Internacional

Negociações entre Rússia e Ucrânia são suspensas e Kremlin afirma que pode assumir controle das principais cidades ucranianas

A Rússia e a Ucrânia suspenderam as negociações, neste 19º dia de invasão russa ao país. Pela manhã, as delegações de ambos os países fizeram mais uma tentativa de negociação, sem sucesso, e adiada para amanhã (15).

A reunião ocorreu por videoconferência. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que o objetivo da conversa nesta segunda-feira (14) seria de obter garantias da Rússia para que um encontro presencial, entre Zelensky e Putin, ocorra.

“Nossos delegados têm uma tarefa clara – fazer todo o possível para que a reunião entre presidentes ocorra, a reunião que tenho certeza que as pessoas estão esperando”, afirmou o presidente ucraniano, em vídeo publicado no Telegram, com o intuito de burlar a censura imposta por Putin à população russa. Segundo ele, ainda, o objetivo era de obter “garantias de segurança eficazes”.

Entretanto, o assessor do presidente ucraniano, Mikhail Podolyak afirmou que as conversas terminaram sem chegar a um consenso e que serão as retomadas nesta terça (15).

Segundo ele, o encontro teria sido “difícil” porque são países com “sistemas políticos diferentes”. Criticou que a Rússia adota a “supressão de sua própria sociedade”, comparando que a Ucrânia adotaria “diálogo livre” com a população.

Nas últimas 24 horas, jornais divulgaram que a capital Kiev foi atingida por diversos mísses russos, gerando a morte de, pelo menos, duas pessoas. Entre os alvos, uma fábrica de aeronaves, mas também um setor residencial.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou à Reuters que a Rússia pode assumir o controle total das principais cidades ucranianas: “o Ministério da Defesa da Federação Russa, embora assegurando a máxima segurança da população civil, não exclui a possibilidade de tomar os principais centros populacionais sob controle total.”

“As Forças Armadas russas usam armamento moderno de alta precisão, atingindo exclusivamente instalações da infraestrutura militar e informática. Todos os planos das autoridades russas serão cumpridos no prazo aprovado anteriormente na sua totalidade”, assegurou.

A declaração fez referência a um ataque em Donetsk, onde um míssel caiu junto ao prédio do governo regional, deixando ao menos 20 mortos e 28 feridos. Segundo as autoridades russas, o míssil era o Tochka-U, de origem ucraniana.

A Rússia afirmou que “destruiu os principais alvos neonazistas” em áreas da cidade portuária de Mariupol, do qual o país admite estar em situação de risco humanitário, dependendo do envio de cargas de medicamentos, alimentos e itens de primeira necessidade.

A cidade foi alvo de bombardeios constantes nas últimas horas, que teriam matado 2.500 pessoas em Mariupol desde o início da invasão, segundo informações das autoridades locais. O vice-prefeito da cidade, Serhiy Orlov caracteriza a situação com “projéteis constantes, bombardeios e algumas batalhas de rua”.

A informação do Ministério da Defesa russo é de que as forças armadas estão com o controle total de algumas cidades, como Melitopol e Kherson. O país também alega que está cumprindo “rigorosamente” as acordos de cessar-fogo nos corredores humanitários.

Ao todo, 10 corredores humanitários foram abertos somente nesta segunda (14), ampliando as zonas de saída de civis. Entre os corredores, a região de Kiev e do leste de Luhansk foram incluídos.

Por parte da Rússia, fala-se que militares ucranianos fizeram 7 mil estrangeiros de reféns, além de 50 navios bloqueados nos portos. Segundo o Ministério do Interior da Ucrânia, as forças armadas teriam derrubado 4 aviões russos, 3 helicópteros e diversos “veículos aéreos não tripulados”, e que realizou “ataques devastadores” em campos e armazéns russos nas últimas 24 horas.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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