Delação da Odebrecht sobre crimes em São Paulo é travada no Ministério Público
Jornal GGN – As investigações envolvendo corrupção de empreiteiras junto ao governo de São Paulo correm o risco de arquivamento por falta de provas. É o que mostra reportagem do Estadão nesta segunda (2).
Segundo o jornal, a Promotoria do Patrimônio Público não consegue destravar os acordos de delação com a Odebrecht que renderiam provas para fundamentar inquéritos em andamento. Um deles atinge Gilberto Kassab. Outros, Geraldo Alckmin e o ex-diretor da Dersa e suposto operador do PSDB, Paulo Vieira de Souza, mais conhecido como Paulo Preto.
Os inquéritos foram instaurados a partir da divulgação da delação da Odebrecht junto à força-tarefa do Ministério Público Federal na Lava Jato. Porém, a Promotoria de São Paulo não pode compartilhar das provas daquele pacote de delações porque não assinou o acordo de leniência. Por isso, precisam correr atrás de provas que derivem de novos acordos.
A questão é que o acordo com a Odebrecht vem sofrendo resistência dentro do próprio Ministério Público Estadual e, em certa medida, na Justiça.
Por parte dos promotores, não há consenso quanto aos benefícios que estão sendo prometidos à Odebrecht. Em troca de “eventuais provas”, diz o Estadão, o MP-SP estaria negociando imunidade processual, 22 anos de prazo para pagar multa milionária, mais a possibilidade de retomar obras em São Paulo e abater desses contratos os valores que serão devidos em função do acordo.
A reportagem do Estadão ouviu de um criminalista que não é conveniente oferecer ou negociar tantas vantagens se não há nenhuma garantia de que as provas que serão entregues serão valiosas.
A preocupação não é à toa. Um dos acordos já celebrados, que denuncia pagamento de propina a um ex-secretário de Infraestrutura, Elton Santa Fé Zacarias, a Justiça negou a homologação. Um dos motivos é que a delação se sustentava apenas no relato verbal dos colaboradores. Não havia, portanto, provas documentais que corroborassem a denúncia.
Ainda de acordo com o Estadão, há promotores que não estão aguardando o desfecho junto à Odebrecht. Como solução, eles negociaram benefícios em troca de provas com outras empreiteiras, como a Camargo Corrêa.
Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Kassab, Alckmin, Serra?
São
Kassab, Alckmin, Serra?
São Paulo tem o maior habeas-corpus do mundo.
Deste jeito, caro leitor.