Portal vai reunir dados de transporte de produtos perigosos

Pesquisadores estão desenvolvendo um projeto que visa reunir, de forma padronizada, dados vindos de diversas fontes ligadas ao transporte rodoviário de produtos perigosos (TRPP), na cidade de São Paulo. A ideia é, via acesso remoto, constituir um portal que auxilie o gerenciamento dos dados, dos riscos e dos acidentes envolvendo o setor. O projeto tem coordenação do professor José Alberto Quintanilha, do Laboratório de Geoprocessamento do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica (Poli) da USP.
Tem aumentado o número de caminhões que transportam produtos perigosos

De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), produto perigoso é aquele que representa risco à saúde das pessoas, ao meio ambiente ou à segurança pública. Esses produtos são divididos em nove classes: 1 – explosivos; 2 – gases; 3 – líquidos inflamáveis; 4 – sólidos inflamáveis, substâncias sujeitas a combustão espontânea, substâncias que em contato com água emitem gases inflamáveis; 5 – substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos; 6 – substâncias tóxicas e substâncias infectantes; 7 – materiais radioativos; 8 – substâncias corrosivas; 9 – substâncias e artigos perigosos diversos.

Integram a iniciativa, pela Poli, a pesquisadora Mariana Abrantes Giannotti; a mestranda Janaína Bezerra Silva, o aluno de iniciação científica e estudante da Engenharia Ambiental, Ricardo Lisboa e a bióloga Bruna Botti; as professoras Cira Souza Pitombo e Ana Paula Camargo Larocca, do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP; as professoras Patrícia Lustosa Brito e Vivian de Oliveira Fernandes do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal da Bahia, em Salvador; e o professor Clodoveu Augusto Davis, do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), consultor do projeto.

O objetivo dos pesquisadores é propor um arcabouço conceitual, metodologias e especificações técnicas para o desenvolvimento de uma Infraestrutura de Dados Espaciais (IDE). A IDE é um conjunto de mecanismos e padrões para a interoperabilidade, a troca, o acesso e a distribuição de dados provenientes de diversas fontes, formatos e conteúdos.

Riscos, acidentes e troca de dados
Segundo a bióloga Bruna Botti, atualmente há um grande número de caminhões que transportam cargas contendo produtos perigosos pelas rodovias. Na ocorrência de acidentes, esses produtos podem causar riscos à saúde das populações próximas, bem como prejudicar o meio ambiente, além de provocar transtornos ao tráfego. Várias iniciativas são tomadas por várias instituições, como Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), a Ecovias (concessionária que administra o sistema Anchieta-Imigrantes) e o Corpo de Bombeiros, para que se obtenha o melhor gerenciamento em caso de ocorrência.

Essas entidades, assim como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já reúnem dados ligados ao transporte de cargas com produtos perigosos, como tipo de produto e local de ocorrência de acidentes, entre outras informações. “Entretanto, isso é realizado de forma heterogênea e independente por estas entidades, não existindo uma padronização”, explica a bióloga.

Se alguém ou alguma instituição necessitar de algum dado específico sobre o acidente, muitas vezes deverá consultar todas as instituições envolvidas para obter a informação que deseja, sendo que cada uma trabalha com o dado de modo distinto. “A IDE é uma importante ferramenta para o gerenciamento dessas informações”, destaca.

 

Fluxograma que integra Infraestrutura para Dados Espaciais (IDE) e Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos

 

Com o projeto, seria possível compartilhar, de forma integrada, os dados dessas instituições, de forma interoperável e acessível aos usuários não familiarizados com a parte espacial, dentro de um ambiente de Sistema de Informações Geográficas (SIG) acessado via web (SIG/web).

O projeto Proposição de uma infraestrutura de dados espaciais para prevenção, monitoramento e atuação em acidentes rodoviários envolvendo o transporte de produtos perigosos no complexo Anchieta-Imigrantes (SP) foi encaminhado em 2012 ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), dentro do Programa Universal, e recebeu a verba em 2013.

Workshop
No último dia 13 de novembro, o Laboratório realizou um workshop para apresentar o projeto para a sociedade. Participaram cerca de 35 profissionais ligados às universidades paulistas, à Cetesb,  à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), à Transpetro e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “Durante as discussões conseguimos perceber novas demandas, como as ligadas ao transporte ferroviário de produtos perigosos. A área do projeto deverá incluir também o trecho Sul do Rodoanel, integrando dados da CET. Essas atividades devem ter início em fevereiro de 2014”, destaca a bióloga.

De acordo com Bruna, os documentos e outros materiais apresentados durante o workshop estão disponibilizados para consulta pública via Drop Box. A ideia é que posteriormente sejam reunidos em um site de acesso público.

Foto: Divulgação / ANTT

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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