Campanha tem “déficit de comunicação grave”, assume Mercadante

Jornal GGN – O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, assumiu como porta-voz econômico da campanha de Dilma Rousseff, em seu primeiro dia de férias. Rebateu as críticas e já iniciou o debate contra o PSDB.
“Estabilizar a moeda é uma coisa e estabilizar a economia é outra. Um país não se resume a uma moeda”, disse em entrevista no Estado de S. Paulo.
Mercadante também apontou que parte dos problemas para conseguir votos está no déficit de comunicação.
Do Estado de S. Paulo
Por Vera Rosa e Tânia Monteiro
No primeiro dia de férias para se dedicar à campanha eleitoral, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, partiu para o embate com o PSDB do adversário Aécio Neves. “Eles propõem o que nunca fizeram no passado”, disse. “Estabilizar a moeda é uma coisa e estabilizar a economia é outra. Um país não se resume a uma moeda.”
Instalado no comitê de Dilma Rousseff, diante de uma pasta de plástico etiquetada com o nome de “Arminio Fraga”, Mercadante não deixou dúvidas de que será o porta-voz econômico da campanha, escalado para o confronto com o PSDB. “Quem ameaça as políticas sociais são eles”, retrucou, quando questionado sobre a declaração de Arminio, anunciado por Aécio como ministro da Fazenda caso ele vença as eleições. Mercadante amenizou o aval de Marina Silva e do PSB a Aécio. “Nós não tivemos o apoio de Marina na eleição de 2010, ela ficou neutra e nós ganhamos”, lembrou.

Como reverter os problemas para que a presidente possa conquistar votos em São Paulo? 

Há um déficit de comunicação grave. Uma parte são, talvez, nossas dificuldades. Outra é que tem uma presença muito forte do governo tucano em 20 anos de administração. Nós temos que aproveitar a campanha para mostrar as nossas realizações. Temos de consolidar os votos que já tivemos e disputar cerca de 27 milhões de votos que são da Marina e das candidaturas menos votadas, como PSOL e outros, além dos que se abstiveram, dos que votaram nulo ou em branco. Nós precisamos de um terço desses 27 milhões de votos para vencer e estamos muito seguros de que podemos avançar onde não fomos bem. 

Marina Silva e o PSB vão apoiar Aécio Neves, com base no compromisso pelo fim da reeleição. Qual o impacto desses apoios na campanha da presidente Dilma? 

Nós não tivemos apoio da Marina em 2010, ela ficou neutra e ganhamos a eleição. 

A presidente não poderia concordar com o fim da reeleição?

Quem defendeu a reeleição foram eles, e com métodos pouco republicanos. Quando eles estavam no governo mudaram a regra, durante o jogo, para favorecer o governo deles. E quando nós ganhamos eles querem mudar, de forma casuística? O programa (do Aécio) não fala em mudar a regra agora. Fala em 2022. Até 2022 tem muito tempo para debater o assunto. 

Esta campanha será marcada por assuntos econômicos e denúncias de corrupção. Como vocês vão responder às acusações relativas à Petrobrás? 

Acho difícil encontrar uma presidenta que tenha um compromisso tão profundo de combate à corrupção e uma vida tão limpa quanto Dilma. Hoje, a Polícia Federal(PF) tem autonomia para investigar. Não nomeamos para a PF alguém nomeado ao PT. Eles nomearam um filiado ao PSDB. Só combateremos esse problema com a reforma política. Se não fizermos isso, estamos sempre enxugando gelo. 

O ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga diz que as políticas sociais estão sob ameaça, por causa do pífio crescimento e do enfraquecimento das contas públicas. Como o sr. rebate essa afirmação? 

Quem ameaça as políticas sociais são eles, que jamais tiveram compromissos com programas dessa envergadura. Foram contra todas as políticas sociais, que agora dizem que vão manter, e nunca fizeram o que dizem que vão fazer na economia. 

Aécio alega que o Bolsa Família foi uma evolução do Bolsa Escola deles e que tudo que se faz hoje só foi possível graças à estabilização da economia… 

A estabilidade econômica no Brasil começou no governo anterior, de Itamar Franco. 

