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Mercado põe preço na crise do euro

Do Financial Times

Espanha empurrada para o centro da crise do euro

Victor Mallet em Madri e Richard Milne e David Oakley em Londres

A Espanha foi empurrada para o centro da crise da dívida da zona do euro na quinta-feira, quando investidores forçaram para cima o custo dos empréstimos feitos pelo país três dias antes de uma eleição geral que, segundo pesquisas, vai derrubar do poder o Partido Socialista.

O Tesouro espanhol emitiu 3,6 bilhões de euro em papéis que vencem em dez anos com taxa de risco média de 6,975%, a maior desde 1997 e considerada insustentável.

Em outro dia de recordes no mercado, o prêmio demandado por investidores para a dívida espanhola de 10 anos em relação aos papéis da Alemanha — uma medida da expectativa de risco — atingiu 499 pontos. O prêmio da França passou dos 200 pontos antes que compras pesadas do Banco Central Europeu relaxassem as tensões.

“Meu maior medo é que o mercado de papéis de governos da zona do euro está quebrado e vai ser impossível consertar”, disse um estrategista de crédito do Citi, Matt King.

Esta semana, mesmo países com classificação de risco AAA [a mais alta], como a França, a Holanda, a Finlândia e a Áustria viram a taxa de risco de seus papéis subir. “Atravessamos o Rubicão nesta crise”, disse Richard McGuire, estrategista do Rabobank. “Os mercados estão precificando a quebra do euro, no momento em que os países centrais sofrem”.

Os investidores não parecem ter se acalmado com a perspectiva de um novo governo espanhol para substituir o do socialista José Luis Rodríguez Zapatero, nem com a indicação de Mario Monti, ex-comissário europeu, como novo primeiro-ministro da Itália, com um ministério de tecnocratas sem mandato.

“Estamos sob cerco, mas vamos sair desta”, disse a militantes, num comício, Mariano Rajoy, líder do Partido Popular, de centro-direita, homem que se espera seja eleito primeiro-ministro depois das eleições gerais de domingo.

Num discurso no Parlamento italiano em que apresentou seus planos de reforma econômica, o sr. Monti disse que “sacrifícios” serão repartidos quando seu governo tratar de equilibrar o orçamento, o que promete fazer até 2013. Centenas de estudantes protestaram em Milão, a capital financeira da Itália, contra o que chamaram de “governo de banqueiros” do sr. Monti.

O sr. Rajoy prometeu manter os alvos de redução do déficit e implementar uma vasta gama de reformas econômicas se vencer a eleição. Criticando a crença europeia de que tecnocratas poderão resolver esta crise, ele disse  na quarta-feira que políticos, não tecnocratas, são aqueles “que fizeram as grandes coisas no curso da história”.

A Grécia também tem um tecnocrata como primeiro-ministro, Lucas Papademos. “Eu acredito em democracia e em bons políticos”, disse o sr. Rajoy.

A Hungria, por sua vez, buscou na quinta-feira o apoio do Fundo Monetário Internacional, uma mudança de 180 graus em menos de 18 meses, depois que o país se negou a aprofundar sua cooperação com o FMI.

Budapeste disse que buscaria um acordo “de segurança” que não provocaria aumento da dívida do estado. Acredita-se que o governo está em busca de uma linha de liquidez de precaução — um programa redesenhado pelo qual o FMI busca proteger países ameaçados por crises financeiras.

O forint, que tem estado sob forte pressão em dias recentes, imediatamente subiu mais de 2% contra o euro e as ações húngaras subiram 4%.

Luis Nassif

Luis Nassif

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