A aposta de Aécio no antipetismo

Jornal GGN – A BBC Brasil ouviu especialistas a respeito da derrota de Aécio Neves por tão estreita margem na eleição para a presidência. Esse foi o melhor resultado do PSDB nos últimos 12 anos, mas não foi suficiente. Para os cientistas políticos, a aposta no antipetismo foi arriscada, pois não trazia votos exatamente nele, tanto quanto contra Dilma e o PT, e aumentava sua rejeição.

Aécio fez ‘aposta arriscada’ no antipetismo

Por Rafael Barrifouse e João Fellet

Da BBC Brasil

A derrota de Aécio Neves (PSDB) por uma estreita margem na eleição para presidente indica o fracasso de uma estratégia arriscada, em que o ex-governador de Minas Gerais construiu alianças e apostou no sentimento antipetista presente em vários setores da sociedade brasileira, dizem analistas ouvidos pela BBC Brasil.

Por outro lado, apesar da derrota, o resultado da eleição representa, ainda assim, um triunfo para os tucanos. Esse foi o melhor resultado do PSDB em eleições presidenciais desde a saída do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

A aposta de Aécio no antipetismo“Era uma aposta arriscada porque tinha que ver se o antipetismo ia crescer, já que, ao mesmo tempo, juntamente com esta aposta, crescia a rejeição a Aécio. Era tudo ou nada”, disse à BBC Brasil Wilson Gomes, cientista político da UFBA.

“A questão era saber se esta força era maior do que o petismo ou não. As pessoas não estão votando propriamente em Aécio, mas ele aceitou ser a referência deste sentimento”, opina.

Ricardo Ismael, cientista político da PUC do Rio de Janeiro, concorda: “Ele mobilizou o eleitorado que está cansado e tem uma grande rejeição ao PT, o que é natural pelo desgaste que traz todo governo. Ele capitalizou um pouco esse voto, um voto antipetista e antidilma”.

Articulação, economia e debates

Outro elemento destacado pelos analistas na estratégia aecista foi a capacidade de articulação política do ex-governador, que criou uma base ampla de apoio contra Dilma.

Aécio, que chegou a figurar em terceiro nas pesquisas durante o primeiro turno, conseguiu reverter a situação e no segundo turno passou a contar com apoios de peso, como o da ex-candidata Marina Silva – que chegou a ameaçar Dilma –, do PSB, o partido de Marina, e de políticos com destaque nos Estados.

“Ele fez uma situação de bastidores excelente. Construiu alianças excelentes, como no Rio, com o (governador eleito Luiz Fernando Pezão), que formalmente apoiava a Dilma, mas jogava pelo Aécio também. A sua articulação de bastidores foi muito forte”, diz Carlos Pereira, cientista político da FGV do Rio de Janeiro.

“Ele construiu um ótimo suporte político nacional, com palanques fortes. Ele também conseguiu unificar o partido em São Paulo, o que era raro. Ele mostrou resiliência, mesmo em situações em que ele era considerado carta fora do trabalho. Teve muita capacidade de acreditar em si mesmo.”

“Além disso, fez discurso muito forte no que diz respeito ao resgate do equilíbrio macroeconômico para colocar o Brasil na rota do crescimento e assumiu compromissos críveis de manutenção do pacote de proteção.”

Ricardo Ismael destaca que, no trabalho de articulação, Aécio foi beneficiado pela força da máquina partidária, que “lhe deu uma vantagem maior” para conseguir apoio dos eleitores no Sudeste, a fim de compensar uma derrota no Nordeste.

“Ele também se saiu bem nos debates, que é um momento de comparação e muita gente gosta de decidir por isso.”

Lulismo

Apesar de elogiada pelos analistas, a estratégia de Aécio não foi capaz de vencer a força do projeto político lançado pelo PT na chegada de Luiz Inácio da Silva ao governo, em 2003: o Lulismo.

