a vir ao Brasil (provavelmente em função da primeira grande guerra). Aquiescendo o honroso convite, o jovem pintor transferiu-se para cá, estreitando suas relações de amizade com o grande brasileiro.

Continuando seus trabalhos artísticos, o pintor executou obras notáveis para o governo brasileiro por ocasião da Exposição do Centenário da Independência, onde exibiu o admirável quadro “Paraíso das Ninfas”. Para governo de Minas Gerais, executou “Panorama de Poços de Caldas”, também em grandes proporções, além de uma galeria de retratos a óleo, para o Liceu Literário Português, assim como decoração de pinturas sacras com claras tendências bizantinas em diversas igrejas, principalmente em Três Corações, Minas Gerais, e uma galeria de retratos a óleo para os engenheiros do Sindicato dos Construtores Civis do Rio de Janeiro. Trabalhou ainda no Instituto Histórico e Tipográfico, tendo trabalhado também na restauração de quadros antigos de arte de diversas igrejas e, no fim da vida, nas pinturas a óleo da Igreja do Carmo, na Praça XV de Novembro.

Além dos trabalhos que imortalizaram o grande pintor, executados por convites de arquidioceses do interior do Brasil (principalmente Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo), e nas igrejas do Líbano, da Síria e da Argentina, e do reconhecimento da sua Exposição em Paris, falava e escrevia correntemente em diversos idiomas como francês, italiano, árabe, aramaico, latim, grego e turco, e, entre as suas obras literárias destacavam-so “Aljabá dí Zogbi”(?), publicado na Argentina, “Escola da Vida”, de 1933, com edições esgotadas, e outro que estava prestes a ser concluido. Casou em Poços de Caldas com Sra. Ermelina Lecione Zogbi, com a qual teve 3 filhos.