Os Médicos sem Fronteira e Gaza

Por Soledad Larraz

Nassif,

Abaixo, informativo do MSF – Médicos sem Fronteiras de 03/02/09

Cicatrizes físicas e psicológicas em Gaza

Os tratamentos médicos continuam, mas a população da Faixa de Gaza pede também ajuda social e psicológica

03/02/2009- Cerca de 20 feridos foram operados dentro das instalações de Médicos Sem Fronteiras (MSF), na Cidade de Gaza, desde o início da semana até agora. Metade dos pacientes tem menos de 15 anos de idade, incluindo sete crianças com menos de cinco anos. A equipe médica tem feito a remoção de tecidos infectados ou mortos, enxertos de pele e remoção de fixadores externos. Curativos para queimaduras graves também precisam ser feitos pelo departamento cirúrgico.

Informando os feridos sobre as cirurgias secundárias e específicas, espera-se que mais pacientes cheguem ao longo dos próximos dias e semanas. As extensas avaliações de MSF na Faixa de Gaza indicaram uma necessidade significativa de cirurgias específicas e secundárias para pacientes machucados, durante as três primeiras semanas de janeiro. MSF identifica pacientes através de equipes que vão de porta em porta nas àreas mais afetadas pelo conflito, ou através dos profissionais médicos das clínicas. Os hospitais palestinos também referem pacientes para as instalações de MSF, e pronunciamentos de rádio estão sendo realizados, informando a população sobre o tratamento cirúrgico disponível.
Aumentou o número de pacientes que necessitam de tratamento pós-operatório

Mais de 100 curativos e sessões de fisioterapia para tratamento pós-operatório foram realizados na clínica de MSF, na Cidade de Gaza, só no dia 29 de janeiro.Sempre existiu esse grande número de feridos precisando deste tipo de atendimento médico na Faixa de Gaza, mas o número tem aumentado desde a operação militar israelense.

A clínica de Gaza, outra clínica de MSF, localizada no sul da Cidade de Gaza, em Khan-Yunis, junto com mais três equipes móveis, costumava tratar uma média de 240 pacientes por mês. Agora, a triagem para novas admissões foi organizada e os mais levemente feridos são levados para os centros de tratamento de saúde primários, abrindo espaço para os mais recentes feridos pela guerra.Uma terceira clínica para atendimento pós-operatório deve ser aberta ao norte da Faixa de Gaza para dar assistência aos pacientes do leste, das cidades de Jabalia, Beit hanoun and Beit Lahiya.

Os efeitos psicológicos da exposição à uma situação de grande insegurança

Todos foram expostos e não haviam lugares seguros nem possibilidades de escapar.

“É muito cedo para avaliar o impacto psicológico dos últimos bombardeios e conflitos.No momento, os efeitos psicológicos são normais se considerado o período de intensa insegurança ao qual eles foram submetidos”, declarou Angels Mairal,coordenador de programas psico-sociais de MSF, iniciados em 2000.

“Pesadelos, insônia,perda de peso, irritabilidade, pouca concentração,hiper vigilância ou sinais psicossomáticos como dores de cabeça e de estômago, ocorrem com frequência após períodos de grande estresse. Se persistirem por mais de um mês, eles podem ser considerados como sintomas de doença do estresse pós-traumático ou de outra doença psicológica. O tratamento psicológico é necessário para evitar que essas reações se tornem sintomas.”

Uma psquiatra se juntou à equipe de dois psicológos clínicos da Faixa de Gaza. Enquanto continuam as pequenas terapias para os pacientes regulares, que duram entre dois ou três meses, eles vão se focar,através de discussões em grupo, nas necessidade das equipes de emergência, que foram particularmente expostas nas últimas semanas.

Até mesmo na região de West Bank, os psicólogos de MSF tem observado uma deterioração em seus pacientes.

Não teve nenhum pedido, durante as semanas mais recentes, para tratamento psicológico dos 36 pacientes que faziam parte do programa.

” Tudo o que eles pensavam era sobre como sobreviver”, explicou Angels. “A população estava procurando por conselhos práticos, por exemplo, onde era o lugar mais seguro da casa para as crianças. A próxima prioridade era suprir as necessidades básicas, como encontrar um novo lugar se a casa deles tivesse sido destruída.”

Os assistentes socias ajudam os pacientes, no programa psicológico, a encontrar algum suporte através de referências à organizações que dão assistência social.

O psicólogo de MSF confirma, como sempre, que as crianças são as mais vulneráveis.

” O efeito da violência e do estresse nas crianças é dobrado”, diz Angels. “Como todas as outras pessoas, elas são afetadas diretamente, mas elas também sofrem com a incapacidade dos pais afetados de assisti-los da forma como eles precisam. Eles encaram dificuldades maiores, mas os pais estão menos aptos do que antes para assumir o papel deles para com os filhos.”

Mesmo quando não é um período de intensa violência, a situação política e econômica torna difícil para os pais fornecerem aos seus fihos a sensação de segurança.”

A atual equipe cirúrgica de MSF consiste em 25 profissionais, incluindo três cirurgiões,uma enfermeira cirúrgica, seis enfermeiras, e 13 profissionais de apoio. A equipe inteira de MSF em Gaza é composta por 96 palestinos e 14 profisionais internacionais.

Informativo do MSF
http://www.msf.org

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • QUE comentário
    QUE comentário apelativo!!!!

    Nenhuma letra,palavra ou frase pra quem ocasionou tudo issso?

    No mínimo dos mínimos que a culpa seja dividida entre Israel e o Hamas.Ou até 70 a30 por cento a favor do lado que vcs quiserem.

    Mas culpar 100 por cento um lado só?

