Internacional

EUA se dizem “ressentidos” pelo o que consideram ingratidão de Lula, diz Financial Times

O governo Biden pressionou políticos e generais a respeitar o resultado das eleições no Brasil em meio a especulações sobre tentativa de golpe, revelou nesta quarta-feira (21) o jornal Financial Times

Foram seis fontes ouvidas pelo jornal que integram ou integraram o governo dos Estados Unidos (EUA). Duas das fontes ainda compõem o governo, e, portanto, foram ouvidas sob sigilo. 

Diz trecho da reportagem: “todas se esforçaram em sublinhar que a maior parte do crédito para salvar a democracia do Brasil pertence aos brasileiros, mas também foi resultado de campanha de pressão do governo dos EUA”. 

Na reportagem, o Financial Times garantiu grande parte das informações com Tom Shannon, ex-alto funcionário do Departamento de Estado. Shannon é quem detalha rancor por parte dos EUA ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

“É como se ele não soubesse ou não quisesse reconhecer o que nós fizemos”, diz ao Financial Times.

Para os governistas norte-americanos, o apoio dos EUA às eleições no Brasil deveria alinhar mais o governo Lula aos interesses do país. 

Ameaça dos EUA

Um brasileiro não identificado pela reportagem disse que militares americanos realmente ameaçaram “rasgar acordos com o Brasil, de treinamento a operações conjuntas” caso os militares brasileiros embarcassem numa aventura golpista. 

“O Departamento de Estado e algumas autoridades brasileiras pediram às autoridades taiwanesas prioridade à necessidade de semicondutores do Brasil”, história veiculada pelo The Brazilian Report.

Raiva e ressentimento

​​”Para o governo Biden, as relações melhoraram, mas há atritos com o novo governo. Lula mostrou pouco reconhecimento da campanha dos EUA”, segue Shannon na reportagem do Financial Times. 

Ele explica que a visita de Lula a Washington, em fevereiro, foi discreta e durou um dia. Em abril, causando “raiva e ressentimento”, o presidente do Brasil levou uma grande delegação à China, por três dias, visitando duas cidades.

“Naquela viagem, Lula rejeitou as sanções dos EUA à Huawei, criticou o apoio militar do Ocidente à Ucrânia e endossou a iniciativa de Pequim por alternativas ao dólar (…) As pessoas aqui entendem que haverá diferenças”, destaca o ex-funcionário do governo.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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  • Os gringos devem cuidar dos interesses deles. Não compete ao Brasil sacrificar seus interesses para atender a pretensão dos EUA de manter sua hegemonia mediante uma guerra mundial.

  • BOLSONARO é fruto do golpe parlamentar de 2016, cujo combustível foi a operação midiática Lava Jato e os principais atores foram um juiz e um procurador do MPF cooptados e treinados pelo Departamento de de Estado do governo norte-americano. A moeda de troca o governo BIDEN já sabia qual era de antemão: distância do populismo cleptocrata de DONALD TRUMP. Governo LULA não deve nada aos democratas americanos: não fizeram mais do que obrigação ao respeitarem a vontade legítima e soberana do povo brasileiro.
    .

  • E será que o Lula tem ressentimento pelo golpe de Estado de 2016, e pela sua prisão, ambas ações feitas com a colaboração decisiva dos EUA?

  • Ao priorizar uma visita aos EUA logo que empossado, Lula foi de um desprendimento impar, difícil de ser alcançado por um dos principais mentores de uma farsa que o retirou de uma disputa já ganha, ficando confinado por 580 dias. Se depois disso, e no desenrolar do desatino, concluiram que erraram a mão, tendo legado o poder a um paranóide, paciência, qualquer reconhecimento deveria partir deles mesmos.

  • Seria uma ameaça? Podemos esperar retaliações por parte dos EUA? No caso a matéria do Financial Times não poderia municiar a CPI dos atos golpistas?

    • Certamente os americanos vão reagir. Quem viver verá. São rancorosos e não admitem independência de um país soberano.

  • A pergunta é: já que o presidente dos Estados Unidos não manda em mais nada, desde Eisenhower (seu sucessor, foi fuzilado em Dallas por desobedecer), quem mandou ou ao menos permitiu Biden de ser frontalmente contra o golpe que os "democratas" Hillary Clinton/Obama perpetraram?

  • Pois é, só que eles se esqueceram de avisar pro Lula que a democracia brasileira só é possível por "autorização" dos estados unidos e não uma garantia constitucional de escolha dos dirigentes da nação por meio do voto popular. Lula, esse desobediente!

  • Será que entendi? Creio que em uma ajuda secreta, onde quase ninguém sabe como foi e a troco de que, pergunto: todos os poucos envolvidos sabem que estão atuando fora das quatro linhas, certo? Eu imagino que pelo lado brasileiro a resposta é: não. Ao reclamar de uma possível ingratidão causada ao reclamante, pelo um não reconhecimento de possíveis ajudas sem transparência e fora das linhas da legalidade, como é possível reconhecê-las? Então, nossa resposta é, não. Para o outro lado, mesmo que tenha acontecido os fato, ou não, parece que estamos diante de um réu confesso, que ratifica a infração secreta de interferir em processos eleitorais de outras nações, fora o que não foi dito, certo? É pegadinha?

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