Corregedor da UFSC reassume atacando grupo de reitor morto

Autor das denúncias que originaram Operação Ouvidos Moucos, Rodolfo Hickel retomou atividades após três meses de licença
(Arquivo pessoal)
Jornal GGN – O corregedor-geral da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rodolfo Hickel do Prado, responsável pela denúncia que deu origem a Operação Ouvidos Moucos da Polícia Federal, para investigar supostos desvios nas fundações de apoio à pesquisa na instituição de ensino, voltou a atuar no cargo depois de três meses afastados por licença médica.
O caso ganhou repercussão após o suicídio do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, no dia 2 de outubro, 18 dias após ser preso na ação realizada com grande estardalhaço: com um batalhão de uma centena de policiais que invadiram as repartições administrativas da Universidade apreendendo documentos e equipamentos. Após prestar depoimento, Cancellier foi liberado, mas impedido de retornar à universidade. Já a delegada que comandou a ação, Erika Marena, será transferida para Sergipe e o inquérito que conta com mais de 3 mil páginas, boa parte acrescentadas após a morte do reitor, será tocado por uma equipe da PF com o auxílio de cinco funcionários da Controladoria-Geral da União.
Em entrevista ao jornal O Globo, Hickel diz que não se sente responsável pela morte do reitor: “Sigo no meu intuito de apurar todo e qualquer ilícito. Doa a quem doer” comentou. Ele também seguiu acusando o grupo em torno de Cancellier de envolvimento no esquema, mesmo sem apresentar novas provas.
“A barbaridade é que as pessoas do Cancellier continuam na administração da UFSC e nas fundações onde está todo o esquema.”
A acusação é que, com o consentimento, ou pelo menos conhecimento do reitor, um grupo de professores atuava desviando recursos dos cursos de administração e física da Educação a Distância (EAD) do Programa Universidade Aberta na UFSC.
Hickel afirmou à PF e ao Ministério Público Federal que em dezembro de 2016 recebeu um telefonema anônimo alertando sobre os desvios e que, ao levar ao conhecimento de Cancellier teria ouvido que não deveria apurar.
Cancellier negou a acusação, mas foi acusado na Operação Ouvidos Moucos de obstruir a investigação interna da corregedoria da Universidade. Vale destacar que Hickel é considerado entre os funcionários da UFSC como um desafeto de Cancellier e amigo da ex-reitora Roselane Neckel, que o conduziu pela primeira vez ao cargo.
O corregedor-geral da Universidade entrou em licença médica no dia 24 de outubro e deveria ter retornado ao trabalho em janeiro, mas requisitou férias. Ao Globo ele negou que seu afastamento tinha relação com os epsódios da instituição, mas não quis revelar o motivo da licença.
Também vale destacar que além dele, no inquérito aberto para investigar o caso consta ainda o depoimento da professora Taisa Dias. A coordenadora do EaD do curso de Administração, disse que levou a denúncia à Corregedoria (comandada por Hickel), mas conta que primeiro teria avisado ao reitor, mas ele não tomou providência e passou pressioná-la para deixar o cargo.
Nas primeiras informações divulgadas, a PF afirmou que as suspeitas são de desvios de R$ 80 milhões no pagamento de bolsas e verbas de custeio paras as despesas dos cursos. Porém, aliados de Cancellier contestam os números e dizem que os valores reais sob suspeita não ultrapassam R$ 500 mil e que o reitor não sabia dos supostos desvios.
A realidade é que, além de duas pessoas que acusam o reitor morto – uma delas desafeto -, e de uma delegada que está sendo afastada do caso, a Operação Ouvidos Moucos completará em poucos dias 5 meses sem nenhuma pessoa indiciada até o momento.
Além de Cancellier, outros seis professores que estão sob investigação foram afastados e, segundo advogados, todos evitam sair na rua, atender telefonemas ou dar entrevistas e a maioria faz tratamentos psiquiátricos e psicológicos. Hickel também tem sido alvo de protestos de alunos e hostilidades de funcionários.
Alvo de sindicância
Para completar o cenário de incertezas, Hickel se tornou alvo de uma sindicância da Controladoria-Geral da União (CGU) que apura a atuação dele em casos de perseguição de professores e busca saber os motivos da sua licença médica. Familiares do reitor morto também pretendem responsabilizá-lo judicialmente pelas acusações supostamente infundadas.
Seu mandato de corregedor-geral termina em maio e, quando perguntado pelo Globo se pretende se candidatar novamente, disse que não tem certeza, porém isso dependerá do resultado da eleição para a escolha do novo reitor da UFSC, marcado para março.
“Se o mesmo grupo (do Cancellier) seguir no comando, eu não me candidato. Será impossível fazer meu trabalho e custará a minha saúde”.
Redação

Redação

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  • Não basta levar um inocente

    Não basta levar um inocente ao suicídio... Eles têm que tripudiar do falecido. O cinismo e a falta de humanidade dessa gente é impressionante.

    Bom ver que a família de Cancellier tem paz no coração. Se alguém fizesse isso com um membro da minha família, eu provavelmente faria uma loucura.

  • Não impressiona.

    Ele não tem outra saída, senão levar a sua farsa até o fim. 

    Mas a casa vai cair.

    Como foram suas "férias"?

  • Uma corja

      Canalhas, sempre serão canalhas. 

      Além de provocar esta "operação" midiática, que levou 

    à morte do reitor, este sem vergonha retorna ao trabalho

    atacando quem não pode mais se defender.

  • Lavajatista

    Avisem à ele que seu antecessor era um lavajatista juramentado , que preferiu usar os olhos , cerebro e ouvidos moucos para as ilegalidades e violaçoes constitucionais da operaçao ,tomando uma atitude extrema  depois que provou do terror que antes aplaudia . 

  • Custará a minha saúde....

    Porco, hipócrita.  Levou ao suicídio o reitor, seu desafeto, com acusações até agora sem provas.

  • Bezerra da Silva já

    Bezerra da Silva já disse: "Vc de arma na mão é um bicho feroz, sem ela anda rebolando e afinando a voz"

  • Ruim
    Péssimo texto principalmente no que se refere aos valores envolvidos, a repórter não fez o dever de casa, muito ruim

  • Tem que ouvir o médico que o

    Tem que ouvir o médico que o atendeu e saber por qual "doença" ele "se afastou" logo depois da morte do Reitor. Ahhh e fazer perícia médica nesse sujeito. Apesar que as perícias no país hoje em dia, estão "um meio complicadas".

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