A corregedora-nacional de Justiça, Eliana Calmon, disse nesta terça-feira (19) que pretende conversar com o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, responsável pela Operação Monte Carlo e que determinou a prisão do bicheiro Carlinhos Cachoeira no fim de fevereiro.
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) anunciou na segunda que ele foi substituído no processo, que corre na 11ª Vara Federal de Goiânia.
Nesta terça (19), o jornal “O Estado de S.Paulo” divulgou ofício do juiz ao corregedor-geral do TRF-1, Carlos Olavo, em que o magistrado afirma não ter condições de permanecer no caso por sofrer ameaças: “Vivo situação de extrema exposição junto à criminalidade do estado de Goiás”, relatou.
No documento, o juiz relata que segue esquema de segurança, mas diz que sua família foi abordada. “Minha família, em sua própria residência, foi procurada por policiais que gostariam de conversar a respeito do processo atinente Operação Monte Carlo, em nítida ameaça velada.”
Antes de reunião do Conselho Nacional do Justiça (CNJ) desta terça, Eliana Calmon disse que foi procurada pelo juiz Paulo Augusto Moreira Lima antes da Operação Monte Carlo, quando ele relatou falta de respaldo da Justiça Federal de Gioânia para sua atuação no processo. Ela afirmou que enviou um juiz auxiliar da Corregedoria Nacional para apaziguar a situação.
Eliana Calmon se disse surpresa com o documento enviado pelo magistrado ao TRF. Ela afirmou ainda que pretende dar todo apoio ao juiz. A corregedora contou que acionou a Associação dos Juízes Federais (Ajufe) para que o magistrado relate as ameaças e que garantiu que vai acompanhar a apuração do caso feita pela Corregedoria de Goiás.
Novo juiz do caso
Eliana Calmon falou ainda da suposta amizade do novo juiz designado para o caso, Leão Aparecido Alves, com um dos suspeitos na Opeção Monte Carlo, José Olímpio Queiroga Neto, suspeito de comandar a abertura e fechamento de pontos do jogo ilegal em Goiânia. Para ela, se comprovada a ligação, Alves não poderia assumir o processo.
Nesta terça, Leão Aparecido Alves anunciou que se declarará impedido de julgar o caso.
Eliana Calmon relatou ainda que, entre os telefones grampeados pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, está um telefone em nome do juiz Leão Alves. Ele teria justificado ao CNJ que o telefone estava sendo usado por sua mulher.