A vitória de Dilma voltou a evidenciar as falhas tectônicas que já vem se tornando tradicionais na política brasileira. A petista ganhou no Nordeste e no Norte, onde as políticas sociais do governo garantem sua popularidade especialmente em meio à parcela mais pobre da população. Por outro lado, Aécio venceu no Sudeste e no Sul, e isso não foi suficiente para lhe garantir a Presidência.

Além disso, a petista voltou a vencer com folga entre a população com menor faixa de renda, mas a vantagem não foi suficiente para compensar a superioridade de Aécio nos demais grupos.

O Lulismo, segundo artigo do sociólogo da USP Fábio Cardoso Keinert, atualizou um modelo político em voga no Brasil desde o começo do século passado: a crença de que a mudança do país dependia da conciliação entre correntes ideológicas distintas e que caberia ao Estado agir com “benevolência” para sanar os problemas sociais.

A novidade do Lulismo em relação a correntes anteriores, diz Keinert, foi sustentar-se na massa de indivíduos que viram suas vidas melhorares com programas sociais de Lula, como o Bolsa Família. As reformas se deram, contudo, sem a mobilização dessa “vasta camada de subproletários”, baseada sobretudo no Nordeste, diz o sociólogo.

A adesão desses eleitores mais do que compensou a perda de apoiadores históricos do PT, em sua maioria grupos escolarizados do Sudeste, que abandonaram a sigla após sua guinada ao centro e aos escândalos de corrupção nas administrações petistas.

Em 2010, a vitória de Dilma Rousseff mostrou que, embora dependesse de Lula, o movimento poderia ganhar eleições sem que ele estivesse pessoalmente na chapa.

Dilma manteve os padrões de votação da reeleição de Lula, tendo contado com expressivo apoio entre os brasileiros mais pobres.

Redação

Redação

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  • Agradecimentos

    Agradecimentos necessários.....

    Primeiramente a Dilma e o PT precisam fazer os sinceros agradecimentos aos maiores militantes e cabo-eleitorais desta disputa acirrada:

    1 - Agradecer veemente a ajuda extraordinária de FHC, que prestou bom serviços à causa da esquerda, ao achincalhar com os eleitores da Dilma no primeiro turno, como se fosse privilégio dos PT (Paulistas Trouxas) de saberem votar. E nem se deu conta que paulista foram vitimas do maior estelionato eleitoral (prática comum do PSDB) repetido desta vez pelo governador de SP. Se tivesse seguido um velho dito popular (em boca fechada não entra mosquito) teria prestado o melhor serviço que poderia prestar a seu candidato, uma vez que carregá-lo para o palanque e para os programas de TV é um fardo muito grande para qualquer candidato (consulte o Serra, o Alckimin e novamente o Serra). Muito, mas muito obrigado mesmo. 

    2- Agradecer em segundo lugar, mas não menos importante, ao governador de SP Geraldo Alckimin, que ao se apequenar diante da sua responsablidade e não agir de acordo com o que se espera de um governante e lider, resolveu, sabe-se lá por qual moitivo (além do evidente medo de perder a eleição), esconder a verdadeira situação da crise hidrica de SP, jogando todas as suas fichas na Fé e na crença que talvez chovesse suficientemente após o primeiro turno, de forma a não lhe atrapalhar nos seus planos de ser eleito e tão pouco o candidato que viesse a enfrentar Dilma no segunto turno (Marina ou Aécio). Sabe nada coitado ... se tivesse tido coragem de tomar as providências que precisava não só teria saído maior como teria ajudado seu correligionários. Muito, mas muito obrigado mesmo.

