Na semana da eleição, Moro alimenta artilharia da mídia e Lava Jato contra o PT

Numa só tacada, juiz da Lava Jato libera delação de Palocci à imprensa e se nega a suspender prazos para alegações finais contra Lula até que a eleição tenha sido concluída. O mais curioso, contudo, é que o próprio juiz admite que sequer irá utilizar a delação de Palocci neste julgamento

 

 

Jornal GGN – O primeiro turno da eleição presidencial acontece no próximo domingo, dia 7 de outubro, e o juiz Sergio Moro acaba de dar sua contribuição para o “debate público”: ele decidiu anexar um capítulo da delação de Antonio Palocci a um dos processos da Lava Jato contra Lula em Curitiba. O curioso é que, ao incorporar o trecho da colaboração premiada à ação penal e levantar o sigilo para a imprensa ter acesso, Moro esclareceu que não irá utilizar a delação oficial no julgamento do ex-presidente.

É o que informa o despacho divulgado nesta segunda (1º). Moro escreveu: “Observo que, apesar da juntada ora promovida, quando do julgamento considerarei apenas, em relação aos coacusados, o depoimento prestado por Antônio Palocci Filho sob contraditório na presente ação penal.”

Na prática, se a delação de Palocci não serve ao julgamento da ação penal, o que Moro faz ao anexar o termo de colaboração aos autos do processo, e dar publicidade à imprensa, é alimentar o noticiário contra Lula, PT e outras figuras do partido. 

Palocci, na situação de réu (não delator oficial), prestou depoimento criminalizando as condutas de Lula enquanto presidente em todas as ações que tramitam sob a jurisdição de Moro. São estes os depoimentos que o juiz prefere usar no julgamento, já que a Lava Jato em Curitiba não quis assinar uma colaboração premiada com o ex-ministro da Fazenda. Foi por isso que Palocci negociou a questão com a PF. O acordo foi homologado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. A Polícia Federal recomendou redução da pena em 2/3 terços mais pagamento de R$ 35 milhões em multa. 

ALEGAÇÕES FINAIS

Além de divulgar uma delação que não será útil ao julgamento de Lula, Moro tomou outra decisão que prepara o campo de batalha da Lava Jato contra o ex-presidente e o PT nesta semana que antecede o 1º turno: negou um pedido da defesa para adiar o recebimento das alegações finais que os procuradores de Curitiba irão apresentar sobre o processo que envolve o Instituto Lula e um apartamento de Glaucos da Costamarques.

A defesa argumentou que a apresentação das alegações finais pelo Ministério Público, cujo prazo expira em 8 de outubro, será explorada eleitoralmente contra o PT bem na semana da eleição. Moro, em outra ação, a do sítio de Atibaia, impediu que Lula prestasse depoimento antes do segundo turno para evitar “uso eleitoral”.

Dessa vez, porém, como trata-se do último documento que será apresentado pelos procuradores liderados por Deltan Dallagnol contra Lula antes da sentença, Moro não quis saber de adiar, não importando a proximidade com o pleito.

“Não vislumbro os mesmos riscos na continuidade do curso normal da presente ação penal, já que não haverá mais audiências, mas apenas a apresentação de peças escritas”, escreveu.

Na mesma toada, Moro também negou a suspensão do processo até que a Comissão de Direitos da ONU julgue o mérito de um recurso movido por Lula no órgão internacional. Neste trecho em especial, o juiz da Lava Jato subiu o tom ao rebater a tese de perseguição ao petista, alegando que Lula criou uma “farsa”.

“Ninguém está sendo processado ou julgado por opinições políticas. Há sérias acusações por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Se são ou não procedentes, é questão a ser avaliada na sentença. Terá a Defesa a oportunidade de apresentar todos os seus argumentos nas alegações finais, mas a farsa da invocação de perseguição política não tem lugar perante este Juízo.”

A decisão de Moro está em anexo, abaixo.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

View Comments

  • Os mesmos que acham um

    Os mesmos que acham um absurdo a liberação da etrevista de Lula tão perto do primeiro turno não encontram nenhum problema em Moro liberar para a imprensa a delação do Palocci na semana da eleição.

    • São coisas diferentes

      ...prezado. Não somente a prisão de Lula sem razões legais deve ser ponderada, mas também o fato de as tentativas de entrevistas serem bem anteriores às eleições nesta semana. Somente agora por razões que não caberiam neste espaço é que foi concedido, não ao ex-presidente mas a um órgão de imprensa (com toda a dificuldade que o Bela Cabeleira causou) um direito básico. Lembrar também que tivemos tentativas de mante-lo isolado até de visitas (Boff e tantos outros).

      Evidente que o uso de uma delação (que sem provas ou bases é um disse-que-me-disse) é bem vazia e o timing do Nazistazinho em seu uso é pura malandragem - e que você percebeu corretamente como um erro - voltado para pessoas que são movidas a manchetes do pior tipo de imprensa.

      Ainda que a torcida (não vou dizer nem pelo Lula/Haddad, mas pelo que é correto) seja grande não é possível deixar de perceber que são coisas bem distintas e tem o mesmo peso. O certo, certo mesmo seria o ex-presidente concorrer à eleição como é o desejo da maioria dos votantes, mas como pode ver faz-se de tudo, dentro das limitações de suas incompetências para que não.

