Meio Ambiente

Lula e o submersível, por Ricardo Mezavila

Lula e o submersível

por Ricardo Mezavila 

Em discurso na Cúpula do Novo Pacto de Financiamento Global, em Paris, o Presidente Lula convidou as nações ricas para um passeio em seu submersível até os escombros do Titanic social naufragado na América Latina e África. 

O sentimento de estar diante de uma forte liderança mundial ficou visível nas câmeras que flagravam líderes mundiais com olhares atentos e lábios inquietos, expressando profundo interesse nas palavras corajosas e arrojadas de quem entende as raízes da desigualdade. 

“Nós estamos em um mundo cada vez mais desigual e cada vez mais a riqueza está concentrada nas mãos de menos gente e a pobreza concentrada na mão de mais gente. Se nós não discutirmos essa questão da desigualdade e se a gente não colocar isso com tanta prioridade quanto a questão climática, a gente pode ter um clima muito bom e o povo continuar morrendo de fome em vários países do mundo. Não é só na África não. É na América Latina, é no Brasil”, disse Lula

Lula desafiou o FMI, a ONU, o poder econômico internacional, disse que não entende o porquê de ter de usar o dólar como moeda nas transações comerciais com a Argentina, que vai discutir sobre alternativas de câmbio na próxima reunião dos BRICS em setembro. 

Sempre utilizando o argumento da verdade, cobrou que os países desenvolvidos cumpram aquilo que assinaram no Protocolo de Kyoto, no Acordo de Paris e em tantos outros Tratados Internacionais sobre meio-ambiente que não saem do discurso. 

Como está recolocando o Brasil de volta na prateleira de cima e com a presença da Presidenta Dilma no evento, Lula lembrou: “Quando fui presidente do Brasil de 2003 a 2010 e a presidente Dilma de 2010 a 2016, a ONU reconheceu que o Brasil tinha saído do mapa da fome. Naquela época a gente tinha feito com que 36 milhões de pessoas saíssem da miséria absoluta e 40 milhões ascendessem a um poder de compra de classe média. Treze anos depois eu volto à presidência e outra vez trinta e três milhões de pessoas estão em situação de fome” 

Lula fez bem em dispensar o discurso escrito, porque dá a impressão de palavras ao vento, e adotar o discurso orgânico, que direciona as palavras pelos caminhos objetivos que levam ao alvo, e que deixou o Presidente da França, Emmanuel Macron, que tem muitos pontos divergentes de Lula, com a expressão facial de quem quer dizer: “esse é o cara”. 

Equipamentos de buscas submarinas detectaram sons de aplausos no encerramento da fala de Lula, que não implodiu o submersível, mas emergiu de seu discurso com oxigênio suficiente para que cada líder mundial reflita depois de uma lição de bem-estar social nas águas mais profundas da humanidade. 

Ricardo Mezavila, cientista político

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Redação

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