Governo Central registra maior déficit primário da história

Jornal GGN – A queda da arrecadação e a alta dos gastos com subsídios e a Previdência Social fizeram o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrar o maior déficit primário da história em outubro. De acordo com os dados divulgados pela Secretaria do Tesouro Nacional, as contas do Governo Central ficaram negativas em R$ 12,279 bilhões, o pior resultado para o mês. Em outubro de 2014, o governo tinha registrado superávit primário de R$ 4,086 bilhões. No acumulado de 2015, o déficit primário atinge R$ 33,099 bilhões, também o pior resultado para os dez primeiros meses do ano desde o início da série histórica, em 1997. No mesmo período de 2014, a conta estava negativa em R$ 11,630 bilhões.

De acordo com os dados divulgados, o resultado, comparado com o mesmo mês do ano anterior, é explicado pela elevação de R$ 11,5 bilhões nas despesas totais, conjugado com uma queda de R$ 4,9 bilhões na receita líquida total. O aumento nas despesas totais deveu-se à elevação de R$ 15,4 bilhões nos benefícios previdenciários, parcialmente compensados pela redução de R$ 3,9 bilhões nas despesas do Tesouro. A queda na receita líquida, por sua vez, é explicada por uma diminuição da receita total de R$ 2,9 bilhões, conjugada com um aumento de R$ 2 bilhões nas transferências a estados e municípios.

Comparativamente ao acumulado até outubro de 2014, também a preços correntes, houve decréscimo de R$ 21,5 bilhões no resultado primário do Governo Central, passando de um déficit de R$ 11,6 bilhões em 2014 para déficit de R$ 33,1 bilhões em 2015. Em proporção ao PIB de cada período, o resultado primário passou de -0,26% nos dez primeiros meses de 2014 para -0,69% do PIB em 2015.

Segundo o levantamento, o resultado é reflexo do aumento da Despesa Total (5,1%) em maior proporção que o crescimento da Receita Líquida Total (2,6%). Vale ressaltar que, em termos reais, a arrecadação registrou redução de 5,4%, explicada principalmente pela evolução dos indicadores macroeconômicos relevantes para arrecadação de tributos, desonerações tributárias, compensações tributárias e queda na receita de dividendos.

A queda real das despesas está sendo puxada pelos investimentos, que somaram R$ 45,851 bilhões nos dez primeiros meses do ano, queda real (descontada a inflação) de 38,6% em relação a 2014. Desse total, os gastos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) somaram R$ 32,750 bilhões, com redução real de 41,4%. Outra despesa que apresentou diminuição ao considerar a inflação foi a do funcionalismo, com queda real de 2%.

No entanto, outros tipos de gastos estão subindo em 2015, como o custeio (manutenção da máquina pública), com alta real de 0,6% em 2015 e subsídios e subvenções, com alta real de R$ 14,452 bilhões (167,4%) em relação aos dez primeiros meses de 2014, impulsionada pelos financiamentos do Programa de Sustentação do Investimento, concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo pagamento de repasses em bancos públicos que tinham ficado acumulados nos últimos anos.

As despesas da Previdência Social acumulam alta de 1,9% acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2015. Em valores absolutos, os gastos com as aposentadorias, pensões e auxílios aumentaram R$ 6,742 bilhões acima da inflação de janeiro a outubro. Segundo o Tesouro, o crescimento real deve-se ao aumento de 2,8% no número de benefícios pagos.

No início do ano, o governo tinha estipulado meta de superávit primário – economia para pagar os juros da dívida pública – em R$ 55 bilhões para o Governo Central. No entanto, as dificuldades para cortar gastos e aumentar as receitas fizeram a equipe econômica revisar a meta fiscal de 2015 para déficit primário de R$ 51,8 bilhões, que subirá para R$ 119,9 bilhões por causa do reconhecimento dos atrasos nos repasses a bancos públicos.

 

(com Agência Brasil)

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

View Comments

  • Governo não é uma empresa.

    Governo não é uma empresa. Déficits públicos só serão problemas se não existirem fontes de financiamento baratos, estáveis e de longo prazo. O orçamento mais deficiário do mundo é o da matriz do capitalismo, EUA. O interessante é que o americanófilos tupininquins alardeiam o fim do mundo acerca dos nossos déficitis e se calam quanto aos da "pátria mãe" deles. 

    O nosso histórico e grave problema é o financiamento desses déficits que em parte irão formar a dívida pública. Aí, sim, a coisa pega. Além das aviltantes taxas de juros há ainda por cima os prazos curtíssimos. Os títulos do Tesouro americano vencem em  décadas, aqui em anos. 

    Outra diferença é que lá tem um banco central que não se fixa apenas na defesa da moeda, mas e principalmente, na estabilidade do mercado de trabalho. Aqui os indicadores desse item se deteriorando e o BACEN assobiando e olhando para cima fazendo  de conta que não é com ele. 

  • Falar em defict quando se

    Falar em defict quando se sabe que país tem poupança de trilhões e ainda créditos de mais dos isso de Cuba, Venezeula, Argentina e dezenas de países africanos, soa mais como piada.

  • Os EUA fabricam mais moeda...

    O Brasil fabrica juros...

    O Brasil precisa de política economica diferente do normal, o Levy é abaixo do normal.

Recent Posts

Trump considera sanções contra países que deixem de usar dólar

Taxação cambial, tarifas e restrição a exportações estão entre punições avaliadas pela equipe do candidato…

10 horas ago

Governo federal confirma continuidade da homologação de terras indígenas

Força-tarefa composta por ministérios, Funai, AGU e Incra busca acelerar processo; quatro processos devem ser…

11 horas ago

A conexão Nuland–Budanov–Tadjique–Crocus, por Pepe Escobar

A população russa deu ao Kremlin carta branca total para exercer a punição máxima e…

12 horas ago

Elon Musk vira garoto propaganda de golpe que pagou por anúncio no X

Golpe inventa uma nova empresa de Elon Musk, a Immediate X1 Urex™, que pretende enriquecer…

12 horas ago

Governo Milei segue com intenção de lançar ações do Banco de La Nacion no mercado

Apesar da retirada da lista de privatização, governo Milei reforça intenção de fazer banco oficial…

12 horas ago

Prêmio Zayed de Sustentabilidade abre inscrições globais

Prêmio para soluções sustentáveis passa a aceitar inscrições em português; fundos de premiação chegam a…

13 horas ago