A história da primeira-dama de Nova York

Escritora e engajada politicamente, ela foi vítima de preconceito por causa da cor da pele e de sua sexualidade. Conheça a história de Chirlane McCray, a nova primeira-dama de Nova York

Chirlane McCray e Bill de Blasio, recém eleito prefeito de Nova York (AFP)

A nova primeira-dama de Nova York, Chirlane McCray, tem uma vida que chama mais a atenção do que seu marido, Bill de Blasio, recém eleito prefeito da cidade (o primeiro democrata em vinte anos). Esta mulher negra nasceu na cidade de Springfield e lá ela viveu até 10 anos de idade quando seu pai, um funcionário do militar, decidiu se mudar para Longmeadow, um lugar onde Chirlane McCray descobriu que o mundo não era tão justo quanto ela acreditava e levou-a a tornar-se poeta, escritora e a figura política que é hoje.

Na época da mudança, os vizinhos “receberam” a família pedindo-lhes para deixar o bairro. Eles foram a segunda família de negros na área e ela a primeira estudante negra na escola. Seus colegas de classe “brincavam” com ela por causa da cor da pele, então a hoje primeira-dama de Nova Iorque calmamente se refugiou nos poemas que escreveu como uma válvula de escape para sua raiva reprimida. Esta foi a sua primeira abordagem ao racismo e intimidação, o que chamam agora de “bullying”. McCray não sentiu-se triste, mas a raiva a levou a escrever e expressar até no seu jornal da escola o seu descontentamento.

Assim que se formou ela foi para Nova York, a metrópole onde, finalmente, seus escritos foram ecoados. Em 1979, no auge da libertação da mulher escreveu um ensaio intitulado “Eu sou lésbica”. A carta tinha a intenção de desmistificar o ditado “negro não é gay”. McCray foi a primeira negra que ousou falar abertamente sobre sua sexualidade. “Em 1970, eu me identificava como lésbica e escrevi sobre isso. Em 1991, eu conheci o amor da minha vida e me casei com ele “, confessou em 2012.

Em 1991, ela passou a trabalhar com o prefeito David Dinkins em Nova York, onde conheceu Bill de Blasio, de ascendência alemã e italiana. Ela escreveu seus discursos, enquanto ele atuava como vice-prefeito. Em meio às vicissitudes políticas se apaixonou e se casou três anos depois. Hoje eles têm dois filhos, Clara e Dante, que se tornaram alvo de críticas por seus cabelos afro e pelas tranças.

Na campanha de seu marido para prefeito de Nova York, foi ela quem editou as falas e entrevistou candidatos para cada posição. Hoje McCray já entrou para a história como a primeira mulher bissexual que ocupa o cargo de primeira-dama no país. “Eu realmente nunca namorei nenhum homem. Então eu pensei: Uau, o que é isso? Agora eu me sinto atraída por homens. Eu fui atraída por Bill. Ele era a pessoa perfeita para mim. Como duas pessoas muito diferentes, mas temos muito em comum. Somos um casal não convencional “.

Correio Nagô
Edição: Pragmatismo Politico

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/11/a-historia-da-primeira-dama-de-nova-york.html

Redação

Redação

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  • Cruz credo, daqui para frente

    Cruz credo, daqui para frente o negocio é San Francisco, Dallas e Seattle, Nova York vai entrar em um dos seus clicos de decadencia, vamos ter saudades de John Lindsay. Ainda bem que a American Airlines vai inaugurar o voo direto para Los Angeles em Janeiro.

    • Compreensão...

      Meujisuis! Um comedor de linguiça sem "linhagem", e ainda casado com uma mulher que parece com uma das suas "empregadinhas"... Eu compreendo o seu desespero AA, com o mundo assim, daqui a pouco não vai haver um lugar "habitável" no planeta. Começo a entender porque certos milionários americanos tem tanta vontade de investir na viagem espacial privada...

      Um abraço.

  • Tamára nao é p/ nada nao, nem sei s o título do tópic é seu, mas

    Chamar uma líder feminista de primeira dama dói... (rs)

    • Fica curioso, no mínimo

      Mas algo que me chama sempre atenção são as fotos dos G-20. Eles fazem duas, uma com os líderes. Ok. E outra com as esposas (primeiras-damas.)

      E os maridos de Merkel, da ex-primeira-ministra da Austrália, da presidenta da Coreia...

      Somem.

      Já é tempo de mudar a tradição da 2a. foto.

    • Não, o título...

      Dói mesmo Anarquista, no mínimo deveria ter vindo entre aspas....rs...não é meu o título, não podemos mudar uma vírgula do texto original, somente o Nassif pode...rs...é o que imagino...

    • Ah, Anarquista, pelo menos

      Ah, Anarquista, pelo menos tem o gostinho de vingança com as primeiras-damas propaganda de margarina.

      • Lá isso é verdade. Mas é "prêmio de consolaçao"

        Ainda assim dói, é a mulher sendo valorizada nao por ela mesma, mas por ser esposa de. É dose. 

  • Curioso

    Fiquei deveras intrigado  com as afirmações de que a mulher do prefeito eleito de NY é uma ex lesbica.Como são raros os casos em que uma pessoa retorna, de uma opção sexual,fico pensando que na verdade ela poderia ser uma bissexual,que se apaixonou por um homem,como poderia ter sido uma mulher.Mas tambem não posso desprezar que é um fato que ocorre.Mas que isso vai ser bastante explorado pelos conservadores,não tenho a menor dúvida.

    • Edir Mcedo no comeco de

      Edir Mcedo no comeco de carreira deve ter expulsado o demonio gay do corpo desse mulher. Essa "cura" gay Pai Aldir e Feliciano ja sabem a tempo....hehehehe

  • Sensacional, Nova yorque é

    Sensacional, Nova yorque é uma cidade espetacular, talvez a mais completa do mundo. E agora os novayorquinos dão um show, uma lição de tolerância e uma banana para os neocon.

    Não poderia ser diferente, quem conhece sabe como é um caldeirão de culturas e se orgulham disso. Se não morasse no Rio, seria lá.

    PS: nem me lembro o que disseram o AA, o Zancetta e o Aliança sobre o post. Não deve ter sido nada que valessa a pena 

  • Candidato multi-ibope

    Numa cidade com mais da metade da população de origem judaica, com forte influencia italiana e capital do mundo gay (perde apenas para San Francisco), o currículo deste homem parece mais do que perfeito. Mais ainda, se consideramos que é casado com mulher negra, e a sua simpatia pela esquerda e as causas sociais, captando a população hispânica. A sua mulher declarou-se lésbica, alguns anos atrás.

    Todo indica que o sobrenome Wilhelm (que significa Guilherme na sua tradução literal) seja de origem judaica (a Presidenta Argentina, por exemplo, é Cristina Fernández Wilhelm). Se o marqueteiro da campanha tivesse 20 anos atrás a missão de montar um candidato imbatível, com taxa de rejeição “zero”, ele teria criado este sujeito.

    O candidato Warren era mesmo imbatível em Nova Iorque, uma espécie de Lula, depois de estudar 4 anos nos EUA, casando com Marina Silva, adotando o Jean Willys como filho e tendo ao Cerra como vice.

      • Tem razão anarquista.
        Preto

        Tem razão anarquista.

        Preto não vota em preto.

        Judeu não vota em judeu.

        Italiano não vota em italiano.

        E por fim, gay não vota em gay.

        Simbolismo de nada vale na política.

         

        O Jean Willis foi eleito pelo voto feminino não gay porque ele é gato.

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