Categories: Economia

Os fundos de pensão se as grandes obras

Com nova diretoria, Previ vai ampliar investimentos em infraestrutura

Outros fundos de pensão de empresas estatais também estão investindo cada vez mais em grandes obras, como a Petros e a Funcef

Irany Tereza, Mônica Ciarelli – O Estado de S.Paulo
RIO

O mais poderoso fundo de pensão do País, a Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, que movimenta investimentos de R$ 142,4 bilhões, iniciou ontem uma nova fase, com a posse de 27 novos diretores e conselheiros. O foco agora é aumentar investimentos em infraestrutura, o setor que vem aglutinando esforços do governo em torno de projetos de grandes obras.
“Não vamos investir em alguma coisa que não seja produtiva ou que não dê rentabilidade para a Previ. Mas, evidente que aquilo que for importante para o País, por que não apoiar?”, diz Ricardo Flores, que deixou a vice-presidência de Crédito do Banco do Brasil para assumir a presidência do fundo, uma vitória do presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine.
Bendine, que em abril do ano passado tomou posse no Banco do Brasil trocando seis diretores, também utilizou a cota de três indicações na Previ.
Outros dois diretores em fim de mandato foram substituídos numa eleição. Ganhou a chapa apoiada por Sérgio Rosa, que deixou ontem a presidência do fundo. O sexto diretor, José Ricardo Sasseron, ainda está em exercício do mandato para o qual foi eleito.

Negociação. A nova diretoria vai encontrar, de saída, uma negociação em andamento: a fusão entre a distribuidora paulista de energia CPFL e a Neoenergia, que controla distribuidoras no Nordeste, ambas com participação da Previ. O Grupo Camargo Correa, um dos controladores da CPFL, tem interesse em comprar a Neoenergia, um ativo calculado, conservadoramente, pela Previ, em R$ 16 bilhões. A negociação está em curso, mas, segundo fontes, com algumas exigências impostas pelo fundo.
Flores não comenta os negócios em andamento. “Ainda estamos nos inteirando das questões técnicas na Previ”, desconversa. Mas, disse ver com tranquilidade a defesa feita pela pré-candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, do uso dos fundos de pensão nos projetos de infraestrutura, alegando que a Previ é “blindada” contra ingerências políticas.
Ele também não confirmou uma eventual saída de Sérgio Rosa da presidência do conselho de administração da Vale, uma das principais controladas da Previ. Os conselheiros da mineradora têm mandato até 2011. “Existe um mandato e existe um conselheiro, que aqui (Previ) e lá (Vale) fez um bom trabalho”, disse, elogiando o antecessor.
O foco em infraestrutura não é exclusividade da Previ. Recentemente, a Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica Federal, anunciou a criação da Cevix, em parceria com uma empresa do grupo Engevix, para investimentos em infraestrutura. O fundo alocou R$ 260 milhões de reais na Cevix para investir em empreendimentos de geração de energia.”Não é novidade investir em infraestrutura. É um momento muito favorável”, diz Guilherme Lacerda, presidente da Funcef. Juntos, Previ, Funcef e Petros (Petrobrás) acumulam investimentos de R$ 227 bilhões (dados de dezembro de 2009), quase metade dos R$ 492,1 bilhões de todas as 276 entidades de previdência complementar. O dinheiro movimentado pela Previ, sozinha, corresponde à quarta parte do total do bolo.

Petros também tem mirado em infraestrutura, Com a Funcef entrou no leilão da hidrelétrica de Belo Monte e estuda o projeto do trem-bala pela Invepar, uma sociedade com Funcef, Previ e OAS.

Luis Nassif

Luis Nassif

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