Arruda Botelho responde acusações da Folha de S.Paulo

A matéria requenta fatos já divulgados pela imprensa e invoca depoimentos de Nelma Kodama, cuja palavra já caiu em total descrédito
Jornal GGN – O advogado da Odebrecht, Augusto de Arruda Botellho divulgou nota respondendo a acusação veiculada neste domingo (04) pelo jornal Folha de S.Paulo de que ele estaria sendo investigado pela Polícia Federal por, supostamente, ter comprado documentos sobre a operação Lava Jato de policiais e delegados de dentro da corporação.
No texto, divulgado por sua assessoria de comunicação, o advogado afirma categoricamente que nunca comprou “qualquer dossiê para desqualificar a Operação Lava Jato e prejudicar as investigações”. Afirmou ainda que repudia ver seu nome envolvido em suspeitas, chamando atenção para o fato da matéria da Folha de S.Paulo retomar depoimentos da doleira Nelma Kodama, requentando informações.
Leia à seguir a íntegra da nota de Arruda Botelho.
Nota de esclarecimento
Jamais comprei qualquer dossiê para desqualificar a Operação Lava Jato e prejudicar as investigações. Repudio, portanto, ver meu nome envolvido neste tipo de suspeita, objeto de matéria da Folha de S.Paulo Advogado da Lavo Jato é investigado pela PF, edição de 4-10-2015.
A matéria requenta fatos já divulgados pela imprensa e invoca depoimentos de Nelma Kodama, cuja palavra já caiu em total descrédito. E não registra os esclarecimentos quanto aos encontros que tive com o advogado Marden Maués e os policiais que ele me apresentou, sempre no estrito exercício de minha atuação profissional. Saliento que em petição encaminhada na semana passada à 14ª Vara Federal de Curitiba já havia inclusive confirmado tais encontros, documento ao qual o jornalista teve acesso.
Maior que minha indignação com a absurda suspeita de que teria comprado dossiês, no entanto, é minha preocupação com o odioso constrangimento imposto por autoridades que atuam na Operação Lava Jato contra quem ousa confrontar suas ilegalidades. Afinal, não pode ser coincidência o fato de esta divulgação ocorrer no momento em que estão sendo colhidas, em juízo, evidências de ilícitos praticados na condução da Operação Lava Jato.
                               Augusto de Arruda Botelho

 

Suspeita é de que um dos defensores da Odebrecht tenha pagado por informações sigilosas sobre inquéritos
Apuração teve início com depoimento de doleira, que acusou seu antigo advogado, também sob suspeita
MARIO CESAR CARVALHO
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
Um dos advogados da Odebrecht, Augusto de Arruda Botelho está sob investigação da Polícia Federal sob a suspeita de ter comprado de policiais dossiês com informações sigilosas ou falsas para desqualificar os delegados da Operação Lava Jato e prejudicar as investigações.
Há suspeitas de que anotações encontradas pela PF no bloco de notas do celular do presidente do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, preso desde 19 de junho, possam ter alguma relação com a suposta estratégia ilegal para atrapalhar as apurações.
Um desses textos dizia: “Trabalhar para anular (dissidentes PF…)”, o que foi interpretado pela polícia como sinal de que ele pretendia fazer algo para acabar com a investigação. A Odebrecht sempre refutou essa versão.
Os “dissidentes” da anotação, segundo suspeita da PF, podem ser os mesmos policiais que teriam vendido as informações secretas.
A PF colheu indícios de que o preço dos dados sigilosos pode ter variado de R$ 500 mil a R$ 2 milhões. Entre as informações que teriam sido vendidas, estavam datas de prisões e buscas em empreiteiras, o que permitiria às empresas esconder material que poderia ser apreendido.
Um delegado e um ex-agente da PF são os principais suspeitos pela suposta venda, segundo a portaria que instaurou o inquérito. Paulo Renato de Souza Herrera foi um dos primeiros críticos dos delegados da Lava Jato e está afastado para tratamento psicológico. O ex-agente é Rodrigo Gnazzo.
Outro advogado, Marden Maués, que atuou na defesa da doleira Nelma Kodama, também aparece na investigação sob suspeita de que teria ajudado os policiais a negociar informações secretas.
Botelho e Maués refutam as suspeitas e dizem que o inquérito é uma tentativa da PF de constrangê-los por terem apontado irregularidades na Lava Jato (leia texto abaixo).
Dois advogados de Curitiba, ouvidos pela Folha sob a condição de que seus nomes não seriam revelados, disseram que foram procurados pelos policiais investigados.
Além de dossiês, um deles oferecia os serviços de um hacker que dizia ser capaz de invadir computadores da PF em Curitiba, nos quais estão armazenados dados da Lava Jato, e alterar informações ali armazenadas. Os advogados dizem ter recusado a oferta.
DOLEIRA
Um dos indícios apontados pela PF de que houve venda de informações foi a publicação de uma reportagem sobre mensagens que os delegados da Lava Jato trocavam num grupo fechado do Facebook.
Como só policiais da Lava Jato faziam parte do grupo, a suspeita é que o delegado investigado tenha vendido essas informações para desqualificar politicamente o grupo.
As mensagens mostravam os delegados elogiando o então candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, e criticando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Numa das mensagens, o delegado Márcio Anselmo dizia “alguém segura essa anta, por favor”, ao comentar uma notícia sobre Lula.
A reportagem foi publicada em novembro de 2014 pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.
O inquérito, que corre em segredo de Justiça, foi instaurado a partir de informações prestadas pela doleira Nelma Kodama. Condenada a 18 anos de prisão, Nelma negocia um acordo de delação premiada e prestou depoimentos relatando o que diz ter ouvido de seu antigo advogado, Marden Maués.
Redação