    3 - Em terceiro lugar agradecer ao enorme telhado de vidro que Aécio tem. e  o enorme arsenal vazio de idéias que dispõe. Aécio era o candidato do argumento único: corrupção na petrobras, corrupção na petrobras, corrupção na petrobras, corrupção na petrobras, corrupção na petrobras, corrupção na petrobras, corrupção na petrobras, corrupção na petrobras, corrupção na petrobras, corrupção na petrobras, corrupção na petrobras, corrupção na petrobras ... mas fora isto não apresentou uma só idéia, um só projeto. Só sabia falar de corrupção (esquecendo todos os casos não esclarecidos, todos os casos não investigados, todo os casos varridos para debaixo do tapete, envolvendo seu nome, envolvendo outros caciques do PSDB, e todo o governo FHC) ou que iria continuar tudo o que DILMA e LULA construíram. Sinto muito playboy, é muito pouco para querer assumir cargo tão importante quanto o da presidência da República. Muito, mas muito obrigado mesmo.

    assinado Um PETISTA FELIZ!!!!!!!

    • Sugiro que o PT agradeça

      Sugiro que o PT agradeça também aos jornalistas do PIG e ao Instituto Millenium que contribuiram grandemente para a vitória de Dilma ao exagerarem absurdamente nas críticas a todas as ações do governo sem jamais reconhecer qualquer acerto (enquanto o próprio Aécio jurava que ia dar prosseguimento a todos os programas do governo), deixando bem claro para a maioria que tudo o que falavam e escreviam era um grande e cínico embuste.

  • Pimenta (el)

    Essa é de rolar de rir.

    Lá na News chegaram cogitar que os mineiros podem ter confundido o Pimentel com o Pimenta.

    rssrsrsrsrsrsrss...

    ai num guento mais de tanto rir.

     

  • Minha opinião sobre o tucanato e seguidores

    Após o Aécio se estrepar é fraude?

     

    Estamos no Brasil e aqui o discurso liberal em economia enfraquece politicamente o seu autor. Não adianta dizer que o mercado é uma maravilha, que os problemas serão resolvidos pelos investidores, muito menos enfiar um especulador gaiato debaixo do braço como se fosse um compromisso com a modernização e o futuro.

    Após a derrota não adianta chorar fraude quando o resultado não confirma a sua visão do mundo. Aconteceu porque você desconhece a sociedade onde vive. Parentes, amigos e vizinhos não são a totalidade dos votantes. A ignorância alimentando a incompetência é receita certa para o fracasso. O resultado depende de prévia combinação com a maioria dos eleitores! Enquanto o candidato não esquerdista, o que não é o caso do Aécio, não fizer isto não terá sucesso.

    O discurso direcionado às classe alta e média tradicional, como se existisse o voto censitário, é coisa de quem ainda acredita nos formadores de opinião. Aqueles que por seus supostos níveis elevados induziriam os pobres que estão ao seu redor.

    O único debate de idéias que pode se eleitoralmente válido é o dos valores culturais e morais. O econômico já foi decidido nos anos Vargas. 

    •   Costumo discordar de você -

        Costumo discordar de você - e do seu último parágrafo, haja vista a década de 90 e o seu surrado "não há alternativa". Ainda assim, belo texto. Meus parabéns.

  • Uma coisa fica clara: bastou

    Uma coisa fica clara: bastou quinze minutos diários na televisão, por quinze dias, no primeiro turno, para desmontar a narrativa midiática de anos, 24h por dia. No segundo turno, a mesma coisa. Mostra a enorme fragilidade da narrativa midiática, quando testada em um confronto direto. Por isso, independentemente da aprovação de um necessário marco regulatório para a democratização da mídia, é preciso que o PT e o governo compreendam a importância de uma boa comunicação no debate político cotidiano.

