Delfim Netto critica estatal do Pré-Sal e diz que não “quebrou” o país nos anos 70

Jornal GGN – O economista ex-ministro da Fazenda e do Planejamento do Brasil na época dos militares, Antônio Delfim Netto, criticou, neste final de semana, a decisão do governo federal de criar uma estatal unicamente para gerir os recursos do pré-sal. Para ele, a nova estatal será como um “encosto no sentido espírita”, que não permitirá que o país avance. Em entrevista ao jornal O Globo, Delfim Netto disse ainda que a medida afastou os investimentos privados no pré-sal.

“Você imagina se a BP [British Petroleum] quer um encosto dessa natureza, que não vai pôr um tostão no capital e tem direito de veto. Eu acho que o chinês é parceiro conveniente, não vai chatear, só vai querer o “olinho” dele e acabou.”, afirmou o ex-ministro.

Entre outros assuntos, o economista também se defendeu das críticas feitas à sua gestão, quando, apesar do crescimento de 8% ao ano, o período ficou conhecido por um crescimento “falso” da economia, maquiado pelos militares. Para o ex-ministro, o Brasil já estava “quebrado” antes de suas medidas – ele só amenizou o problema de um país fadado à recessão econômica.

Veja a entrevista completa de Delfim Netto ao jornal O Globo

Leia a análise de Luis Nassif sobre a entrevista do ex-ministro

“O Brasil já tinha quebrado. Já estava dada a falência no Brasil. Queria fazer a falência crescendo 1% ou crescendo 8%? Não adiantava parar o crescimento porque ia quebrar do mesmo jeito. Era uma dinâmica da dívida. Devia ter parado em 1975. Não cortar o crescimento depois que acumulação da dívida tinha decretado a falência. O que adiantava fazer uma recessão com o país quebrado? Ah, não teve déficit em conta corrente este ano. E daí? Nada, empurramos e crescemos 8% e quebramos juntos.”

Delfim Netto atribuiu ao então presidente da Petrobras, que viria a assumir o poder posteriormente, o general Ernesto Geisel, a culpa pela crise. Segundo ele, houve uma determinação de estabelecer contratos de risco pegando carona na informação de que os árabes formariam um cartel para elevar o preço do barril. No entanto, segundo o ex-ministro, Geisel não permitiu as medidas. “Tínhamos dois anos, três anos de antecipação. Se tivéssemos feito os contratos de risco, provavelmente a crise seria de outra natureza. O Geisel se opôs dramaticamente e houve um escarcéu no governo. Tivemos uma chance de evitar a grave crise, e não soubemos aproveitar, como de costume. Tinha uma ideia de que qualquer violação, qualquer contrato privado iria destruir a virgindade da Petrobras, que precisava ser preservada a qualquer custo. Um problema puramente ideológico.”
 

Redação

Redação

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  • Delfin

    Comentar o que numa hora dessas. Esses caras sempre acham que sabem tudo, mas não fazem as coisas certas...Tem algo errado aí. E não é o povo. São os tais "especialistas"....

  • Delfim e o pré-sal

    Pelo que entendi, a BP, citada, não vem por causa do "encosto" mas os chineses virão e são parceiros convenientes.

    Se é assim, por que lamentar a ausencia das BPs ?

    Os chineses vêm com o dinheiro e levam o óleo. Tudo certo, não é ?

    Onde o problema ?

    Será mero ranço ideológico ?

     

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