Guedes quer vender estatais por dívida pública e acabar com interferência da União nos entes federados

Foto: Agência Brasil
Jornal GGN – Reportagem da Folha desta terça (16) mostra que a equipe de Paulo Guedes, o guru econômico de Jair Bolsonaro, está trabalhando para fechar os detalhes do programa econômico que poderá ser implantado no País a partir de 2019, se o candidato do PSL vencer a eleição no dia 28 de outubro. A matéria diz que a prioridade de Guedes é uma reforma fiscal para instituir imposto único, venda de estatais para pagar a dívida pública, manter a PEC do teto dos gastos e fazer uma reforma da previdência voltada para o regime de capitalização.
Segundo a reportagem, Paulo Guedes teria dito que a ideia é acabar com a desvinculação de receitas da União, para que os recursos advindos de tributos sejam utilizados livremente por estados e municípios, sem mais a centralidade da União no direcionamento para políticas sociais e investimentos em saúde, educação e segurança.
Na visão de Guedes, a classe política só vai retomar o prestígio quando prefeitos e governadores puderem se apoderar do orçamento da União. Uma PEC nesse sentido deve ser encaminhada.
Desde o governo FHC, a União vem lançando mão da DRU (Desvinculação de Receitas da União) para poder usar livrimente o dinheiro de tributos que estão vinculados a despesas obrigatórias. “Hoje, 30% dos tributos federais, atrelados por lei a fundos ou despesas, estão desvinculados por meio da DRU”, anotou a Folha.
Segundo o jornal, Guedes é “antigo defensor da autonomia dos entes federados, nos moldes dos Estados Unidos”, e descarta interferências da União sobre estados e municípios.”
Na questão da reforma fiscal, que é a mais adiantada, a ideia é criar um imposto federal único, fundindo PIX/Cofins e IPI. Só não definiram, anda se a base de cálculo do novo imposto incidirá sobre o valor agregrado, nos moldes do IVA, ou sobre pagamentos. “Ambição” é promover uma “ampla reforma fiscal”.
O teto dos gastos será mantido e sob ele “serão colocados pilares que buscam cortar os gastos.”
Não há definição sobre a reforma da Previdência. Por enquanto, o certo é que o regime será de capitalização, ou seja, cada pessoa faz sua própria poupança para bancar a aposentadoria no futuro.
Para abater a dívida pública, Guedes quer privatizar estatais e vender imóveis da União. Com a redução dos gastos com pagamentos de juros da dívida, o economista pretende usar o dinheiro em “investimentos”.
A Folha anotou que os imóveis da União estão avaliados em R$ 1 trilhão, e o governo controla 149 estatais, segundo dados da IFI (Instituição Fiscal Independente).
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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  • A autonomia fiscal dos

    A autonomia fiscal dos estados é uma outra versão da alíquota única de IR. Vai definir um percentual fixo de repasse para a união de todos os estados, ficando o resto da arreadação com o próprio estado. Os estados mais ricos vão adorar, pois arrecadam mais. Os estados mais pobres (leia-se norte e nordeste) vão se ferrar. Bom para o pessoal do Acre que votou em peso no "mito".

  • Vender ou doar estatais ?

    Matéria recente do Valor, informa que o controlador da rede de supermercados Pão de açucar , (grupo Cassino ) procura um comprador para a rede mediante a quantia de 23 bilhões a Embraer acaba de ser "vendida" por menos de 4 bi !

    Quem ganha afinal com ese tipo de "venda" ?

     

  • Superministério para um primeiro-ministro

    A matéria destaca, em verdade, pontos do plano de governo de Bolsonaro. Poderia ter sido acrescentado que o governo criará um superministério, o da Economia, que agregará planejamento, orçamento, indústria e comércio (enfim, tudo!). O BNDES, único banco público citado no plano, terá por tarefa "retornar à centralidade em um processo de desestatização”. Será o BNPES, Banco Nacional de Privatizações Econômicas e Sociais. Não se pode esquecer, também, que o plano anuncia a criação de uma escola militar em cada capital do país. Finalmente, o golpe de 1964 será tratado como revolução, eventualmente movimento, licença poética difundida mais recentemente!

  • Vender estatais pra pagar
    Vender estatais pra pagar dívidas? Isso já foi feito antes por um certo presidente sociólogo. As estatais sumiram, o dinheiro ninguém viu, só a dívida continuou.
    1 trilhao de imóveis pra vender. Se ele jogar esses imóveis no mercado em 24 horas perderão 50% de seu valor.

  • chocado mas não surpreso.

    Um amontoado de asneiras. 

    Fico pasmado como essa gente consegue se formar em univerdades de ponta.

    Será que compram os diplomas?

  • A chutometria do Posto Ipiranga

    Para não usar os termos de Pérsio Arida, o Posto Ipiranga é um jênio sem tamanho.

    Vender estatal pra abater dívida pública não funcionou em lugar algum do mundo, e não vai funcionar com ele, porque quem poderia pagar ágios por estatais (chineses) está sendo explicitamente enxotado pelos coronéis que vão governar de fato.

    Acabar com a DRU em nome de um tal "federalismo" só faz sentido em uma situação: se o grupo em torno do capitão reformado não tem garantia de que sobreviverá a uma próxima eleição limpa e honesta.

    Sobre jogar o tal 1 trilhão de reais em imóveis pra vender, faço minhas as palavras do André Oliveira: não vai arrecadar metade disso.

  • Os banqueiros vivem de endividar.

    É preciso rever a missão dos bancos no mundo, especialmente no Brasil.

    A missão do capital, do dinheiro para ser mais preciso.

    Não é possível que os bancos tenham a missão de serem meros sugadores de riqueza, e de exploração de toda a sociedade.

    Eles exploram os endividados, os cartão de créditos, o consumo, os empréstimos e financimentos para empresas, e os países.

    Aqui no Brasil dominaram há muitos anos o Banco Central, não obedecem a normatização. As poucas que criam é para satisfazer seus próprios interesses.

    Compram de tudo para manterem seu status quo: Mídia (é a mais comprada, vide a publicidade), políticos, e mimam o poder judiciário.

    Aprenderam durante todos esses anos a endividar o Estado Brasileiro, rolagem de dívidas, sonegação de impostos, e lobby para aumentar o déficit público.

    Déficit Público é essa a galinha de ovos de ouro dos banqueiros.

    Ao invés de querer um estado com finanças enxuta, eles querem o caos, a dívida.

    Assim fazem também com toda a sociedade, sua missão é explorar através da dívida, dos juros.

    E quando as pessoas caem em desgraça, na bancarrota, eles tiram o crédito e vão lhes roubar o patrimônio.

    Lembrou de alguma coisa? A privatização? Sim exatamente.

    Bancos são abutres. Países que não os tem prosperam.

    O Brasil está com o freio de mão puxado, e a atuação dos banqueiros é a principal causa.

     

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