    Desde quando o HAMAS está preocupado com crianças? Atirou foguetes em ISRAEL querendo acertar quem estivesse pela frente, ensina suas própias crianças a se tornarem homens bombas no futuro, inspiram com gritos de guerra:MORTE aos contrários a nós.

    Como já dissse num post abaixo não há bonzinhos nesta história.
    Mas pousar o HAMAS de vítima é um pouquinho demais.

    Vítima é o povo palestino.

    Mas os algozes estão em Israel e na Palestina tbm( HAMAS)

    É difícil entender isso?

  • Eu entendo a indignação do
    Eu entendo a indignação do amigo 'anarquista'. Mas há que se lembrar de uma coisa fundamental. Nós, médicos, não trabalhamos com romantismo ou com pré-julgamentos (os que tem formação não-monetarista, que são realmente médicos, assim agem). Trabalhamos com fatos, em ações focadas não apenas na sobrevivência do ser humano, mas numa sobrevivência digna.
    O MSF não faz julgamento de valores políticos. Vai em busca de quem precisa de ajuda e faz o que tem que ser feito. E ponto.
    As discussões de valores, se é que as partes desse conflito assimétrico tenham algum, ficam por conta de quem quer lesar a humanidade.
    De todas as vezes que tentei ir às zonas de conflito como médico encontrei as vagas cheias. Hoje sou apenas um contribuinte e sei que a pequena contribuição ajuda muito. Os relatórios trimestrais que recebo são um exemplo do que se deveria fazer com o muito que nos tiram na forma de impostos e taxas.
    A quem interessar contribuir: http://www.msf.org/

    O MSF é uma organização ética. Não precisa de propagandas panfletárias.

    Um abraço

  • Minha homenagem aos médicos
    Minha homenagem aos médicos idealistas que fazem parte do MSF e expõem a própria vida para salvar a vida de outros.

  • Paulo Moser,

    Quer dizer que
    Paulo Moser,

    Quer dizer que se você fosse médico num campo de guerra, atenderia crianças, mulheres e idosos, ou seja, PESSOAS, pela nacionalidade ou ideologia política-religiosa?

    Que juramento você teria prestado no dia da sua formatura?

    Com certeza não seria o do texto abaixo.

    Juramento de Hipócrates

    A Declaração de Genebra da Associação Médica Mundial - 1948, a mais antiga e conhecida de todas, tem sido utilizada em vários países na solenidade de recepção aos novos médicos inscritos na respectiva Ordem ou Conselho de Medicina. A versão clássica em língua portuguesa tem a seguinte redação:

    "Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade.
    Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e minha gratidão.
    Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade.
    A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação.
    Respeitarei os segredos a mim confiados.
    Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão
    médica.
    Meus colegas serão meus irmãos.
    Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes.
    Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza.
    Faço estas promessas, solene e livremente, pela minha própria honra."

    Soledad

  • Anarquista,

    O texto não é
    Anarquista,

    O texto não é apelativo. É um resumo do que médicos estão fazendo num conflito de guerra.

    Não é quem ocasionou tudo isso, e sim, o que adveio de tudo isso!

    Essa mortandade, essa insanidade sem fim!

    Tenho amigo nos dois lados, lá e cá. No começo do conflito, foram feitas em diversas partes da cidade operações sem anestésicos, devido a impossibilidade de trânsito entre um bairro e outro.

    Você consegue imaginar uma pessoa sendo operada em pleno século XXI sem um anestésico? Com ferimentos de explosivos, queimaduras e sabe lá mais que tipo de procedimento cirúrgico adotado?

    O Hammas não é o MSF Anarquista, é uma Organização Humanitária legítima, idônea e referência.

    A dor é dos dois lados. Não existe nacionalidade para ela. Se derem um tiro no seu joelho, você não vai gritar de dor?
    Será que em um israelense seria diferente? Em um tibetano? Colombiano? Haitiano? Português do Congo ou seja lá q

  • Nassif,
    Teclei algo errado e
    Nassif,
    Teclei algo errado e não tinha terminado texto acima.
    Desconsidere por favor, vou enviar novamente.
    Obrigada
    Sol

  • Anarquista,

    O texto não é
    Anarquista,

    O texto não é apelativo. É um resumo do que médicos estão fazendo num conflito de guerra.

    Não é quem ocasionou tudo isso, e sim, o que adveio de tudo isso!

    Essa mortandade, essa insanidade sem fim!

    Tenho amigo nos dois lados, lá e cá. No começo do conflito, foram feitas em diversas partes da cidade operações sem anestésicos, devido a impossibilidade de trânsito entre um bairro e outro.

    Você consegue imaginar uma pessoa sendo operada em pleno século XXI sem um anestésico? Com ferimentos de explosivos, queimaduras e sabe lá mais que tipo de procedimento cirúrgico adotado?

    O Hammas não é o MSF Anarquista, é uma Organização Humanitária legítima, idônea e referência.

    A dor é dos dois lados. Não existe nacionalidade para ela. Se derem um tiro no seu joelho, você não vai gritar de dor?
    Será que em um israelense seria diferente? Em um tibetano? Colombiano? Haitiano? Português do Congo ou seja lá que nacionalidade tenha?

    O site abaixo é da Navah, uma ONG israelense seríssima que presta ajuda psicológica entre outras, às vítimas israelenses. Ou será que as mães israelense sentem dor pela perda de seus filhos de modo diferente de uma palestina, ou haitiana, ou portuguesa, ou senegalesa...

    http://www.navah.org.il/index.html

    O Hammas não é vítima. O Mossad não é vítima.

    Vítimas são pessoas.

    Abraço
    Soledad

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