O castigo vem a cavalo, por Oscar Sales da Cruz

Enviado por Webster Franklin

Do amigo Oscar Sales

O CASTIGO VEM A CAVALO

Oscar Sales da Cruz

A estratégia de ofender os outros e se fazer de vítima, como vêm fazendo os opositores da Dilma nas eleições deste ano, 2014, não é uma coisa de momento como pode parecer.

Entendam-se como opositores, neste caso, os partidos políticos e os partidos midiáticos.

Uma volta no tempo lembra uma criança que era apenas mal-educada e sonsa; depois passa a ser a figuração daquele garoto que, por baixo da mesa, ficava chutando a canela do outro até que este para dar um basta naquela situação dava-lhe um safanão no pé do ouvido. Aí, então, ele saía aos berros: – “Ele me bateu, ele me bateu!”.

Pois é, aquela criança cresceu e “fez escola”; dessa escola viraram políticos uns; outros se abrigaram na Mídia. Juntando a fome com a vontade de comer formaram um grande partido e se deram o nome de GRANDE PARTIDO DA OPOSIÇÃO. Uma simbiose perfeita juntando imunidade parlamentar e “liberdade de expressão” para que impunemente pudessem atacar seus adversários usando de todos os recursos que lhes viessem às mãos, ou às bocas, os mais infames que fossem.

Agora, não usam mais o bico do sapato como arma, do tempo de criança, e sim outro bico que se adequa a uma verborragia destemperada apropriada para satisfazer os seus desejos de detratar, infamar, denegrir e tudo o mais, com que pudessem viabilizar a consecução dos seus objetivos escusos. Com parceria incrustada na justiça, sem nenhum incômodo com a ética ou qualquer convenção que denote um mundo civilizado, concentraram suas forças para demonizar o PT, Lula, e Dilma seus maiores obstáculos para retomar o poder que detiveram por uma eternidade.

Recorrendo a todos os meios, dos baixos aos baixíssimos, fizeram dos três a encarnação do satanás e não faltou rabo, chifre, tridente, por motivos óbvios faltou o cheiro de enxofre, mas lhe conferiram uma expressão aterrorizante para assustar o povo que já havia superado a fase de baixo-astral deixada pelo desgoverno do Fernando Henrique.

Nessa empreitada, que já vem do ano de 2002, curtida de ódio, artimanhas, sutilezas, desfaçatez e sua rima rica sordidez, se revezando em jornais, revistas, blogs, noticiários televisivos, com seus colunistas, âncoras, editorialistas, agregados, animadores, quinta-colunas , se lançaram aos ataques martelando na tecla da acusação, sem cessar, empenhados na execução de uma  lavagem cerebral com intuito de fazer a população acreditar que todos os males do país foram criados pelo  PT; mesmo que ele ainda não existisse … Ah, a fábula “O lobo e o cordeiro”!

Destarte, tentaram impingir no seio da população a ideia de que no Brasil corrupção e PT são sinônimos e que antes só havia políticos honestos. Entoando esse refrão o grande partido da oposição, na sua insânia, tanto subestimou a inteligência do povão que nem percebem  a resposta dos eleitores conscientes espelhada nessas pesquisas a três dias das eleições. E não adianta negar que trataram o pobre com desdém, disseminaram o ódio contra os nordestinos, foram coniventes com os homófobos, foram lenientes com as manifestações de intolerância contra as minorias: tudo isso aconteceu e ainda quiseram posar de vítima quando a cada réplica, bradavam aos quatro ventos: -“Fulano me ofendeu, fulano me ofendeu!”.

Como dizia o provérbio, “o castigo vem a cavalo”. Como gostaríamos de dizer: – “O castigo vem nas urnas com DILMA 13”.

oscar.sales@ig.com.br

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

View Comments

  • Em 2.500 a gente se fala, beleza?

    Sou pela alternância no poder!  

    A alternância no poder é fundamental para um Estado Democrático!

    Eles já ficaram no poder por 500 anos.  Agora é a vez dos nossos 500!  Sem choro nem vela.

    • número

      Eu diria 502, Artaud, só para bancar o chato. Doze anos é pouco para uma comparação justa.

