A necessidade de investimento em eficiência energética

Jornal GGN – De acordo com levantamento do Observatório do Clima, o setor de energia brasileiro está mais sujo do que no passado. Em 2012 (último dado disponível), o segmento foi responsável pela emissão de 436,7 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, um aumento de 30% em relação às 335,7 milhões de toneladas de 2006. Com isso, a participação nas emissões cresceu de 16,2% em 2006, para 29,4% em 2012.

O aumento reflete também uma diminuição nas emissões por desmatamento e queimadas. O segmento de uso da terra, quem em 2005 era responsável por 57% das emissões do País, conseguiu reduzir o volume para 32,1%, o que mudou a composição do quadro de emissões e pressionou o setor energético. Além disso, a dependência da geração térmica acaba prejudicando a matriz.

Para a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO) os números não deixam dúvida: é preciso reduzir o consumo, investindo em eficiência energética. Segundo Marcelo Sigoli, diretor da ABESCO, “é muito mais barato economizar do que gerar energia”.

Conseguir um sistema elétrico eficiente tem um custo – de implementação e manutenção. A indústria, por exemplo, precisa investir em maquinário mais econômico (ou, por vezes, alterar algumas peças), identificar os pontos de desperdício na cadeia e mitigar as perdas. O comércio, por sua vez, precisa investir em economia: lâmpadas de LED (no lugar das incandescentes), computadores e instalações mais modernas. Ambos os setores podem se beneficiar de redes inteligentes (smart grids), capazes de detectar pontos de desperdício.

Uma pesquisa da ABESCO apurou que, com eficiência energética, é possível gerar (economizar) um Megawatt/hora (MWh) por metade do preço da fonte de energia mais barata da matriz brasileira – a hidráulica/hidrelétrica. Enquanto a economia de um MWh sai por R$ 60 (custo de implementação e manutenção de um sistema eficiente), o Megawatt gerado por uma hidrelétrica custa R$ 120. A diferença em relação às térmicas é ainda maior, podendo chegar a 400%.

A necessidade de investir em eficiência fica ainda mais evidente ao observarmos o volume desperdiçado. No ano passado, o Brasil desperdiçou 46,6 mil Gigawatts/hora (GWh), quase metade dos 98,6 mil GWh gerados pela usina de Itaipu.

Para o executivo da ABESCO, o custo da energia é fator determinante para o desenvolvimento da indústria. Além disso, o desperdício encarece o setor. O preço da tarifa de energia elétrica já tem reajuste na casa de 24% aprovado para 2014 para consumidores industriais e comerciais.

Redação

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