Pesquisa e conservação de quelônios rende prêmio a cientista de instituto brasileiro

Jornal GGN

– O trabalho de pesquisas e conservação de tartarugas de água doce feito ao longo de 45 anos em países como Estados Unidos, México e Brasil vai render um prêmio internacional ao cientista Richard Carl Vogt, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI). No dia 7 de agosto, o pesquisador recebe o 9º Prêmio Behler de Conservação de Tartarugas, em Orlando, na Flórida.

A indicação do pesquisador foi feita em conjunto com Aliança de Sobrevivência das Tartarugas, da União Internacional para a Conservação da Natureza/Grupo de Especialistas em Jabutis e Tartarugas de Água Doce, da Turtle Conservancy e do Fundo de Conservação da Tartaruga.

Richard Vogt, doutor em Zoologia pela Universidade de Wisconsin, foi o responsável pela descoberta, em 1979, de que a determinação do sexo das tartarugas se dá pelo tempo de incubação dos ovos de acordo com a temperatura. O trabalho foi feito ao lado de James J. Bull, pesquisador e professor da Universidade do Texas. Os cientistas comprovaram que a incubação no sol a uma temperatura acima de 33 graus gera fêmeas, enquanto que m menos de 30 graus (à sombra) gera machos.

Mais recentemente, em 2012, Vogt e a então doutoranda do Inpa, Camila Ferrara, foram os primeiros pesquisadores a comprovar que há comunicação acústica entre as tartarugas-da-amazônia (Podocnemis expansa) e que os sinais sonoros começam a ser utilizados pelo grupo ainda dentro do ovo.

Este ano, a dupla também comprovou que as tartarugas mantêm um comportamento de cuidado parental entre mães e filhotes, que migram juntos por mais de 75 quilômetros pelos rios.

Ameaça

O trabalho do cientista é fundamental em ações de preservação das espécies de quelônios. Segundo ele, das 16 espécies existentes na Amazônia brasileira, a tartaruga-da-amazônia é a mais ameaçada por conta do consumo da carne e pelo grande interesse econômico. Apesar da existência de inúmeros projetos em conservação, da fiscalização e implantação de criadouros legais, a ameaça continua.

“Tem gente que pensa que tartaruga é para servir de comida para o homem, mas, na verdade, o lugar das tartarugas é na natureza para servir de proteína, em forma de ovos e filhotes, para outros animais (lontras, ariranhas, jacarés, pássaros e muitos peixes) que precisam dessa fonte de alimento para sobreviver”, defende o pesquisador.

A oferta autorizada de quelônios, por meio do incentivo a criadouros legais, ainda é a melhor forma de coibir a caçada indiscriminada – já que as populações mantém o hábito de consumir o animal. Em Manaus, por exemplo, é comum encontrar em restaurantes o prato a la carte de sarapatel de tartaruga que pode custar até R$ 120 aproximadamente.

Segundo o pesquisador, o comércio ilegal está dizimando a espécie. Em 1890, por exemplo, Tefé (AM) possuía a maior população de tartarugas do Brasil e, hoje, essa população, no rio Solimões, “praticamente acabou”. “Na Reserva de Mamirauá, que fica no município de Tefé, por exemplo, existem somente 25 fêmeas desovando”, afirmou.

Com informações do Inpa/MCTI.

Redação

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