Economia

Índices de inadimplência permanecem em níveis recordes

Os números da inadimplência brasileira deixam mais clara a dificuldade das famílias brasileiras em conseguir manter o orçamento e a sobrevivência diante da escalada de preços ao longo dos últimos meses.

Pesquisa divulgada recentemente pela consultoria Serasa Experian mostra que o país contabilizava 66,6 milhões de inadimplentes, o maior patamar apurado na série histórica iniciada em 2016.

O maior volume de dívidas negativadas está no segmento de bancos e cartões, com 28,2% do total, seguido pelas contas básicas como água, luz e gás agrupadas na área de Utilities, com 22,7%, e pelos setores de varejo e financeiras, com 12,5% cada um.

Entre os Estados brasileiros, São Paulo concentra o maior número de inadimplentes (15,6 milhões), seguido pelo Rio de Janeiro (6,7 milhões), Minas Gerais (6,3 milhões), Bahia (4,1 milhões) e Paraná (3,5 milhões).

“O aumento da inadimplência é um cenário esperado, uma vez que a situação econômica do país ainda é de muita instabilidade, com a inflação, taxa de juros e os níveis de desemprego em alta”, afirma o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, em nota.

CNC: proporção de famílias endividadas sobe ante 2021

Ao mesmo tempo, a pesquisa de endividamento e inadimplência formulada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que 77,3% das famílias tinham dívidas a vencer em junho.

Apesar da queda de 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior, a proporção em relação ao mesmo período de 2021 subiu 7,6 pontos percentuais.

Segundo a CNC, a proporção de famílias com contas em atraso caiu 0,2 ponto percentual, a primeira retração desde setembro de 2021.

Entre as famílias que dizem não ter condições de pagar as contas atrasadas, o percentual foi de 10,6% – o menor desde fevereiro, e 0,2 ponto percentual abaixo do visto anteriormente.

Segundo os dados da Peic, a proporção de mulheres endividadas é de 80,1%, enquanto a de homens é de 76,5%.

No ano, entretanto, o avanço na proporção de endividados foi maior entre as mulheres (+10,5 pontos percentuais), caracterizando o público feminino como o mais endividado atualmente.

Entre os endividados, 86,6% possuem dívidas no cartão de crédito, e os consumidores com até 35 anos de idade são o grupo mais endividado no cartão de crédito (88,5%).

Fonte: CNC

Os dados da CNC destacam que 33,4% dos consumidores que precisaram atrasar contas ou dívidas não concluiu o ensino médio – o que só lhe abre oportunidades em vagas de trabalho mais precárias e de menor pagamento.

“O mercado de trabalho está absorvendo trabalhadores com menor nível de escolaridade, mas o rendimento médio achatado pela inflação elevada dificulta a organização do orçamento familiar. Além disso, o avanço recente na informalidade do emprego é outro fator que aumenta a volatilidade da renda do trabalho e atrapalha a gestão das finanças pessoais”, diz a CNC.

No recorte por faixas de renda, as famílias com mais de 10 salários mínimos de rendimentos apresentaram uma maior queda percentual no endividamento: – 0,2 ponto percentual, de 74,4% para 74,2%. Entre as famílias com menos de 10 salários mínimos, a queda foi de 0,1 ponto percentual (de 78,3% para 78,2%).

Fonte: CNC
Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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  • Considerando inicialmente que apenas depois de noventa dias de atraso se caracteriza a condição inadimplente, o fato de existir em todas as faixas de renda percentuais acima de setenta porcento de endividados, demonstra um momento agravado para uma situação habitual de tentar equilibrar as contas. Em todas as classes sociais, independente da formação há essa característica de tentativa de buscar evitar declínio nos padrões de vida, sejam altos ou deprimidos. A queda paulatina da renda geral da sociedade brasileira, englobando pessoas físicas e corporativas, compromete as capacidades do País enfrentar seus desafios e encontrar caminhos que possibilitem construir o seu crescimento. O processo de asfixia da sociedade através de endividamento, acarreta a limitação na exploração das capacidades de realização, tanto individual como das instituições privadas ou públicas. A economia é uma série de interconexões que promovem o impulso umas das outras; inversamente, quando ocorre o comprometimento dessas partes as outras são afetadas em alguma medida. Essa falta de investimento, que deveria ser contínuo, impede a evolução da sociedade, pois tudo é resultado econômico. Uma coisa puxando a outra, permitindo que a outra possa acontecer. A paralisação dessa dinâmica condiciona a forma de desenvolvimento do País, o avançando ou atrasando ainda mais em relação a outros.

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