Educação

Aumentou 1 milhão de crianças que não sabem ler e escrever no governo Bolsonaro

Aumentou em 1 milhão o número de crianças de 6 e 7 anos que não sabem ler e escrever no governo de Jair Bolsonaro. Trata-se do balanço dos anos de 2019 até 2021.

No começo de 2019, quando Bolsonaro assumiu a Presidência, 1,4 milhão de crianças nessa idade não sabiam ler nem escrever. No ano passado, esse número saltou para 2,4 milhões.

Foi um aumento de 66,3% no número de crianças não-alfabetizadas, em idade que pelo cronograma educacional detêm conhecimentos de leitura e escrita. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece a alfabetização como o objetivo principal nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental.

Os números constam de documento divulgado nesta terça (08), pelo Todos Pela Educação, que comparou os relatórios Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2012 a 2021.

O objetivo da análise era verificar os impactos da pandemia na educação de crianças brasileiras. Entretanto, os números e períodos mostram que o aumento de crianças analfabetas ocorreu antes mesmo do início da Covid-19 no país, já no primeiro ano de mandato de Bolsonaro, conforme se verifica no gráfico:

Além disso, em também padrões da realidade brasileira, é possível constatar que as crianças que mais sofreram foram pretas e pobres.

Crianças pretas tiveram um aumento de quase 20 pontos percentuais na falta de alfabetização, passando de 28,8% em 2019 para 47,4% em 2021. Na outra ponta, o aumento da não-alfabetização de crianças brancas foi de 20,3% para 35,1%.

Somente 16,6% das crianças ricas não sabiam ler e escrever no ano passado, enquanto que para as crianças pobres, foram mais da metade: 51%.

“A situação é preocupante em diversas dimensões, como é o caso da alfabetização de crianças, estudada nesta nota técnica. As informações reportadas pelos respondentes da pesquisa do IBGE (Pnad Contínua), que mostram um aumento expressivo no número de crianças brasileiras não-alfabetizadas, com impacto mais grave entre alunos negros e mais pobres, corroboram o que têm mostrado as avaliações de aprendizagem que Estados e Municípios vêm aplicando em seus estudantes”, traz a nota técnica.

Apesar de relacionar os níveis atuais trágicos da educação de crianças à pandemia, o relatório da Todos Pela Educação destaca a obrigação do Estado para modificar este cenário: “As ações presentes e futuras do Poder Público – nas esferas municipais, estaduais e federal – são fundamentais para a mitigação de tantos efeitos negativos.”

Leia o relatório completo aqui.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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