A limitação de banda da internet barra o progresso

Enviado por Monier

Esse é um pequeno grão de areia da Economia na imensa praia que a Anatel, em conluio com as Teles, está deixando o mar levar para o estrangeiro.

Se houvesse limitação de banda nos EUA – lugar de agência reguladora séria feito a Consumer Product Safety Comission – não florescia o Youtube, Facebook. A viabilidade das duas redes bilionárias tem tudo a ver com escala.

Se houvesse limitação na Índia, nossa irmã-gêmea da Ásia, não seriam o maior call-center em língua inglesa do mundo, e ficariam sem uma fatia do PIB.

Economistas sensatos vão saber melhor do que este jurista da colônia. A limitação de banda vai matar a economia digital do Brasil: processo digital, startups, mídia livre, qualquer coisa que envolva rede.

Abaixo, um exemplo prático.

Proponho colocar na lista de medidas anticíclicas do futuro pacotão da crise: a obrigação de as operadoras inverterem dinheiro da Espanha e Itália para custear a infraestrutura aqui, sob pena de perder a concessão, sob pena de multa de 1 bilhão, sob pena de multa em percentuais generosos do faturamento bruto, sob pena de multa de país de primeiro mundo, não de colônia, não essas papagaiadas que Anatel e Procon fazem, de multa em um milhão e anunciar em jornal em cima de empresas que lucram bilhão. Só de gente contratada para desenrolar essa fibra ótica em 100% da rede vai fazer o PIB subir uma lava-jato inteira. Façam o contragolpe, pelo amor de deus.

Do Jusbrasil

Internet Banda Larga limitada: e agora, Processo Eletrônico?

Por Markeline Fernandes Ribeiro

O prenúncio do caos.

Conforme amplamente divulgado pelos principais meios de comunicação, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) publicou nesta segunda-feira (18), no Diário Oficial da União, uma decisão cautelar que regula os procedimentos para que as empresas de banda larga fixa possam reduzir a velocidade, cortar o acesso à internet ou cobrar tarifas extras dos clientes que tenham esgotado a franquia de dados. As empresas precisam cumprir algumas condições e só poderão colocar em prática políticas para interromper o serviço após 90 dias da publicação de ato da Anatel que reconheça esse cumprimento.

Depois? Bem, depois eles poderão limitar sim o consumo.

Ora, desde que a banda larga se popularizou, convenhamos, nunca se falou em limitação. Pelo contrário, a ‘infinitude’ do acesso à internet era alardeado pelas operadoras como uma grande vantagem aos consumidores. Atualmente, não há limites (na prática) para o quanto você consome em um mês de internet. Você pode assistir a filmes na Netflix sem nenhuma preocupação, assim como passar o dia ouvindo música via streaming, ou então ostentar uma maravilhosa coleção de jogos digitais com títulos que superam os 40GB.

Colocando em números, vamos ser mais exemplificativos. Segundo informações do Movimento Internet Sem Limites:

01 vídeo de 15 minutos no Youtube consome 550 MB

01 episódio de 20 minutos no Netflix consome 1,1 GB

Jogos de última geração consomem 40GB.

O maior plano oferecido atualmente pelas operadoras é de 130 GB.

Ou seja, se você navega em sua internet pela manhã, vê ou lê as notícias, assiste algumas receitas no youtube e depois vê um filme no Netflix, você em um dia já consumiu metade do limite que as operadoras oferecem (em seu plano mais vantajoso).

Agora digamos que você, como eu, é advogado. Advogado Trabalhista, o qual foi compulsoriamente adaptado ao maravilhoso mundo do Processo Eletrônico – PJE. O PJE é por onde se distribui uma ação trabalhista, onde se apresenta a defesa, onde se inserem os áudios e vídeos das oitivas de testemunhas e partes. É onde o Juiz insere a sentença, onde você protocola o recurso. Onde você executa o crédito.

Agora imagine você ser um advogado, obrigado a se adaptar ao PJE (que não funciona perfeitamente, mas funciona) se vê também obrigado a promover a contagem da quantidade de dados que utilizou no dia. Ora, para protocolar esse recurso vamos ter que gastar 900 MB (dependendo do advogado, alguns mais, outros bem menos), então nada de olhar os outros processos de execução hoje. Imagine que em uma semana você tenha exaurido o limite contratado e se veja obrigado a contratar mais dados a fim de viabilizar o seu direito constitucional de obter a prestação jurisdicional.