  • O Grito de Botafogo
     
    Alguém

    O Grito de Botafogo

     

    Alguém escreveu, hoje de madrugada, que logo após o debate na TV Globo muitas pessoas chegavam à janela em seu prédio e prédios vizinhos e espontaneamente gritavam: é Dilma, é Dilma, é Dilma!

    Para que se possa entender o significado desse fato é importante, para quem não conhece o Rio de Janeiro, situar no contexto espacial-temporal o bairro e sua representação sócio-econômica. Botafogo é hoje, no Rio de Janeiro, um bairro quase que recentemente construído. Seus prédios residenciais novos e dotados de todos os serviços: garagem para dois ou mais carros, salão de festas, etc. O bairro em si dispõe de alguns dos melhores colégios da cidade, notadamente, o Santo Inácio, porta de entrada para a Pontifícia Universidade Católica, universidade onde estuda a elite do Rio. Um rede de clínicas médicas altamente especializadas e alguns dos melhores hospitais da cidade estão a poucas quadras de distância. Cinemas de arte, shoppings e restaurantes de boa e fina comida compõem as opções de lazer. Algumas sedes de grandes empresas e a presença de empreendimentos de software e alta tecnologia são ofertas de trabalho local para a população local. Por tudo isso pode-se afirmar, sem possibilidade de engano, que uma família média para viver ali necessitaria de uma renda mínima de uns R$20.000,00 mensais. A conclusão é que o grito que ali se ouviu partiu de pessoas do topo da classe média. Pessoas que desfrutam de confortos semelhantes aos da classe média do mundo desenvolvido, mas tem que trabalhar duro para se manter nessa situação. É dessa classe que partem muitos dos reclamos por melhores serviços, de aeroportos, transportes urbanos, atendimento médico e escolas de alta qualidade para seus filhos. Essas pessoas que chegam em casa, após um dia de cerca de doze horas fora do lar, cansadas se dedicam ao convívio familiar, restando pouco ou nenhum tempo para lerem e se informarem. Este é um quadro típico das grandes metrópoles brasileiras, onde as doze horas se decompõem em: oito horas de trabalho, uma hora de almoço e três horas em trânsito indo e vindo. Se adicionarmos as típicas oito horas de sono, vemos que o que resta do dia é muito pouco para dividir entre o convívio familiar e o entendimento do que se passa no mundo. Compreendi isto muito cedo em minha vida e me mudei para uma cidade de porte médio...Resumindo, assim se entende o porque de a classe média já estabelecida ter se colocado a favor de uma candidatura alternativa (enganadora, na realidade, como os fatos depois demonstraram).

    Com o desmonte da farsa representada pela candidatura Marina, este segmento da população acordou para a reflexão e percebeu com mais clareza onde estavam seus reais interesses. Diferentemente dos povos do Norte e Nordeste que sentiram diretamente em suas vidas (o que os tucanos desdenhadamente sugerem com o estômago) o reflexo da ação do Governo Federal através de melhorias, o resto da população dos outros estados, à exceção das populações da periferia das grandes cidades, não sentiu diretamente os efeitos das mudanças. Para as classes médias urbanizadas dos grandes centros a vida continuou igual, porém com mais gente (a classe média ascendente) demandando por quase os mesmos serviços. O fim da enganação orquestrada pela mídia da “Nova Política”, levou ainda uma parte expressiva da população das urbes a considerar a opção da candidatura Aécio. Como explicar então o Grito de Botafogo.

    A classe média não tem nada de estúpida, acho mesmo que aí reside a maior parte da “inteligentsia” brasileira. As chamadas elites, ao meu ver, fracassaram neste país. São detentoras do poder econômico porém não mais do saber, este último foi apropriado pela classe média. Isto deve ser tributado ao fato que as melhores universidades brasileiras são públicas! Será que dá para se entender porque os tucanos querem privatizar as grandes universidades públicas? Eles, obviamente, não dizem isto, mas por onde eles passam praticam uma política de arrasa quarteirão nas mesmas (vide USP). Além disso, a crise de abastecimento de água na grande vizinhança da capital paulista afetou grande parte dessa mesma classe média e a desencantou com a possibilidade de governos tucanos virem a prestar os bons serviços que aquela reclama. Ora, o desmantelamento da gratuidade das grandes universidades públicas e a não prestação de serviços essenciais com a qualidade desejada não batem com demandas mínimas de quem deseja se situar de fato no primeiro mundo. Somando-se a isso as incertezas de políticas contracionistas, que tendem a debelar a inflação (que não afeta tanto a classe média) com arrocho nos seus salários, via sobra de mão de obra, juros altos nas prestações de bens e falta de dinheiro girando no mercado (menos, portanto, para o comércio), a cautela recomenda não arriscar tanto...A escolha de Dilma é perfeitamente racional e a desconfiança de que havia um monte de tapeação nas parcas informações que recebia se torna óbvia. O assunto cansado da corrupção passa a ser encarado mais criticamente...

