Categories: Crise

O Brasil e a crise mundial

Por Marcos Doniseti

Nassif, a OCDE constatou que o Brasil é o único país que, ainda, não entrou em crise:

Notícia:

OCDE: Brasil é o único país a ‘escapar de forte desaceleração’

As perspectivas econômicas para o Brasil continuam mais positivas do que para os países ricos e outras grandes economias emergentes, como a China, Índia e Rússia, segundo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgada nesta segunda-feira em Paris. A organização prevê que o Brasil é o único dos 35 países analisados no novo Indicador Composto Avançado que não deverá registrar forte desaceleração econômica nos próximos seis meses.

“Os Indicadores Compostos Avançados em relação a novembro de 2008 sinalizam uma desaceleração profunda nas sete grandes economias mundiais e para as grandes economias que não são membros da OCDE, principalmente a China, a Índia e a Rússia”, afirma o relatório.

Já em relação ao Brasil, como havia previsto no início de dezembro passado, com dados relativos a outubro de 2008, a OCDE estima que o país deverá registrar apenas uma “leve desaceleração” de sua atividade econômica.

Queda

Apesar disso, o Indicador Composto Avançado em relação ao Brasil caiu 1,1 ponto em novembro na comparação com os dados do mês anterior e está 2,9 pontos abaixo do nível registrado há um ano.

Mas o Brasil é o único do grupo das 29 economias que integram a OCDE e os seis países não-membros da organização analisados neste último relatório que ultrapassa a barreira de 100 pontos, utilizada como referência para classificar o nível de atividade econômica dos países.

Neste novo indicador, o Brasil totaliza 101,2 pontos, enquanto os demais 34 países estão abaixo dos 100 pontos. No relatório anterior, o Brasil registrava 102,3 pontos.

Segundo a metodologia para o cáculo do índice, os países que registrarem queda, mas mantiverem o indicador acima de 100 registram “leve desaceleração”. Os que tiverem redução de atividade econômica e ficarem abaixo de 100 pontos recebem a classificação de “desaceleração”, que pode ser caracterizada como forte em função do número de pontos perdidos.

Para calcular o Indicador Composto Avançado, a OCDE leva em conta vários indicadores econômicos de curto prazo ligados ao Produto Interno Bruto (PIB), como a produção industrial, por exemplo.

Outros países

A queda de 1,1 ponto registrada pelo Brasil em novembro é, no entanto, menor que a de outras grandes economias emergentes. O Indicador Composto Avançado da China diminuiu 3,1 pontos em novembro e está 12,9 pontos abaixo do nível verificado há um ano.

http://br.invertia.com/noticias/noticia.aspx?idNoticia=200901121222_BBB_77747606&idtel=

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • Convém ressaltar esta palavra
    Convém ressaltar esta palavra no parágrafo.

    "Mas o Brasil é o único do grupo das 29 economias que integram a OCDE e os seis países não-membros da organização analisados neste último relatório que ultrapassa a barreira de 100 pontos, utilizada como referência para classificar o nível de atividade econômica dos países."

  • a OECD está atrasada pacas
    a OECD está atrasada pacas !

    A produção industrial de nov recuou -6,2% YoY e indicadores de dezembro apontam para queda de -9% YoY em dez. A tendência recente dos dados do CAGED já contrataram taxa de desemprego acima de 9,2% para o meio do ano (e olha que os jornais destacam pesquisa da FGV mostrando intenção do empresariado de demitir em jan e fev)

    Com a queda do emprego, as vendas no varejo devem recuar forte a partir de março (até lá ficarão positivas, mas desacelerando)

  • PIB crescendo acima de 1% no
    PIB crescendo acima de 1% no Brasil em 2009 parece quase impossível para quem entende de contas nacionais

  • Roberto Locatelli, coloquei o
    Roberto Locatelli, coloquei o 'ainda' porque foi justamente isso que a OCDE constatou e porque não existe, ainda, uma certeza de que o Brasil conseguirá, de fato, manter a sua trajetória de crescimento em 2009.

    A queda da produção industrial foi muito forte no último trimestre de 2008.

    Mas, ao mesmo tempo, outros dados apontam para uma recuperação da economia brasileira durante 2009, como o aumento das vendas do setor automobilístico em Dezembro (aumento de 11,54% sobre Novembro), o crescimento das vendas no Natal (de cerca de 3%), o próximo reajuste do salário mínimo em 12% (com isso, o mínimo aumentará o dobro da inflação acumulada em 2008, estimulando a demanda interna), o processo de substituição de importações devido à maxidesvalorização do Real (que, segundo estimativas, poderá chegar a US$ 34 Bilhões no setor industrial), a queda da taxa de Inflação nos últimos meses (alguns índices já mostram deflação, como o IGP-M divulgado hoje) e o mais do que certo início do processo de redução da taxa Selic neste mês de Janeiro (na qual já se fala numa redução de, pelo menos, 0,75 p.p.) e que deverá continuar durante todo o ano de 2009.

