Gestão

Com fim do Orçamento Secreto, STF também bloqueou repasses pendentes

Com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a inconstitucionalidade do Orçamento Secreto passa a ter validade a partir do momento da conclusão do julgamento, ou seja, a partir desta segunda-feira (19). Mas o que ocorre com os repasses já aprovados pelos parlamentares no Orçamento Secreto e que ainda não foram pagos?

Em seu voto, que venceu com a maioria do Plenário, a ministra relatora Rosa Weber designou o que será feito com as verbas ainda pendentes de pagamentos da modalidade RP 9, que é o nome do tipo de emenda de relator do Orçamento Secreto.

Sobre o tema, a ministra disse que será preciso “conferir interpretação conforme às leis orçamentárias anuais de 2021 (Lei nº 14.144/2021) e de 2022 (Lei nº 14.303/2022)”, ou seja, adequar as emendas ainda não pagas ao que foi estabelecido pelo Orçamento de 2021 e de 2022, respectivos.

Mas que, de qualquer forma, será “vedado”, ou seja, proibida “a utilização das despesas classificadas sob o indicador orçamentário RP 9”, mesmo que as mesmas tenham “sido formuladas pelos sistemas formais ou por vias informais”.

“Democracia é coisa frágil. Defendê-la requer um jornalismo corajoso e contundente. Junte-se a nós: www.catarse.me/jornalggn

Por fim, decidiu a ministra, “caberá aos Ministros de Estado titulares das pastas beneficiadas com recursos consignados sob a rubrica RP 9 orientarem a execução desses montantes em conformidade com os programas e projetos existentes nas respectivas áreas”.

Na prática, os ministros do atual governo de Jair Bolsonaro é que devem decidir onde investir, ainda neste ano -ou os ministros do governo Lula a partir do ano que vem-, o que sobrar de recursos do Orçamento Secreto que ainda não foram repassados.

Mas ao indicar que será preciso “conferir interpretação”, a ministra ainda abre espaço para que essas verbas pendentes – as de 2021 e de 2022 – sejam discutidas, com maior detalhamento, no Supremo.

Por isso, a conclusão do julgamento do STF mobilizou lideranças parlamentares e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) a se movimentarem para articular o destino desses recursos pendentes.

Abaixo, a íntegra do voto de Rosa Weber:

ADPF854.VOTO_.PRESIDENTEMINISTRAROSAWEBER

Leia também:

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Recent Posts

Morre Amália barros, deputada federal do PL, aos 39 anos

Vice-presidente do PL Mulher, Amália era próxima de Michelle Bolsonaro e foi eleita pelo MT…

6 minutos ago

Comunicação no RS: o monopólio que gera o caos, por Afonso Lima

Com o agro militante para tomar o poder e mudar leis, a mídia corporativa, um…

16 horas ago

RS: Por que a paz não interessa ao bolsonarismo, por Flavio Lucio Vieira

Mesmo diante do ineditismo destrutivo e abrangente da enchente, a extrema-direita bolsonarista se recusa a…

18 horas ago

Copom: corte menor não surpreende mercado, mas indústria critica

Banco Central reduziu ritmo de corte dos juros em 0,25 ponto percentual; confira repercussão entre…

18 horas ago

Israel ordena que residentes do centro de Rafah evacuem; ataque se aproxima

Milhares de pessoas enfrentam deslocamento enquanto instruções militares sugerem um provável ataque ao centro da…

19 horas ago

Governo pede ajuda das plataformas de redes sociais para conter as fake news

As plataformas receberam a minuta de um protocolo de intenções com sugestões para aprimoramento dos…

19 horas ago