  • A análise do sociólogo da USP

    A análise do sociólogo da USP Fábio Cardoso Keinert, quando tenta explicar o voto na continuidade, deixa de considerar um aspecto importantíssimo: ainda que o eleitorado maciço do PT esteja entre os pobres, que viram sua condição de vida melhorar a partir da assunção desse partido ao governo federal, há entre os eleitores de maior nível cultural uma parcela considerável que apoia o PT. Creio que essa parcela, embora minoria no aspecto sócio-econômico, é maioria quando considerada o nível de intelectualidade. Em outras palavras, o rico e o remediado sem refinamento cultural tendem a apoiar o antipetismo, enquanto o rico e o remediado que o possuem inclinam-se a apoiar o PT, mesmo com ressalvas, por compreender a importância social de atuação do partido. Por outro lado, ainda que minoria na classes mais altas, esse eleitorado mais intelectualizado é absolutamente mais militante do que os antipetistas e utiliza argumentos mais racionais, enquanto os demais apresentam um discurso divisionista e preconceituoso, mais esbravejador contra o PT do que propriamente a favor do lado que apoiam. Tal aspecto é visível inclusive em relação aos intelectuais e artistas que apoiaram um e outro. Chico Buarque de um lado, com Lobão do outro. Leonardo Boff aqui e Malafaia lá. Uma militância mais participativa e argumentativa em favor do PT foi capaz de agitar a rede e provocar mudanças inclusive no tom cauteloso adotado pelo Jornal Nacional um dia antes da eleição. Isso é algo que sempre deve ser considerado nas análises. O tom raivoso do antipetismo aparentemente despertou os militantes do PT de seu sono utópico, recolocando-os em sua trajetória histórica de frenética atuação.

  • Por Cynara Menezes
    PT derrota a elite (e sua imprensa)Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena: O PT não é um partido perfeito, longe disso. O PT cometeu erros. Mas, se fosse derrotada hoje, Dilma Rousseff o seria pelos acertos do PT. Não pelos erros. A elite brasileira e a imprensa que a representa odeiam o PT não porque o partido esteve envolvido em denúncias de corrupção ou porque o Brasil “vai mal” economicamente. Eles odeiam o PT porque não concordam com seu projeto para o País. Querem outro, o seu. A elite brasileira e a imprensa que a representa odeiam, em primeiro lugar, Lula. Não porque Lula despreza as famílias que são donas dos meios de comunicação. É o contrário: Lula despreza as famílias que são donas dos meios de comunicação porque sempre foi maltratado por seus jornais, TVs e revistas, porque foi vítima de seu enorme preconceito de classe. A elite e a imprensa que a representa não suportam que não seja um dos seus que esteja à frente do poder no Brasil. Dilma achou que podia seduzir a imprensa, atraí-la para seu lado. Doce ilusão. Foi um dos maiores erros do primeiro mandato e espero que corrija no segundo. Dilma, a imprensa jamais a apoiará, simplesmente porque o projeto que você defende é considerado –pela elite e pela imprensa que ela representa– arcaico, anacrônico, ultrapassado. Presidenta, ouça o que eu digo: você só teria a mídia a seu favor se rompesse com Lula. Lembre-se das cizânias entre vocês que a imprensa semeou durante os últimos quatro anos. Você vai ver como será a partir de agora: mal foi consagrada sua vitória e já tem gente na mídia falando em impeachment. Os jornais brasileiros nunca trataram o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, que fez um governo pífio, muito aquém do governo Lula em resultados sociais e, inclusive, econômicos, como tratam o ex-operário Lula. A revista Veja, braço armado da oposição no Brasil, usou a palavra “apedeuta” (analfabeto, ignorante) mais de 2 mil vezes para se referir ao ex-presidente em seu site nos últimos anos. Veja fez mais de uma dezena de capas contra Lula –a última delas esta semana, em mais uma acusação sem provas. O filho de Lula é alvo de boatos e notícias falsas desde que a revista Veja o colocou como destaque de uma de suas edições. Repare que nunca foi questionada pela revista, por exemplo, qual a fonte de renda do filho de FHC, Paulo Henrique. A Folha de S.Paulo, por sua vez, teve o desplante de publicar um artigo em que um ex-petista ressentido acusava Lula de nada mais nada menos que tentar estuprar um rapaz. A imprensa estrangeira, que pagou mico e fez mea culpa por ter copiado o terrorismo da mídia nativa em relação aos preparativos da Copa (em vez de praticar jornalismo), precisa saber dessas coisas, mostrar ao mundo que no Brasil a verdadeira oposição ao PT vem da imprensa. Não foi o PT quem jogou “pobres contra ricos”, “negros contra brancos”. É a imprensa quem tenta jogar pobres e ricos, negros e brancos contra o PT. Não foi Lula quem criou esta divisão no Brasil ou no mundo. Ela sempre existiu –e é alimentada pela elite e pela imprensa que a representa. O PT nada mais fez que mostrar que essas diferenças estão aí e estabelecer estratégias para diminui-las. Isto é uma qualidade do PT, mas, para a imprensa, é um defeito. O Brasil não está dividido, ele É dividido. Como disse uma leitora no Facebook: só que um dos lados também passou a ter voz. Hoje Dilma foi reeleita contra toda a mídia brasileira. Foi reeleita com o voto de gente sofrida, dos brasileiros de todas as regiões que mais precisam da ajuda do governo, e também com os votos de brasileiros que não precisam de ajuda alguma, mas que não votam pensando só em si. Votam pensando em um Brasil mais inclusivo e menos desigual. Votamos no PT porque o projeto do partido é o que mais contempla nossa sede de justiça social. Não nos sentimos representados pelo projeto de País que a imprensa brasileira tenta nos impingir, nos empurrar goela abaixo junto com o candidato da vez. A responsabilidade do PT e de Dilma é imensa agora. É preciso, como sempre, governar para todos, mas é preciso ter um olhar especial para os desejos dos que tornaram realidade esta reeleição. Vá em frente, Dilma. Vá em frente, PT. Pisem fundo. Seu projeto de Brasil é o que queremos. Não o da imprensa.  

