Como poeta Galileu nos deixou nove livros, seis sonetos, duas músicas e um capítulo de 300 versos em terza rima, intitulado Capitolo contro il portar la toga. Este último é uma sátira, composta entre 1589 e 1592, contra as convenções sociais e a estreiteza dos acadêmicos de Pisa, sob o domínio do pensamento aristotélico. As teorias de Galileu, já nesse período, contrastavam profundamente com diversos pontos básicos da física aristotélica. E os conceitos de Galileu sobre velocidade, gravidade e vácuo, inseridos em um novo quadro teórico, apresentavam características bem diferentes das ideias tradicionais.
Aliás, as regras e práticas escolásticas eram motivo para ele dar vazão a seu sarcasmo. Num dos seus poemas satíricos, o italiano mostrou-se em desagrado com o uniforme obrigatório das universidades, a toga, porque ela nem sequer permitia que os professores fossem aos bordéis, com a discrição que a situação exigia. Pior ainda, porque esse impedimento obrigava a que eles ficassem “dependentes da masturbação, que além de pecaminosa era muito menos satisfatória”. OBVIOUS
Na época, por um decreto do reitor da Universidade de Pisa em 1590, os professores eram obrigados a usar a toga também fora da sala de aula. Galileu via nisso uma grande hipocrisia: por ser a toga uma espécie de vestimenta de luxo, adotada para encobrir as roupas pobres e esfarrapadas que os professores da Universidade tinham de usar por causa de seus baixos salários (nihil novi sub sole).
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