Mas Fernando Henrique era ministro da Fazendo de Itamar… 

Ele teve uma participação importantíssima, ninguém está discutindo isso. Mas um País não se reduz a uma moeda e oito anos de governo. FHC pegou uma divida pública líquida de 28% do PIB e entregou a 60% do PIB. Nós reduzimos para 35% do PIB. O que Arminio está propondo, a não ser arrocho? 

Dizem que o arrocho já foi feito pelo governo Dilma. 

Estão dizendo que gasto público não pode crescer acima do crescimento do PIB. Só que, durante o período Arminio, não cumpriram isso. O crescimento real médio das despesas do Tesouro, na gestão de Arminio, foi de 3,3% ao ano. No governo Dilma é de 2,7% ao ano. Eles falam que fazer o ajuste mais rápido é menos custoso. Menos custoso para quem? Para os pobres? Nem o FMI defende esta visão ortodoxa de ajuste. 

Quando a presidente Dilma avança nas pesquisas a Bolsa cai e o dólar sobe. O mercado está exagerando? 

O mercado tem um componente importante em termos de financiamento da economia e outro especulativo. Na campanha do Lula, em 2002, tudo foi muito mais intenso do que hoje. Havia todo um terrorismo econômico e financeiro. Tinha banco que tinha Lulômetro. 

E agora tem Dilmômetro?

Não. Tem gente que está tentando ganhar quando (a Bolsa) sobe e quando desce. Quem acreditou no Lulômetro perdeu muito dinheiro. A especulação financeira está presente no processo eleitoral. 

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  • Conversei com várias pessoas,

    Conversei com várias pessoas, comerciantes e profissionais liberais, 100%!! disseram que não votam no PT: alegaram corrupção na Petrobrás, comércio devagar quase parando, impostos altos e que a presidenta Dilma não se preocupa com o Estado de S. Paulo. É grave a desinformação entre os cidadãos do Estado de São Paulo.

    • eheheh, a grande maioria ja

      eheheh, a grande maioria ja sonega e continuará sonegando sempre, a não ser com aliquota zeradas, rsrssr

      Outro dia comentei com um dentista que agora ele poderá aderir ao super simples, mas ele nem ligou. A turma quer é pagar zero de impostos, enquanto isso não for feito continuará sonegando.

  • a luta se dará mesmo nessa

    a luta se dará mesmo nessa área economica.

    belo pronunciamento.

    espero que convença a população,

    principalmente paulista...

  • Não sei os outros... 
    Mas a

    Não sei os outros... 

    Mas a sensação que tenho é que sou um JUDEU EM MEIO A NAZISTAS...

    A propaganda subliminar É VIOLENTA e eles chegam a atribuir problemas causados pelo psdb como sendo criados pelo PT!

    É de enlouquecer...

    Controle remoto NÃO RESOLVE!

    • Boa Marcos, esta tb é minha

      Boa Marcos, esta tb é minha sensação. Hj consigo ter uma noção de como é a vida das minorias neste país...

    • tem outra relação

      tem outra relação semelhante,

      o macartismo nos estados unidos na década de 50,

      quando sendor douglas macarthur

      (se não me engano, é esse o nome)

       perseguia os chamados "comunistas" de lá, como se  houvesse.

      parece os caras do psdb daqui....

  • Deficit de comunicação?

    A mesma ladainha que nos fizeram acreditar para justificar a demonização que fizeram do governo do PT .

    Comunicação em um país de domínio total da mídia por grupos odiosamente antipetistas?

    A falta de comunicação foi outra. Foi ter aberto mão dos movimentos classistas, sindicados associações e afins que era o único setor capaz de fazer o contraponto à mídia sem a regulação que aumentasse a distribuição dela.

    Mercadante está tendo a comunicação?

    Aguarde que isso se trata de domesticar o provável ministro da fazenda caso Dilma seja reeleita. Não?

    José Eduardo Cardoso e Paulo Bernado conhecem essa receita.

    • Os dirigentes petistas

      Os dirigentes petistas cometeram um grave erro não so abrirando mão dos "movimentos classistas, sindicatos  e asscociações", mas sobretudo tambem dos artistas, ao entregar o ministerio da cultura a um cidadão de direita, apoiador de Marina.