    São Paulo teve, no passado distante, políticos sérios e até mesmo os rouba-mas-faz que construíram a grandeza do mais rico estado da federação. Esses administradores do bem público, de um modo ou outro, fizeram barragens, usinas hidroelétricas, grandes reservatórios de água, como o Cantareira, uma vasta rede de metro e trens urbanos, três das maiores universidades do país e atraíram, em função desses bons serviços, inúmeras empresas que contribuem para a prosperidade do povo paulista. Eu mesmo por lá morei ao longo de cinco anos. Entretanto, com a chegada ao poder do PSDB, muita coisa parou de acontecer em São Paulo. Antes os governantes agiam em função dos interesses da classe empresarial do estado, com pouca ação dedicada a população mais pobre. Mas ao prestar serviços aos mais ricos sobrava ainda alguma coisa aos mais pobres, como efeito colateral. Por ex: para transportar a mão de obra barata da periferia ao trabalho era essencial o metrô. As indústrias necessitavam de água para se movimentar e por aí segue...Curiosamente, entretanto, os tucanos parecem ter um atávico interesse pelo investidor estrangeiro, não sossegam em seu ninho enquanto não colocam ações de companhias estatais (estaduais e federais, no passado) na bolsa de Nova Iorque. Aí tem que distribuir gordos dividendos aos pobres investidores americanos e os serviços públicos que se danem!

    Estou na esquerda democrática há um bom tempo, mas não se faz mais direita como antigamente. O que eu chamo de esquerda democrática é aquela forma de governo lastreado na democracia, com um estado forte inseminador e regulador, a livre iniciativa por parte dos cidadãos e direitos humanos respeitados com igualdade de oportunidades para todos. O que eu chamo de direita de antigamente é quem defende ou não a democracia e estado mínimo ou não, porém voltado para o interesse de seus cidadãos. Algo como a direita europeia ou norte-americana. Ocorre que a direita visível atualmente e que é representada pelo PSDB é uma direita voltada para os interesses...dos EUA! Que a mídia, dita brasileira, é atrelada ao Império do Norte não representa grande novidade. Sempre o foi. A explicação deriva dos controles sobre as agências que distribuem notícias (antigamente era o papel de imprensa) internacionais. Então parece que o PSDB é, na verdade, não mais que a imprensa. É este fato que aponta para a necessidade de uma Lei de Meios, para desmembrar os grandes cartéis que modulam a democracia brasileira.

    Quem sabe a classe média, obrigada a refletir na hora de votar, começou a perceber este “imbroglio”.

    Pelo bem do país, urge que intelectuais de direita, construam uma direita realmente voltada para os interesses de uma parcela dos cidadãos brasileiros. Isto não vai ser feito da noite para o dia, porque discursos vazios não colam mais. Terá que ser construída no longo prazo COM AÇÕES.

    Eu continuarei trabalhando à esquerda, mas se queremos ter no futuro uma democracia com fiscalizações honestas e justiça equilibrada a outra parte terá que fazer seu dever de casa em acordo com o Brasil maior que todos queremos.

    CHEGA DE ENGANAÇÃO POIS ESTE NÃO É UM PAÍS DE OTÁRIOS!!!

