Agência Nacional de Águas vai visitar 52 barragens em três meses

Jornal GGN – Duas semanas após o rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho, Minas Gerais, e com o evacuamento de duas cidades mineiras por riscos de rompimentos, nesta sexta-feira (08), a Agência Nacional de Águas (ANA) informou que preparou um plano especial para fiscalizar, presencialmente, 52 barragens até maio deste ano.

A medida foi tomada após a Agência concluir um diagnóstico sobre todas as barragens em operação e decidiu pela necessidade de vistoria presencial de mais de 50 barragens no país.

A análise levou em consideração 23 barragens que não foram vistoriadas no ano passado, outras 3 que já foram consideradas críticas por apresentarem “comprometimentos que impactam sua segurança”, segundo a ANA, e mais 11 barragens que ainda não estão operantes e que integram o projeto do Rio São Francisco (PISF).

Um primeiro balanço listou um total de 91 barragens sob responsabilidade da Agência Nacional de Águas que foram consideradas, no último dia 29 de janeiro, como de “alto dano potencial” e “alta categoria de risco”. Mas destas, nos últimos dois anos 68 já foram fiscalizadas presencialmente e realizados relatórios de conclusão. Mais 11 ainda não estão em operação, por isso estão vazias, e 5 estão em construção ou com obras paralisadas.

“As sete remanescentes são barragens de pequeno porte, soleiras de nível e aterros rodoviários, também já vistoriadas pela ANA, que não apresentam problemas de segurança”, informou a Agência.

Além destas duas listas de barragens, as de alto risco e as que serão agora vistoriadas, as demais 39 barragens que não foram incluídas como prioritárias para fiscalização até maio deste ano já foram vistoriadas recentemente e há um prazo para nova análise até o fim deste ano.

A medida ocorre porque após o rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho, Minas Gerais, o governo federal recomendou que 3.387 barragens consideradas “categoria de risco alto” ou “dano potencial associado alto” passem por fiscalização presencial até o fim deste ano.

Além disso, a Agência está preparando um Plano Nacional de Segurança Hídrica (PNSH), que será lançado em abril deste ano, para investir na operação e manutenção das barragens de usos múltiplos que foram consideradas estratégicas e a Política Nacional de Segurança de Barragens deve ser revista.

Nesta sexta-feira, cerca de 500 moradores de Barão de Cocais, em Minas, a 200 km de Belo Horizonte, foram retirados de suas casas, por medida de segurança, uma vez que a Barragem Sul Superior da Mina de Gongo Seco, da Vale, teve o nível 2 de risco acionado.

A medida foi tomada pela Agência Nacional de Mineração, a Defesa Civil do estado e do município e pela empresa Vale, que verificaram um desnível na estrutura.

Além disso, também nesta sexta, cerca de 200 pessoas de uma comunidade próxima à barragem Serra Azul, em Itatiaiuçu (MG), também foram removidas do local por medida de precaução da ArcelorMittal Mineração, que informou a necessidade de “inspeção e auditoria minuciosas”.

“Empregando uma metodologia mais conservadora, a auditoria independente responsável pela declaração de estabilidade revisou o último relatório e adotou para a barragem um fator de segurança mais restritivo”, informou a empresa.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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