Todos nós brasileiros almejamos ver o nosso país no topo do ranking mundial, entre os países desenvolvidos, ou seja, apresentando renda per capta elevada e bem distribuída, sólidas instituições políticas e econômicas e alto índice de desenvolvimento humano (IDH). Esse índice, elaborado pelas Nações Unidas, é composto por três indicadores: expectativa de vida ao nascer, educação e renda per capta.
Todos esses países de IDH elevado são consumidores intensivos de eletricidade. O consumo per capta de eletricidade, medido em quilowatt-hora por habitante por ano (kWh/Hab/ano) desses países, varia de um para outro, sendo o menor consumo 6.000 kWh/hab/ano.
E como está o Brasil em relação a estes países? O consumo de eletricidade em nosso país é de 2.200kWh/hab/ano! Temos um longo caminho a percorrer. Observem que, mesmo dobrando o nosso consumo (para 4.400kWh/hab/ano), ainda assim não atingiríamos o menor valor deste grupo de países. Com 200 milhões de habitantes, podemos imaginar o esforço que temos pela frente para suprir as nossas necessidades de energia elétrica. Não é novidade que o suprimento de energia elétrica é um requisito essencial para o crescimento de uma nação.
Hoje o Brasil produz energia elétrica, em grande parte, com energia de origem hidráulica (80%) e outra parte (20%) gerada por usinas nucleares, usinas termelétricas a carvão, a óleo e a gás, energia eólica, e outras fontes.
Este perfil hidrelétrico tende a mudar à medida que avançamos no tempo. O poder de regularização dos reservatórios das hidrelétricas vem caindo em relação ao aumento da capacidade instalada. Isso se deve à ampliação das condicionantes ambientais que, no máximo, permitem reservatórios muito pequenos ou praticamente inexistentes, reduzindo a capacidade de geração de energia dessas usinas em período seco. As usinas que estão sendo construídas na Amazônia, Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, são exemplos de usinas com esta restrição. Dado o regime hidrológico variado dessas bacias, em que há períodos de cheia e períodos de seca durante o ano, será necessário gerar o máximo possível durante o período de cheia para poder maximizar a energia média produzida por essas usinas, uma vez que não tem como guardar essas vazões por não haver capacidade de acumulação. Isto deverá pressionar a capacidade de armazenamento existente do sistema elétrico com a ocupação dos seus reservatórios. O sistema para receber a energia proveniente dessas usinas, terá de reduzir sua geração, durante este período de cheia, o que servirá para encher esses reservatórios, ocupando-os e diminuindo sua capacidade de regularização. Este é o cenário que estamos visualizando já no horizonte do programa decenal de geração (PDE 2021).
A partir daí fica evidenciado que necessitaremos de uma grande quantidade de produção de energia elétrica na modalidade, chamada de energia de base. A energia de base é aquela energia que é produzida continuamente, sem interrupções por grandes períodos e sem dependência das condições climáticas, cada vez mais adversas com o progressivo aumento do aquecimento global. Energia eólica e energia solar são energias complementares, porém intermitentes, pois dependem da intensidade do vento e do sol.
Para produzirmos energia de base no Brasil teremos que contar com a utilização de uma ou mais das seguintes fontes: nuclear, carvão, óleo e gás. Ressalte-se que, com a evolução da ciência e da tecnologia, estas fontes têm se aprimorado cada vez mais: tanto quanto à eficiência, como à segurança e aos custos e quanto aos impactos ambientais. Não é por acaso que 82% da produção mundial de energia elétrica são de origem termelétrica, aí incluídas as usinas nucleares.
A usina nuclear é a forma mais concentrada de produção de energia elétrica que o homem já desenvolveu. Além disso, no processo produtivo, não gera gases de efeito estufa e de chuva ácida, nem cinzas ou gesso, constituindo-se numa das formas mais limpas de produção de eletricidade, conforme já salientado por vários ambientalistas e como pode ser confirmado com uma visita às usinas de Angra I e II, no litoral de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
A evolução do nosso sistema energético é desenhada sob o comando do Ministério das Minas e Energia na realização do seu planejamento energético e publicado periodicamente. A evolução do sistema energético decorrerá como consequência desses estudos. Neles são consideradas todas as formas de energia: hidrelétricas, nucleares, usinas termelétricas a carvão, a óleo e a gás, usinas eólicas, usinas solares, usinas a biomassa etc. Os resultados dos estudos levam em conta todas as características de cada usina, como seu estado atual e futuro da tecnologia, sua capacidade e forma de produção, custos, impactos ambientais etc. Todas essas informações são processadas e tratadas com modelos de otimização com o objetivo de definir os planos que garantam segurança energética, menor custo e menor impacto ambiental. Antes da sua aprovação final, são realizadas várias interações com entidades e o publico em geral, com o objetivo de aprimorar os seus resultados.
Dada a importância da opinião pública na definição do nosso sistema energético, é cada vez maior da necessidade da população bem compreender o papel das diversas fontes de energia na matriz elétrica brasileira, Por outro lado é importante ficarmos atentos às soluções mirabolantes, propagadas por pseudoambientalistas que, sem nenhum compromisso e experiência no trato de sistemas de energia elétrica, se lançam a propor soluções inexequíveis e inatingíveis, tentando confundir a opinião pública pelo simples desejo de aparecer ou contestar. Devemos ficar com a pulga atrás da orelha, pois esses que tentam iludir a opinião pública são os mesmos que desejam impedir o desenvolvimento social e econômico do Brasil.
Carlos Henrique Mariz
Assistente da Presidência da Eletronuclear
Ex-professor da Universidade Federal de Pernambuco
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