     

     

    • Eleições 2014

      Você conseguiu colocar em palavras sensatas e equilibradas o que sinto desde 1963 a respeito da política que conduziu os destinos (desatinos) de nosso país até recentemente. Pensei estar sonhando quando vi Fernando Henrique passar a faixa presidencial para Lula. Para dizer a verdade eu, que tive a triste experiencia do golpe de 1964, fiquei até um pouco assustado cogitando se a elite poderosa do Brasil ia deixar Lula Governar, ou iam tomar a mesma atitude que tiveram contra Jango Goulart. Naturalmente Lula foi sensato ao perceber que era necessário fazer as coalisões que fez para manter um mínino de equilibrio de forças com a direita que tendo governado quase ininterruptamente por 500 anos nunca tinha aprendido a exercer o papel de oposição a não ser apelando para golpes de estado. Agora, nessas eleições, assistindo a verborreia raivosa da direita e extrema direita, confesso que fiquei de novo um pouco assustado. Será que vão apela de novo? Nunca se sabe. As notícias de possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas contribuiram para aumentar a minha apreensão.

      Tenho fé em Deus, que sem dúvida quer o melhor para a humanidade, que não aconteçam descalabros e que a Dilma possa ter mais 4 anos para continuar o seu programa de desenvolvimento socio-econômico e político, conseguindo até quem sabe dar início a uma reforma política e agrária que traga um pouco mais de justiça e bem-estar para o maravilhoso e sofrido povo brasileiro e nossos vizinhos sulamericanos.

      • Pois é Aloizio. Este

        Pois é Aloizio. Este interesse indisfarsável em colocar ações de estatais na bolsa de Nova Iorque vai muito além de roubar a população. O objetivo maior é alienar cada vez mais as decisões de estado em nosso país, comprometendo assim a possibilidade futura de ações de governo em prol de sua população. Este é o risco que corremos. Um observador atento do panorama internacional e que conheça a história da humanidade sabe que se trava uma guerra surda pelo controle do planeta e o Brasil tem algum papel nisto como já escrevi antes em vários comentários. A América do Sul é a reserva de alimentos e energia dos BRICS, com ela independente, a chantagem contra contra os RICS fica comprometida. Não é possível aplicar sanções no comércio com estes países com a AS no meio. Se cairmos e nos alinharmos com os EUA, o resto da AS cairá e aí tudo poderá de ruim acontecer...

  • A maior contribuição do aecio

    A maior contribuição do aecio a esta campanha esta NA FORMA COMO ELE EXPLICOU A INCOMPETÊNCIA DO GOVERNO PAULISTA NA GESTÃO DA ÁGUA EM SÃO PAULO!

    Vai entrar para o livro dos recordes...

    Deixou a Dilma boba!

    No 3 bloco a parir de 4': 30 ''!

    Já está na história como a MENTIRA MAIS BEM CONTADA...

  • E a justiciaria, cada vez 


    E a justiciaria, cada vez  pau de galinheiro para os penosos c.. em cima. Eu morreria de vergonha se trabalhasse na justiciaria tupinica da forma como "trabalham". O caráter é coisa para bobos, essa é mensagem da justiciaria..

  • Dostoiévski previu...

    Bem, hoje é dia de citações.

    Por um acaso do destino, comprei o romance "A ALDEIA DE STEPÁNCHIKOVO E SEUS HABITANTES", do autor russo Fiódor Dostoiévski.

    Estou no meio do livro, mas já tenho certeza que essa "Grande Oposição" resume-se perfeitamente na personagem Fomá Fomitch Opískin. 

    Sobre o caráter da personagem: "Imaginem o homenzinho mais insignificante, mais pusilânime, um pária da sociedade, de todo desnecessário, completamente inútil, completamente abjeto, mas cheio de um infinito amor-próprio, e ainda por cima rigorosamente desprovido de qulquer coisa que pudesse ao menos em alguma medida justificar esse seu amor-póprio doentio e exaltado".

    Bem, não creio que a "Grande Oposição" seja insignificante nem pusilânime (exceto em relação aos interesses estrangeiros). Quanto ao amor-próprio, ela o tem em quantidade maior que o de Fomá Fomitch. E qualquer um que ouse pensar diferente os ofendem profundamente!

     

  • poderia ter sido mais simples

    poderia ter sido mais simples e exigir que o vaticano fizesse uma canonização coletiva de todos os petista

  • Ótimo texto do amigo Oscar

    Ótimo texto do amigo Oscar Sales. Reflete muito bem  "A estratégia de ofender os outros e se fazer de vítima, como vêm fazendo os opositores da Dilma nas eleições deste ano, 2014, não é uma coisa de momento como pode parecer."

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