Coluna Econômica
O encontro de presidentes de empresas no 11o Fórum IBM permitiu um desenho da economia brasileira através dos diversos elos que a compõem: infraestrutura (Britaldo Soares, presidente da Eletropaulo), comércio varejista (Enéas Pestana, vice-presidente do Pão-de-Açúcar), banco (Luiz Carlos Trabuco Cappi, do Bradesco) e produtos de varejo Artur Noemio Grynbaum , do Boticário).
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PrimPrimeiro a falar, Trabuco negou a ameaça da bolha de dívida. Não existe a bolha, disse ele, porque a pública caiu expressivamente e a dívida privada cresceu relativamente pouco. Hoje em dia o crédito representa 46% do PIB, mas aí inclui os créditos direcionados. Especificamente o crédito ao consumo está abaixo de 30% do PIB, contra mais de 100% nos EUA.
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Com o câmbio nos níveis atuais, Grynbaum, do Boticário explica que a prioridade zero da empresa é defender o mercado interno da concorrência predatória.
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Grata surpresa foi Pestana, do Pão-de-Açúcar, apresentando raciocínios muito claros e informações interessantes sobre as mudanças no mercado de consumo. Por exemplo, o consumidor da classe C tem os mesmos hábitos da classe A/B. Apenas as quantidades consumidas são menores.
Tem havido crescimento da classe C mas também das classes A/B, todas por migração das classes de baixo. Logo as únicas classes que têm decrescido são a D e E.
Mas quando alguém da classe C migra para a Classe A/B, há necessidade de mais consumidores entrando no lugar para compensar o volume de consumo transferido.
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Ponto muito importante, que só agora começa a ser assimilado tanto pelo meio empresarial quanto pela esquerda: o consumo como fator de cidadania.
Segundo Britaldo, da Eletropaulo, de 2007 para cá o segmento de classe C pulou de 45% para 55% da energia distribuída para residências. Os de classe A/B de 18% para 21%. O que confirma a diminuição das classes D e E por migração para degraus sociais mais altos.
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Outro ponto importante é o do papel do endereço na inclusão social do consumidor. De 2004 a 2010, a Eletropaulo regularizou – ou seja, colocou medidores e passou a mandar contas de luz – 500 mil unidades de consumo, perfazendo mais de 2 milhões de pessoas.
A conta de energia, por sua vez, completa o ciclo necessário para o crédito popular, já que é o documento solicitado pelas instituições para liberar financiamentos. Cria histórico de crédito
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Trabuco chamou a atenção para a redução das diferenças regionais. Travassos, do Pão-de-Açúcar confirmou que o nordeste é o segundo mercado, crescendo muito mais que o sul.
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Sobre a questão fiscal, Trabuco lembrou que nos anos 60 ser da classe média significava não depender mais dos serviços públicos, saúde, educação.
Hoje em dia, não. Existe uma divida social clara e ninguém de classe média pode depender exclusivamente de serviços privados. Tem que se ter planos de saúde privados mas também o SUS; escolas privadas mas também ensino público de qualidade. E, para tanto, não se pode pretender uma carga tributária similar à da Índia – de 17% – que não garante sistema de saúde nem para os velhos de uma região do país.
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