A velocidade média da internet no Brasil, gira em torno de 3 Mbps, o que faz o país ocupar a 89ª taxa de download mais rápida do mundo, atrás de Iraque, Kwait e Sri Lanka. A Coreia do Sul, em primeiro lugar no ranking formado por quase 150 países, tem uma velocidade média de 22,2 Mbps.

Para efeitos de comparação, no Japão, dificilmente você verá alguma empresa vendendo um plano com menos de 100 Mbps, e em 2013 o provedor de internet do Japão So-Net disponibilizou um plano de internet de 2 Gbps.

Para chegar a esse patamar, no entanto, há um longo caminho a ser percorrido. Hoje, só 4,5% das conexões são por fibra ótica, revelam dados da Anatel.

E quanto custa isso tudo?

Aqui no Brasil os provedores de internet normalmente ofertam seus serviços de 1 à 10 Mbps em valores que giram em torno de R$40,00 à R$100,00, enquanto uma conexão de fibra ótica no Japão custa, em média, R$100,00 por mês.

Nos países onde a internet limitada é aplicada, essa limitação não se reverte em milhares de reais mensais pela navegação. Ou seja, a limitação da internet no Brasil somente pode ser aplicada quando as operadoras tiverem um serviço de real qualidade para oferecer, posto que, caso contrário, além de impedir a utilização natural da internet para o lazer, a limitação estará atingindo diretamente diversos setores, sendo que o Processo Trabalhista seria fatalmente atingido, considerando que com a internet limitada, o acesso ao processo ficaria ainda mais complexo.

Nesse cenário de guerra, quem perde?

Redação

Redação

View Comments

  • Me lembrei de um famoso

    Me lembrei de um famoso burburinho dizendo que Roberto Marinho pararia o movimento de rotação da Terra se possível e vantajoso fosse.

    É mais ou menos isso o que as operadoras querem fazer.

    Será que terão a cara de pau de apelar para o antiamericanismo para justificar a medida?

  • Qual é a supresa?

    Aqui é a República de Bananas do Brasil!

    Aqui o progresso passa longe.

    Vamos barrar a Internet dos jovens pelos netos e filhos dos deputados, pelos torturadores dos brasileiros e por Deus!

    Agradeçsm aos brasileiros golpistas que lotaram a Paulista.

    • Evidentemente, para esses não

      Evidentemente, para esses não faltará acesso, pois dinheiro (sujo, diga-se) nunca lhes faltou.

  • Depois que o privataria

    Depois que o privataria tucana entrogu as telefõnicas para bandidagem que prestam os piores serviços do mundo cobrando as maiores taxas do planeta, só nos resta continuar eternamente nas mão desses bandidos

  • Pressentiu o momento e mandou essa....

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    • Sobre culpar os games, é má

      Sobre culpar os games, é má fé ou ignorância total do cara. Jogos online são feitos para consumir o mínimo de banda possível, pois só assim é possível garantir uma jogabilidade adequada, sem "lags" (atrasos) entre diversos jogadores ao mesmo tempo e que estão espalhados pelo mundo.

  • Agências: GARANTIDORAS de gordos LUCROS nos seus setores

    Este é mais um legado nefasto de FHC e seus privatas (hoje, viva Eduardo Cunha!): agências que estão sempre anunciando medidas que beneficiam e protegem os interesses das empresas do seu setor e, pior, na maioria das vezes cinicamente travestidas de "proteção ao consumidor".

    Em cada uma delas é só perguntarmos: quem sairá ganhando?

    O ridículo disso tudo é que até a imprensa é mancomunada a esse modelo de agencia, o que é uma beleza, pois concentra as pessoas que devem ser beneficiadas (corrompidas) pelo setor para proteger seus interesses contra os consumidores.

    Assisto estarrecido à um trecho da entrevista coletiva com a Anatel onde uma pretensa gestora de interesses do consumidor (não me lembro o nome) da agência dissertava (em tom de defesa) sobre o modelo de cobrança por consumo da energia elétrica, vendendo como "natural" a cobrança similar na Internet. Bela "defensora" dos consumidores.

    NENHUM jornalista perguntou o óbvio (eu bem que tentei achar um canal para fazer a pergunta, mas não havia):

    A TV digital, que consome banda nos patamares superiores tanto em desempenho como em consumo, cobra por consumo?