Redação

View Comments

  • Só agora é que os vazamentos se tornaram criminosos????

     

    Agora, só agora, a grande imprensa viu algo de errado na sangria desatada de vazamentos dessa operação? Vazar mais que os tubos velhos da Sabesp para a grande imprensa, desde que seja algo contra o PT e aliados pode; vazar uma "canequinha" contra "Aécistas", não pode é crime hediondo? É muito cinismo pro meu gosto.

    E agora estão falando até do preço de cada vazamento, então quanto custou os sem números de vazamentos, seletivos é claro, que escorreram, COINCIDENTEMENTE, para as páginas da grande imprensa? Quanto teria custado aqauela capa da Veja um dia antes da eleição (pior que com informações que não se confirmaram)? Parodiando um dito popular "hipocrisia pouca é bobagem".

  • Em outras palavras, o cara eh

    Em outras palavras, o cara eh um craque de advogado que previu (literalmente previu) varios dos movimentos da investigacao em relacao ao seu cliente e o protegeu, a pf o esta acusando vaziamente desde o principio por puro complexo de inferioridade (igualzinho o FBI!) e pediu pra falha de Sao Paulo pra requentar o assunto.

    • É no que deu esse processo

      É no que deu esse processo conduzido por uma mídia abjeta em conluio com forças que se apoderam das Instiutuições para a prática de viganças e abusos de toda a ordem, faz parte dessa engrenagem grupos que vão desde a Dinastia Arns a uma PF que virou polícia política a serviço do PSDB, um MPF cujos procuradores se dão ao luxo de abrir as portas para que investigadores e abustres de outros paises façam o que bem entendam para destruir nosso patrimonio, um judiciário que treme de medo dos coronéis eletronicos como os irmãos Marinho empaturrados de muita grana,..só uma Comissão da Verdade prá informar ao povo brasileiro o que de fato ocorre na República das Araucárias ou, como dizem, só jesus na causa....

  • Alguem se lembra que um
    Alguem se lembra que um delegado da PF se aliou a Ze Serra para inventar que o PT teria tentado comprar um dossie contra ele Serra.....foi com essa farsa que Serra evitou a subida de Mercadante nas pesquisas na disputa pelo governo de Sp...tatica manjada essa da farsa da compra de dossies...

    • manjadíssima mesmo...

      mas também reveladora

      praticamente a primeira e, talvez, a única comprovação da materialidade de um crime

      interessante ser dentro da lava jato

      • mesmos erros do passado...

        uma parte da polícia federal, ao que parece, não mudou nada

        culpar os outros por algo praticado pelos seus

  • Acabou o Estado Democrático de Direito

    Um procedimento corriqueiro dos fascistas é promover  assassinatos: físicos ou de reputação.

    O grupo fascista do Paraná é especialista no assassinato de reputações, pois tem um acordo tácito com as grandes empresas de mídia.

    Não tenho conhecimento de nenhum assassinato físico. Mas por que a sede da PF de Curitiba é chamada de Guantanamo ?

     

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