    Aliás, como o BC brasileiro ainda não iniciou o processo de redução dos juros, o Brasil também tem essa vantagem em relação aos EUA, UE e Japão, onde os juros já foram reduzidos de tal forma que não há mais como continuar com isso. Os juros reais nestas economias estão negativos. Então, não há mais como usar do instrumento de política monetária para estimular as suas economias.

    Enquanto isso, no Brasil, temos uma taxa real de juros de cerca de 7% e que, portanto, ainda pode ser substancialmente reduzida, o que irá contribuir para a retomada do crescimento econômico ainda em 2009.

    Tudo indica que o último trimestre de 2008 foi o pior momento da crise no Brasil e que o 1o. trimestre deste ano deverá ser de uma certa acomodação por parte dos empresários a fim de se verificar se, de fato, teremos o início de uma recuperação a partir do 2o. trimestre.

    Eu acredito que, em função dos dados que coloquei acima, o 2o. trimestre indicará uma retomada da economia brasileira e que o país conseguirá crescer em 2009, mas a um índice bem inferior ao de 2008, é claro. Qual será esse crescimento? creio que ninguém sabe, mas o mais importante será manter essa trajetória de crescimento num ano em que a economia mundial estará mergulhada numa significativa recessão.

    Se o Brasil conseguir crescer mesmo com a economia mundial numa situação tão ruim, então imagino o que não irá ocorrer quando ela começar a se recuperar.

    Portanto, me parece que o relatório da OCDE está correto na sua avaliação, ou seja, de que o Brasil está sendo o país menos afetado pela crise.

  • Nossa! Mais um convite ao
    Nossa! Mais um convite ao gasto!

    Saiam de casa correndo agora e ja e comprem alguma coisa --qualquer coisa-- pra celebrar!

    Sancionado!

  • Karl Zimmemman, os dados da
    Karl Zimmemman, os dados da OCDE são relativos a Outubro de 2008. Não são tão antigos, assim, não.

    A queda da produção industrial em Novembro não serve de parâmetro para os próximos meses, pois ela se deu num ambiente em que o crédito estava mais restrito do que agora e ela também aconteceu antes que o governo divulgasse medidas de estímulo econômico (redução do Imposto de Renda e dos impostos para o setor automobilístico, principalmente) e de financiamento para as empresas com dívidas no exterior. E foi a queda abrupta das vendas que levou à uma redução tão forte da produção industrial em Novembro. Com a retomada das vendas em Dezembro, é claro que os estoques das empresas foram reduzidos e, com isso, elas terão que repor os mesmos em 2009.

    Os outros fatores que citei (aumento real do salário mínimo, substituição de importações, redução da taxa Selic, etc) também irão contribuir para recuperar a atividade econômica brasileira durante 2009.

  • Nassif, mais uma notícia
    Nassif, mais uma notícia mostra que o Brasil não está tão 'mal na foto', assim, não.

    Notícia:

    Indústria automotiva espera mais falências e menos lucros

    Dirigentes da indústria automotiva mundial preveem mais falências e fusões e menos lucros nos próximos cinco anos. Saída está nos mercados dos países emergentes, com destaque para o Brasil...

    Brasil em alta

    É nos mercados emergentes de países como China, Índia e Brasil e do Leste Europeu que estão as esperanças do setor automotivo mundial. Os entrevistados disseram acreditar que esses mercados crescerão num ritmo mais elevado do que os de outras regiões.

    Achterholt lembra que, nos Estados Unidos, de cada 100 pessoas com carteira de motorista, 93 são proprietárias de um automóvel – na China, o número cai para 3. Os maiores índices de crescimento foram previstos para o Leste Europeu e para a América Latina. Entre os países do continente americano, o destaque é o Brasil, afirmam os entrevistados.

    A pesquisa da KPMG saiu na mesma semana em que a brasileira Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) divulgou um crescimento de 14,5% nas vendas de automóveis – para 2,82 milhões de unidades no ano de 2008 em comparação com 2007 no Brasil. Na produção, houve alta de 8% – para 3,21 milhões de veículos.

    Com os novos números, que são recordes, a Anfavea estima que o Brasil tenha passado de oitavo para quinto maior mercado de automóveis do mundo em 2008, atrás apenas de Estados Unidos, China, Japão e Alemanha. Como produtor, o Brasil deverá consolidar o sexto lugar, atrás de Japão, China, Estados Unidos, Alemanha e Coreia do Sul.

    http://www.dw-world.de/dw/article/0,,3936469,00.html

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