Economia de guerra: Educação contra a Pandemia, por Rafael Alves

Economia de guerra: Educação contra a Pandemia, por Rafael Alves

Considerando o que o Jornal GGN está chamando de “Economia de Guerra” contra o novo Coronavírus, lembrando o ensaio “A mobilização total” de Ernst Jünger (1895 – 1998), em que o autor trata do processo simétrico de engajamento do mundo do trabalho e do mundo da guerra, ou seja, como a massa que se formou nos centros urbanos no início do século XX foi mobilizada nos anos de guerra, com o trabalho e energia canalizados para a produção e distribuição de produtos e mantimentos ligados à guerra. Ou melhor, tendo a Primeira Guerra mundial levado a carnificina, a escassez e outras mazelas à população em geral e não apenas aos soldados nos campos de batalha, todos estavam engajados na guerra, de um modo ou de outro. Para cada exército de soldados, havia um exército de trabalhadores.

 

“A possibilidade de tais ameaças, porém, não pressupõe uma mobilização, nem parcial, nem geral, mas total, que se estende ela mesma até a criança de berço, a qual está ameaçada como todo mundo, aliás, ainda mais fortemente.”

(JUNGER, Ernst. A mobilização total. Nat. hum., São Paulo, v. 4, n. 1, jun. 2002. p. 198.)

Assim, a educação deve estar, neste momento, igualmente engajada na mobilização total, na economia de guerra contra o vírus.

As informações mudam muito rapidamente e, infelizmente, mesmo em grupos de professores está sendo comum receber mensagens pretensamente confiáveis indicando soluções não confirmadas ou mesmo sem nenhum lastro científico, como tomar goles d’água com frequência para que o vírus seja engolido e morto no estômago, ou o consumo de bebidas quentes já que o mesmo não suporta o calor.

Os educadores podem estabelecer redes com seus alunos, produzir material informativo de qualidade, filtrar e compartilhar informação. As comunidades das instituições de ensino precisam estar em contato à distância, suportando os estudantes e seus familiares no processo de confinamento.

Evidentemente deve-se levar em consideração a alteração de rotina dos profissionais da educação que também precisam cuidar de seus filhos em casa, ou dar suporte a idosos, além de outras complicações compartilhadas por todos os trabalhadores. Mas aqueles que puderem contribuir, com certeza encontrarão formas e serão de grande ajuda nesta mobilização.

Além dos docentes, há nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e diversos profissionais que farão grande diferença na manutenção do vínculo dos estudantes, no suporte aos familiares, monitorando situações de vulnerabilidade e propondo ações.

Compartilho uma mensagem que enviei às minhas alunas e alunos do Instituto Federal de São Paulo. Apesar da falta de experiência com a produção deste tipo de material, é uma tentativa de passar informações, de estabelecer uma rede de solidariedade, e pensarmos juntos formas de atuação.

 

 

As instituições de Educação Profissional e Tecnológica podem ainda contribuir de muitas maneiras, como a disponibilização de espaço físico, equipamentos, veículos, etc. Instituições com profissionais das mais diversas áreas do conhecimento podem, com certeza, contribuir para aliviar o sofrimento neste momento, desde que a energia de seus servidores e os esforços institucionais sejam canalizados para isso.

Como exemplo, o IFSULDEMINAS passou a produzir álcool em gel a partir de bebidas alcoólicas apreendidas pela Receita Federal, produto que também teve produção iniciada em cinco campi do IFRJ.

A Rede Federal de ensino – universidades, institutos federais – atacada nos últimos tempos por aqueles que deveriam promovê-la, contribuirá muito para mitigar o problema, na medida em que direcionar seus esforços em Ensino, Pesquisa e Extensão para o combate à Pandemia, para o suporte inicialmente à sua comunidade acadêmica e, em consequência, à comunidade em geral.

Redação

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