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TV GGN 20H: Mil dias de destruição e a busca do tesouro da terceira via

Nassif começa o programa abordando as eleições da Alemanha, principalmente por conta da possibilidade do próximo mandatário ser mais próximo ao Lula, mas “aparentemente, há muito mais esperanças de mudanças aí do que a realidade”.

Para discutir a respeito, Nassif e Marcelo Auler conversam com o jornalista Frederico Füllgraf. “O que podemos falar do resultado eleitoral: uma grande participação, que superou os 76% – inclusive com pequeno acréscimo em relação à eleição de 2017”, diz Frederico

“O voto não é obrigatório, e isso demonstra uma grande atitude cidadã, porque me parece que a Alemanha, apesar da índole inequivocadamente democrática de Angela Merkel, estava cansada dessa gestão (…)”

“Não só dela, mas de uma gestão oligopólica do Partido Democrata Cristão, de uma economia concentracionista, de alianças com setores mais neoliberais da UE, o sistema bancário…Um certo cansaço”

“O grande vitorioso, apesar das suas derrotas históricas consecutivas nas últimas décadas, é o Partido Social-Democrático, fundado em 1875 (…)”, diz Frederico Füllgraf. “O SPD é o partido das reformas do final dos anos 60, da política da distenção política, principalmente em direção à Rússia, do perdão solicitado às vítimas do Holocausto (…) Foi o partido da humanização da política alemã”

Füllgraf lembra que o partido da esquerda (fusão histórica entre social-democratas de esquerda e sindicalistas da Alemanha Ocidental com socialistas da ex-RDA) registrou sua maior derrota. “Parece – e aí coincidem alguns analistas – uma migração de voto da esquerda para o SPD para coibir a continuidade da democracia cristã. E nesse sentido, o resultado da eleição é compreensível”, diz Frederico.

Sobre o próximo governo, “a Constituição não estipula um prazo para a formação do governo, mas um prazo para a posse do novo Parlamento – que deverão tomar seus assentos daqui 30 dias”

Em relação ao Brasil, Füllgraf diz que “esse governo que possivelmente vai se originar a partir de negociações (…) não haverá assinatura do acordo UE-Mercosul, isso aí é pacífico, por enquanto não haverá (…) Se o governo Bolsonaro continuar na sua rota de colisão com os direitos humanos, produzindo quatro mentiras por dia, promovendo um caos nas instituições internacionais (…) não haverá entendimento”, diz o jornalista alemão.

Bolsonarismo pós-07 de Setembro e a Revista Veja

O cientista político Christian Lynch conversa com Nassif e Auler sobre as últimas declarações de Jair Bolsonaro e as Forças Armadas, além da entrevista que o presidente deu à revista Veja na última semana.

Usando como referência a teoria do Estado que dizia que, na Alemanha, o Estado se autocontinha em uma espécie de ‘favor do monarca’, Lynch diz que a entrevista de Bolsonaro tem linha semelhante. “Ele (Bolsonaro) tá dizendo que poderia dar um golpe, ele não dá porque não quer. Quer dizer…”, diz Lynch.

Sobre a declaração de Bolsonaro de que os militares não vão aceitar ordens malucas dele, Christian Lynch traçou uma linha do tempo desde as manifestações de 07 de Setembro.

“Eu vi uma vantagem nesse troço, porque a gente vai ver o máximo que ele é capaz de fazer, a gente vai ver o máximo de mobilização”, diz Lynch. “Ele vai mostrar o jogo dele, tudo que ele é capaz. E a gente viu. Então, eu estava mais interessado no dia 08 do que no dia 07. E aí, no dia 08, a gente viu que foi uma catástrofe. A gente viu que ele bota menos gente na rua, ele não consegue dar um golpe, ele tem limites. E o establishment não o acompanha”, diz Christian Lynch.

“A impressão que tenho é que aconteceu o seguinte: ‘olha, você abriu a porta de Pandora do impeachment, isso é insustentável, o centrão não vai ficar com você, não tem mais como segurar o negócio a não ser que você desdiga tudo o que você fez nas últimas semanas’”, explica Christian Lynch. “Então, eu acho que teve um pacto que foi o seguinte: ‘olha, se você quer chegar até o final a gente segura você. Você vai desfazer esse troço e vai ficar bonitinho, vai fingir que é um Temer (…)'”

Ao comentarem a ojeriza ‘irracional’ que certas elites têm sobre Lula, Marcelo Auler questiona Lynch se essa mesma ojeriza chega aos militares. “Os militares não são todos iguais. Esses aí, que estão no governo Bolsonaro, já não é mais militar. Isso aí é bolsonarista, foi militar um dia aí e tenta ficar usando a figura do Exército para dar cobertura para o próprio bolsonarismo fingir que o Exército está do lado dele”, afirma Christian Lynch.

Redação

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