      Torço não exatamente pelo Lula e o PT, e pode até parecer glichê, mas pela retomada do poder do voto que é a expressão do poder do povo. Não atender isso é reeditar um "Fora Dilma" e suas consequências funestas ao país todo, que percebemos claramente.

       

  • Lulão

    O golpista de preto vai ter que cooncorrer com a entrevista do Lulão. Como de costume, fora a folheca paulistana, é provável que os demais meios de propriedade dos oligarcas simplesmente silenciem ou se apeguem aos aspectos negativos da entrevista. Vamos ver quem leva a melhor, porque as mídias alternativas estão jogando nesse certame. 

    Por falar nisso, qual seria a posição do GGN sobre às reiteradas denúncias de censura ao jornal da parte do facebook, feitas por diversos comentaristas nos últimos dias? 

  • Tão, mas tão encomendada!...

    Delação tão, mas tão encomendada, que contém afrmações tais quais:

    1) "quanto maior o tempo no poder, maior a corrupção praticada" - mas na primeira oportunidade, o Pulhocci vai retificar para: "quanto maior o tempo do PT em qualquer poder, maior a corrupção praticada, e quanto maior o tempo do PSDB no poder, menor a corrupção";

    2) "a ideia de nacionalizar o pré-sal surgiu porque seria mais fácil obter propina das empresas nacionais que das petrolíferas estrangeiras". Estão aí o Temer e o Serra quase se borrando de rir ao ler isso.

     

    Only morons say Moro is a judge.

  • Acho que já falaram tudo o

    Acho que já falaram tudo o que podia ser dito acerca desse rapaz. Mas quando um juiz (sic)  desce ao ponto de dizer que se trata de uma farsa, está a autorizar o réu a qualificá-lo de farsante na mesma medida, por uma questão de igualdade lógica de teses contrárias, não está?

    _Se tem algum farsante aqui é você, muleque! 

    De qualquer forma, invejo a capacidade do rapazote em vender seu peixe às custas da instituição.

     

  • O ativismo político desse

    O ativismo político desse juiz já extrapolou há muito tempo aquilo que nossa frágil legalidade suporta. É incrível a irresponsabilidade desse senhor. 

  • Eu estou aqui tentando

    Eu estou aqui tentando encontrar um adjetivo melhor que descreva um certo juiz.

    Mas nada se encaixa melhor do que UM GRANDÍSSIMO FILHO DA PUTA!

  • Ate quando ?

    Até quando continuarão IMPUNEMENTE estuprando a consciência da população para perpetuar o sequestro da nação brasileira ?

    A revolução iraniana deu belos exemplos para os países vítimas do sequestro imperialista .

    "Autoridades" colaboradoras da SAVAK sendo conduzidas para julgamento :

     

  • O ministro do coiso?

    Atenção progressistas, nunca é demais lembrar que "o coiso" quer o "juiz de preto" como seu ministro:

     Aqui "O Coiso" diz que quer indicar o juiz de preto como ministro do supremo:  [video:https://youtu.be/RxvcKadcnsU%5D  E aqui o coiso batendo continência para o juiz de preto:  [video:https://youtu.be/KAjCgQyr_MU%5D  Finalmente, como o juiz de preto, o coiso bate continência para a bandeira americana, mais ou menos como o juiz de preto:  [video:https://youtu.be/8M1dUtgFd0g%5D

  • Reta Final

    Nassif: ponha-se no lugar do Savonarola dos Pinhais. Se o Sheik das Arábias ganhar ele se fú. A começar pela indústria da delação, tão bem conduzida e remunerada por gente do seu círculo íntimo de relações, fica comprometida pacas. Corre risco até de requerer (no próprio juizo) RecuperaçãoJudicial. Afinal é uma "indústria".

    Tudo bem que há uma patota que lhe dá cobertura, já que Tatu não sobe em árvore. Mas o quadro fica arranhado e a pintura, comprometida.

    Tudo bem que aquele governo que lhe dá "cobertura" já avisou que, a seu pedido, eles põem ordem no quintal. E, se necessáio, pode usar o greencard.

    Por isto (talvez) a investida, que só perde praquela dele sobre o Richa, à favor dos políticos Arns,intimos de parentes seus, mereça tamanha intensidade. O cara quer, a todo custo, destruir moralmente o MelianteOperárioNordestino. O que não tem sido fácil.

    Eu, no lugar dele, falava pro Japonês seguir o Bispo. E você?

Recent Posts

Governo federal organiza força-tarefa para trabalho no RS

Escritório de monitoramento em Porto Alegre vai concentrar dados sobre ações a serem tomadas por…

11 horas ago

Justiça anula votação e interrompe venda da Sabesp

Decisão afirma que Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou texto sem realizar audiência pública…

12 horas ago

União e Espírito Santo rejeitam proposta da Vale/Samarco

Oferta de compensação apresentada pelas mineradoras “não representa avanço em relação à proposta anterior (...)”

14 horas ago

Concurso Nacional Unificado é adiado por estado de calamidade do RS

"O nosso objetivo, desde o início, é garantir o acesso de todos os candidatos", disse…

14 horas ago

Ministro Alexandre de Moraes determina soltura de Mauro Cid

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro assinou acordo de colaboração premiada; militar estava preso desde…

14 horas ago

A pequena recuperação da indústria, por Luís Nassif

Em 12 meses, a indústria geral cresceu 2,27%. E, em relação ao mesmo período de…

14 horas ago