De O Globo.com
Ban Ki-moon é recebido a pedradas e sapatadas em Gaza
BEIT HANON, Faixa de Gaza – O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e seu comboio foram recebidos a pedradas e sapatadas na Faixa de Gaza, nesta quinta-feira. A recusa do diplomata em se reunir com familiares de presos palestinos e em visitar casas destruídas por bombardeios israelenses irritaram a população, que o acusou de assumir uma postura parcial em relação a Israel.
Cerca de 40 parentes de presos palestinos detidos em Israel se reuniram na Passagem de Erez para protestar contra Ban. Além de pedras e sapatos, manifestantes traziam cartazes com as frases “Ban Ki-moon, muito parcial com Israel” e “Gaza vive na escuridão”. A manifestação acabou por ofuscar o motivo central da visita de Ban a Gaza, cujo objetivo era mostrar os problemas humanitários sofridos pelos palestinos no local.
Irritados com a recusa do secretário em se reunir com familiares de presos palestinos, três homens jogaram sapatos no carro do diplomata – um ato de insulto para os árabes. Parentes formaram uma corrente humana em torno do comboio.
– Viemos aqui em uma mensagem simbólica ao senhor Ban Ki-moon. Palestinos de Gaza querem ter o direito de visitar suas crianças e entes queridos em prisões israelenses – disse Jamal Farwana, porta-voz das famílias dos prisioneiros.
Atualmente, 7 mil prisioneiros palestinos estão detidos em Israel. Desde 2006, parentes de presos de Gaza são impedidos de visitar seus entes queridos por causa das restrições impostas por Israel depois que o grupo extremista Hamas assumiu o poder do território árabe.
Em entrevista a repórteres, Ban tentou abafar a manifestação e agradeceu as “boas-vindas calorosas” do povo de Gaza. Durante sua passagem no território palestino, o secretário-geral da ONU não quis se encontrar com o Hamas. Ao invés, ele se reuniu com organizações de ajuda humanitária e direitos humanos.
– Encontrei muitas pessoas que estavam esperando por mim na entrada (de Gaza) e divido com eles o medo e a frustração. É por isso que estou aqui – disse Ban. – Há um problema social, econômico e humanitário muito grave. As pessoas precisam se deslocar livremente. Eu insto as autoridades israelenses a levantar as restrições completamente.
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