BNDES abandona política de criar “campeões nacionais”

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, anunciou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que o banco vai  abandonar a polêmica política de criação de “campeões nacionais”. 

No mesmo final de semana, o jornal britânico Financial Times publicava reportagem crítica sobre essa política, na qual lembra que o programa de TV 60 Minutes, da rede norte-americana CBS, escolheu em 2010 o empresário Eike Batista – cujas empresas, hoje em crise, receberam investimentos do BNDES – como representante da ascensão do Brasil, apresentado como futura superpotência econômica.

(leia a reportagem do FT, em inglês, aqui)

Naquela época, Eike Batista foi vendido pelo programa como um embaixador do país, e sua empresa de exploração de gás e petróleo, a OGX, era tida como uma das “campeãs nacionais” apoiadas pelo banco. Nas últimas semanas, o valor de mercado da empresa vem despencando. Mas, por ser uma empresa grande demais para quebrar, sugere o FT, ela pode vir a ser resgatada pelo governo. 

Como sugestão para debate, fica a pergunta: o Estado deve salvar um negócio superestimado pelo próprio dono?

A seguir, a abertura da entrevista de Coutinho ao Estado de S. Paulo e link para o texto completo:

da Agência Estado

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) abandonou a controvertida política de criação de “campeãs nacionais”. A informação é do presidente da instituição, Luciano Coutinho, que não concorda com o uso desse termo.

“A promoção da competitividade de grandes empresas de expressão internacional é uma agenda que foi concluída”, disse Coutinho, em entrevista exclusiva na sexta-feira, 19, na sede do BNDES em São Paulo.

Ele afirma que a política tinha “méritos” e chegou “até onde podia ir”, porque o número de setores em que o País tem potencial para projetar empresas líderes é “limitado”.

O economista citou os segmentos de petroquímica, celulose, frigoríficos, siderurgia, suco de laranja e cimento. “Não enxergo outros com o mesmo potencial”, frisou. Segundo ele, o BNDESPar, braço de investimentos do banco em empresas, está focado em setores inovadores, como tecnologia da informação, farmacêutico e bens de capital.

O incentivo às “campeãs nacionais” começou há seis anos no governo Lula, quando Coutinho já ocupava o cargo de presidente do BNDES.

Com empréstimos em condições generosas e compras de participação, o banco injetou cerca de R$ 18 bilhões nos frigoríficos JBS e Marfrig, na Lácteos Brasil (LBR), na Oi, e na Fibria, conforme levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Algumas dessas empresas estão em situação financeira delicada, como a LBR, que pediu recuperação judicial, e o Marfrig.

Ele afirmou que “poucas instituições são tão transparentes quanto o BNDES” e garantiu que divulga todas as operações, respeitando o sigilo bancário. Por isso, não comentou a exposição do banco às empresas de Eike Batista, que sofrem uma crise de confiança. Disse apenas que está “tranquilo”.

(leia a entrevista completa aqui)

 

Ver original

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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