      Qualquer um que viveu os sombrios anos da ditadura militar aprendeu que, quando todos os veiculos de informação estão unidos contra os interesses do povo, como tambem agora, os artistas tem um papel fundamental na difusão de ideias e informação.

      Os governos petistas ao inves de escolherem alguem como um Suassuna para o MINC, a fim de promover um amplo incentivo as atividades culturais pelo pais, colocou na gestão do orgão o parceiro do Caetano Veloso, que ve como unica solução para a cultura a distribuição de musica de cunho comercial gratuitamente pela internet.

      O resultado foi tragicamente assistirmos a juventude universitaria escutando "sertanejo universitario", no pais do Tom, do Milton, do Pixinguinha.

      E, evidentemente, dentro deste quadro de pobreza cultural osjovens so poderiam mesmo "sair as ruas" pedindo a volta da ditadura e a posse da Marina "para salvar as florestas e a humanidade".

  • Há duas semanas Aécio e sua

    Há duas semanas Aécio e sua turma falam sozinhos.

    Ou o PT reverte isso ou a eleição estará perdida.

    • Concordo plenamente. Estou

      Concordo plenamente. Estou estupefato com o silêncio da campanha em São paulo. Já estamos no terceiro dia de campanha de uma campanha de apenas 21 dias. Não contra atacam.

    • Essa foi a sorte do Aécio,

      Essa foi a sorte do Aécio, Quireza. Dilma enfrentou a Marina, que todos começaram a dar como favorítissima, e Aécio correu por fora. Com o quadro anterior, a presença de Campos, Aécio seria o alvo da presidenta desde o ínicio.

      Agora ele, como Marina, conta com a passagem rápido do tempo, para não ser desconstruído. Isso se ele estiver realmente na frente agora. Todos sabemos que o que pode derrotar o PT é muito mais o anti-petismo do que os belos olhos de ressaca (tal qual Capitu) do Aécio.

      Com a campanha, ele passa ser vidraça. O que só acontecia na casa governista. Veremos o poder de fogo da guerreira Dilma versus a blindagem do pig. 

      • Concordo, Juliano.

        Há quase uma semana que se fala de FHC, Marina , Erundina, mas o adiversário é Aécio. Estaremos repetindo o que aconteceu no primeiro turno?  Claro que há de se comentar que Aécio é PSDB e, portanto, carrega consigo tudo que rejeitamos do governo FHC, inclusive Armínio Fraga.  

  • Ah! NÃO ME DIGA, MINISTRO!!!!

    Ah! NÃO ME DIGA, MINISTRO!!!! (ironia) . Agora que reconhecem que a campanha tem problema de comunicação? Só a campanha? Ministro, o senhor e a sua turma estão (no mínimo, só considerando o período do governo) quase 4 anos atrasados.

     

     

  • Comentário.

    Talvez seja pisar no óbvio, mas, Mercadante, "depende". Lembro da época da Erundina. Colocou livro em biblioteca, tinha posto que funcionava, essas coisas. Mas a imprensa só falava de buraco na rua. Imagino que seja algo que pegue na veia de quem tem carro, de quem gosta de carro, de quem sonha ter um carro e de quem apoia o uso do carro. Não falo de calçada, mas de buraco no asfalto, que substitui o outdoor (pois é). Agora, só a imprensa fala, só o Aécio fala (nota: outro dia, ouvi uma pessoa; xingou a Dilma, mas não sabia pronunciar o nome do Aécio...). O problema também é de psicologia social; estamos falando não de raiva, mas de ódio. Quando eu disse que votaria na Dilma, um marineiro disse que eu ganhava bolsa-família (sic); perguntei se ele sabia que a Marina disse que não acabaria com o bolsa-família; a discussão parou na hora (ou a Marina está mentindo - ela acabaria com o bolsa - ou o eleitor está equivocado, muito simples). A manipulação do ódio de massa é mais complicado, tem mais determinantes. O caso que citei foi fácil; mas, e nos casos em que há uma pessoa ao lado falando o mesmo pois está repetindo o que a "notícia" lhe ofereceu? Não se trata apenas de esclarecer, comunicar. É preciso desarmar o ódio. 

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