    • Discordo da jornalista. Lula,

      Discordo da jornalista. Lula, espertalhão que é, sempre usou o "nós contra eles", para posar de defensor dos fracos. Vivia (e vive) falando mal de uma suposta elite, enquanto ele próprio, na verdade, faz parte da elite econômica e política do país.

      O PT tenta fazer-nos passar por pascácios, ao dizer, ou insinuar, que políticas de inclusão são exclusividade sua. Ora, todos os partidos, em princípio, querem o bem do país e dos brasileiros. Essa conversa de que uma "elite" preconceituosa não quer que os menos favorecidos evoluam é uma infâmia. Preconceito contra qualquer coisa pode existir dentro da cabeça de pessoas, sejam petistas ou tucanos ou indígenas, o que não existe é preconceito institucional, que o PT tenta impingir a seus adversários.

      Além disso, a jornalista é profundamente infeliz ao afirmar que Dilma foi reeleita também com votos de "brasileiros que não precisam de ajuda alguma, mas que não votam pensando só em si". Assim dizendo, ela qualifica os que "precisam de alguma ajuda" como meros interesseiros, e os demais como desprezíveis egoístas. Com certeza no Céu só restará Cynara para bater papo com São Pedro.

  • Ué! Mas quem Ganhou a

    Ué! Mas quem Ganhou a eleição? Não foi a Dilma? Pensei que tinha sido ela! Contra praticamente todos os outros podres poderes. Me enganei, desculpe.

  • Caro Nassife  demais
    Aécio em

    Caro Nassife  demais

    Aécio em sua ânsia de poder, se apegou a determinados grupo,que vociferam contra o PT  e contra os nordestinos, trabalhado pela mídia, de forma consistente, nos 12 últimos anos.

    Sabia ele sim, dessas forças, torná-lo inocente, é tripudiar na cabeças do povo.

    Wall Street, e todas as forças reacionárias quinhentistas, usou ele, como usaria qualquer um outro.

    Os mesmos que pregava no passado, o não fim da escravidão, hoje se urilizam desse recusro contra os nordestinos.Em ambos os casos predomina o setor financeiro de exploração.

    O Brasil não está dividido por regiões, isso eles querem que acreditemos, o Brasil está dividido pela Casa Grande e o povo.

