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A física e o futebol

( ID: http://www.youtube.com/watch?v=4fi3CuswF0Q&feature=related )

França 1 x 1 Brasil – 1997 – Torneio da França

Este, foi um dos maiores gols da história do futebol. A falta batida por Roberto Carlos, hoje no Anzhi da Russia, foi motivo de estudo de um grupo francês por muito tempo. Naquela partida, ainda empatada em 0 x 0, uma falta cometida a 35 metros do gol, fez muito francês pensar que dalí sairia um lançamento para a área ou quem sabe uma jogada ensaiada. A distância era muito grande…

Bem, para quem aprecia o futebol, curtiu que o RC6 não pensou assim. Em entrevista ao Discovery, no programa “A Ciência do Gol”, o jogador afirmou que naquele momento, ele só pensava que devia desempatar a partida. O apito soou, cobrança autorizada e ele vai pra bola. De perna esquerda e com uma força impressionante, a bola se direciona para fora, pelo lado direito da barreira até que… Gol! A bola faz uma trajetória que muitos não acreditavam que era possivel. Fez a curva e resvalou da trave para o gol. Enganou os jogadores na barreira, enganou o goleiro Fabian Barthez e até o câmera.

Esta foi a trajetória da bola. Mas, como isso aconteceu?

Bem, são várias as variáveis que influenciam nesse lance. Por exemplo, a força do chute, a forma em que o pé toca na bola, a distância do gol. Estes são os principais fatores. Claro, temos também o vento que pode influenciar, a pressão atmosférica, mas vamos considerar as condições normais.

Você se lembra, daquela professora chata que falava da formula de Bhaskara? Aquela do Delta, lembra? Então, como muitos sabiam fazer mas não sabiam onde era aplicada uma merda daquela, aquela parábola que o gráfico mostrava era por exemplo uma condição da bola durante um chute.

Neste caso, mostrado, se anularmos a resistência do ar e acompanharmos a trajetória da bola, por exemplo, quando o goleiro chuta ao cobrar o tiro de meta, seria muito parecido com a imagem acima. A bola ñão faz curva por que voa “parada”. Ela não gira no ar. É quando damos aquele chute de peito de pé.

 Já no chute de Roberto Carlos, apenas a equação da trajetória não se aplica pois, a bola viaja em alta velocidade, de avanço e de rotações.

O que explica esse efeito visto em gols sem ângulo, cruzamentos e escanteios, gols olimpicos é o efeito Magnus.

Imagine uma bola de futebol chutada em direção ao gol. Enquanto a bola viaja ela arrasta um pouco de ar durante os giros. Onde a bola e o ar são concordantes, ou seja, se movimentam na mesma direção a velocidade é maior, portanto a pressão é menor. Agora no outro extremo, onde o ar se move  de forma discordante à bola a velocidade é menor, portanto a pressão é maior. Isso faz com que a bola desvie seu caminho normal, produzindo então o Efeito Magnus.

A textura da bola também é importante pois, quanto menos lisa for a bola, mais ar ela arrasta com ela, logo, o efeito será maior. Por isso as bolas de golf tem aquela textura caracteristica. Tudo pelo efeito da bola.

O reflexo do goleiro

De acordo com Cathy M. Craig, no artigo Judging where a ball will go: the case of curved free kicks in football publicado no jornal científico mensal Naturwissenschaften, o nosso sistema visual não é preparado para movimentos curvilíneos, ou seja, o tempo de reação de um goleiro quando a bola faz a curva é maior que quando ela vem em linha reta. No caso Roberto Carlos x Fabian Barthez, acredito que não tenha sido dessa forma. O goleiro francês parecia simplesmente acreditar que a bola já estava perdida. Já no caso de David Seaman, no chute “cruzamento” de Ronaldinho Gaucho, na copa de 2002, o goleiro inglês chega a dar um passo para frente e, quando percebe já é tarde. Bola na caixa, lá onde a coruja se esconde (veja o video). Provavelmente, com a curva que fez a bola, Seaman pensou que era um cruzamento, o que é comum naquele ponto do campo.

Agora imaginem, se caras como Rivelino, Beckham, Roberto Carlos e Cristiano Ronaldo entendessem um pouquinho de física… Acho que dava pra ir além.

Agora acompanhe mais algumas belas pinturas do futebol (Nos vídeos). Todos com uma mãozinha da física que o “Jênio” Galvão Bueno diz não permitir certas coisas…

“Sei que nem todos gostam de assuntos sobre física mas, se você leu até aqui, Obrigado!”

@feducati

Referências:

http://profs.if.uff.br/tjpp/blog/entradas/a-fisica-do-gol-do-tardelli

http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/2010/09/100902_robertocarlos_gol_estudo_dg.shtml

http://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_Magnus

Luis Nassif

Luis Nassif

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