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Para IEDI, dificilmente indústria vai reverter ritmo de queda apurado no semestre

Jornal GGN – A indústria não deve voltar a ter um ano muito favorável, conforme sinalizações do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). Para a entidade, o segundo semestre também deve apresentar perda no ritmo de produção.

“Tudo indica que a indústria brasileira fechará 2014 com retração de sua produção, com implicações sobre o PIB nacional. Mais uma vez, os números da indústria levam a novas revisões das projeções do comportamento da economia brasileira. Mais uma vez, essas revisões serão feitas para baixo”, diz a entidade.

Tal prognóstico ganhou força depois da divulgação dos números setoriais. A variação em junho (queda de -1,4%, segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) foi a quarta negativa consecutiva e, com relação a igual mês do ano anterior, a perda chegou a 6,9% – também a quarta nesse tipo de comparação.

Na avaliação da indústria em termos regionais, os números de junho mostram que o setor “passou por um de seus piores momentos”, na visão da entidade – a produção industrial recuou em onze dos catorze locais pesquisados pelo IBGE em todo o País – ao se considerar junho com relação a maio, na série com ajuste sazonal.

E as quedas de produção em junho foram, de modo geral, elevadas e, em alguns casos, elevadíssimas. A entidade diz que a Copa do Mundo chegou a influenciar parcialmente os dados divulgados. Em termos gerais, o setor de produtos da linha marrom (televisores, aparelhos de som, rádios etc.) cresceu em junho e fechou o primeiro semestre com crescimento expressivo de 20,2%. “Por outro lado, os dias que não foram trabalhados por conta dos jogos da Copa colaboraram para jogar mais para baixo os números da indústria brasileira. O fato é que os efeitos negativos se sobrepuseram, já que há um movimento generalizado de queda da produção na indústria”, diz o IEDI.

Em relatório, a entidade afirma que os dias não trabalhados por ocasião dos jogos “colaboraram para jogar mais para baixo os números da indústria” pois a Copa não foi o único fator que determinou os resultados muito ruins da produção industrial em junho. Fatores como estoques acumulados, menor confiança de empresários e de consumidores tiveram papel importante aí. Aliás, esses são os fatores que prevalecem ao se explicar a evolução desfavorável (já não tão recente) da indústria brasileira – ao lado das dificuldades de competir com seus produtos seja no mercado doméstico, seja nos mercados internacionais de bens manufaturados. Além disso, a Argentina – considerada o principal mercado da América do Sul para os produtos industriais brasileiros – não tem passado por um bom momento.

O IEDI também destaca que as expectativas menos otimistas de empresários e de consumidores têm afetado, em grande medida, os setores de bens de capital (cuja produção, segundo os números do IBGE, caiu 8,3% no primeiro semestre deste ano) e de bens duráveis (–8,6% no mesmo período). “O aumento da taxa de juros e a menor propensão dos bancos privados em ofertar crédito também têm contribuído para o desempenho negativo desse último setor, ou seja, o de bens duráveis”, diz o instituto.

Ao se considerar também a retração das importações de bens de capital observada neste ano, a entidade acredita que o quadro geral sugere que os investimentos da economia brasileira estão recuando – “vale dizer que, por si só, a queda da produção nacional de bens de capital não significaria necessariamente que os investimentos estariam recuando, pois poderia estar ocorrendo um processo de substituição do bem de capital produzido domesticamente pelo bem de capital produzido no exterior”.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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