    Saudações

     

     

  • "Apesar de elogiada pelos

    "Apesar de elogiada pelos analistas, a estratégia de Aécio não foi capaz de vencer a força do projeto político lançado pelo PT na chegada de Luiz Inácio da Silva ao governo, em 2003: o Lulismo."

    Parei de ler aqui.

    "Lulismo" é uma invenção da direita. O PT nunca lançou um "projeto político" chamado "lulismo"; isso é uma inverdade. E uma inverdade profundamente estúpida. A direita se auto-engana ao propalar e repetir, contra toda a evidência dos fatos, que a força eleitoral do PT se baseia no carisma pessoal de Lula. E perde eleições por se enganar assim. Fomenta, em desespero, falsos movimentos, para "demonstrar" que se trata de um mero projeto pessoal de Lula. Ecoaram à exaustão, a sua própria invencionice de um "terceiro mandato" para Lula em 2010. Exultaram quando Dilma foi lançada candidata: sem o carisma pessoal de Lula, não havia como Serra perder a eleição. Exultaram de novo quando Dilma adoeceu: "provava" que se tratava de uma manobra para, com base na emoção, viabilizar a volta de Lula como candidato.

    Em 2014, fomentaram o que puderam o "volta Lula", que atribuíram, ao sabor do momento, a "correntes internas do PT" ou à vontade do próprio Lula, ou a "atritos" entre este e Dilma.

    É tudo vento, tudo vazio, tudo besteira. Não dá para negar o fascínio pessoal de Lula, nem sua extraordinária oratória, nem o simbolismo da sua longa e sólida trajetória política. Mas o PT não é um partido "carismático": é uma máquina política sólida - às vezes sólida demais - e poderosa, capaz de façanhas como a eleição de Haddad ou Rui Costa; e muito menos sujeita a rivalidades regionais como as que prejudicam tão evidentemente o PSDB.

    Ao se recusar a enxergar esses fatos, a direita brasileira erra grosseiramente, sujeitando-se a ser derrotada "por um poste", não uma, mas várias vezes, e, de forma absolutamente imbecil, promove ela mesma seus adversários, atribuindo-lhes virtudes e energias sobre-humanas.

    E agora inventam, sem nenhum pudor, um movimento chamado "lulismo", que teria sido "lançado pelo PT em 2003". Cadê a convenção, ou reunião da Executiva ou Diretório Nacional do PT que lançou o "lulismo"? Simplesmente não existe.

    Não sei se rio ou se choro, e não sei se torço para que a direita brasileira continue assim (é mais fácil ganhar desse jeito) ou se torço para que mude, em prol de um debate menos rastaquera e desqualificado.

    Haja!

    • Perfeito, Donadio. Estamos

      Perfeito, Donadio. Estamos num ambiente intelectual de tal modo rasteiro que impregnou até os que deveriam ser os porta-vozes da sensatez. Toda discussão é ancorada em chavões e lugares-comum. De fato, cansa...

    • O Andre Singer definiu muito

      O Andre Singer definiu muito bem o que seria o "lulismo". Isto não é uma "invenção" da direita...

      • E onde é que o André Singer

        E onde é que o André Singer disse que o lulismo foi um "projeto político lançado pelo PT em 2003"?

    • os dilmista agora querem

      os dilmista agora querem fazer de Lula uma insignificãncia, quando é do conhecimento até do reino mineral que Dilma sem esse teria perdido desde do primeiro turno. O único mais feliz do Lula pela vitóira tem sido FHC, são simplesmente imensas as chances  continuar  sendo o segundo melhor presidente da história.

  • Dando uma passada de olhos...

    Nos artigos da BBC sobre o Brasil, nota-se claramente uma carência de informações básicas sobre como funciona a grande mídia no país. Mas isso não é exclusividade da BBC. No Guardian, também se encontram informações equivocadas, como "Aécio é centrista", "veja, maior semanário brasileiro", etc. Quer dizer, os articulistas desconhecem o posicionamento de partidos e da grande mídia, mas deitam a falar sandices.

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