    Um espectador que assiste TV o dia inteiro paga mais do que outro que só assiste a novela e o Jornal? Um que deixa ligado 24h por dia paga mais que outro que só usa nos fins de semana. O plano de TV fecha ou diminui a velocidade ou fica em preto e branco se vc assistir mais do que 2h por dia? Desligam depois de 36 programas assistidos?

    A tecnologia digital é similar, pois trafegam bits seja lá em que meio for (ar, cabo, fibra, etc.). e as emissoras não reclamam (querem mais é audiência). A diferença é que elas querem vender seu conteúdo, selecionado por eles e na Internet é vc quem seleciona (por enquanto?).

    Ou seja, mais uma armação para que paguemos mais, Quem sabe cheguem a uns R$ 1.200 para ter conteudo "ilimitado".

    Pior, hoje não sabemos (eu desconfio) se eles reduzem a velocidade por software ou firmware quando os equipamentos detetam que vc está fazendo um download pesado ou streaming de um filme em HD.

    Mais pior de ruim ainda é que são eles que controlam e medem o consumo e o desempenho e vc que vire para de vez em quando ou quando possível ou necessário, verificar o que está ocorrendo.

    Ou seja, a Internet tal como a conhecemos (e desejamos) será cada vez mais um instrumento de controle e exploração da sociedade.

    Um 1984 previsto nos anos 1940 e gradualmente implementado.

    A era das subsociedades e supercorporações governando o planeta.

     

     

     

  • Não se preocupem!O STF está

    Não se preocupem!
    O STF está aí para validar tudo isso. Se o guardião da Constituição Federal disser que é válido, então é válido. Ou não é?

    As Agências Reguladoras brasileiras trabalham contra os usuários. Mais uma cortesia dos esplendorosos mandatos do FHC.
    E é só o começo. Ao que tudo indica, Temer fará o FHC corar.

  • a limitação da banda...

    Mas só agora é que a mídia brasileira percebeu que privatizações foi mais um assalto à economia nacional? Que Agências Reguladoras não passam de cabides de emprego altamente remunerados por tarifas públicas para defender as causas e o lucro astronômico de multinacionais que dominam o mercado e impõe a política pública? Será que precisaremos de mais 35 anos para deixarmos de ser os otários do planeta? Acorda Brasil limitado. A primeira obrigação de um país é defender seus interesses e de seus cidadãos.

  • Herança Maldita

    Agencia reguladora?

    Herança maldita. Pela extinção pura e simples das mesmas. O consumidor sempre sifu!

  • Concordo com a argumentação

    Concordo com a argumentação do Monier de que podar a internet é ameçar o desenvolvimento econômico, mas não é verdadeiro falar que não existe limitação de banda nos EUA. Ela existe sim! Só que em alguns casos não chega ser tão baixa quanto a que pretendem aplicar por aqui, mas ainda assim tem gerado polêmica lá fora (conforme links que trago no final do meu post).

    Durante muito tempo a limitação de dados foi um problema apenas dos "heavy users", que baixavam coisas demais pela Internet. A coisa só começou a chamar mais a atenção de mais gente com a popularização de serviços de streaming de alta qualidade, como o Netflix, que no fundo é o ponto da discórdia lá e aqui.

    Com Netflix, os usuários de TV a cabo começam a perceber que não precisam mais do serviço tradicional, então vão cortando ele, para prejuízo das operadoras de TV a cabo, que por um acaso normalmente são as mesmas empresas que operam serviços de internet, igual à realidade brasileira. Então há pressão pelos 2 lados, de um lado, perda de clientes no serviço de assinatura, do outro, aumento no consumo da internet numa rede que não vem sendo ampliada como deveria.

    Abaixo seguem  2 matérias (e há muitas outras sobre o tema, que não é novidade pra quem conhece o cenário lá fora) sobre a questão da limitação nos EUA:

    Broadband data caps will likely become more of a concern as you increase bandwidth-intensive activities, such as streaming TV shows and movies. Most of the data caps we’ve seen range from about 150GB to 300GB per month.

    fonte (2015): http://www.consumerreports.org/cro/news/2015/06/broadband-data-caps/index.htm

    Other companies testing or broadly imposing data caps include AT&T, CenturyLink, Cox, and Suddenlink; surcharges kick in after you've used 150GB per month (for those with slower DSL connections) to 250GB or 300GB (faster connections).

    fonte (2016): http://www.consumerreports.org/telecom-services/comcast-data-cap-the-isp-wants-you-to-pay-for-netflix-binges/

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