Muito além de um copo de vidro, por Alfeu

Muito além de um copo de vidro, por Alfeu

Com as grandes navegações, o continente europeu se lança ao mar na conquista de regiões desconhecidas, longíquas e inimagináveis. A exploração das imensas riquezas naturais agora disponíveis necessitou de mão de obra na mesma proporção, principalmente escrava que podia ser local ou traficada de outras regiões.

Entre idas e vindas, nesses últimos seis séculos, sistemas econômicos e políticos se transformaram, nessas regiões surgiram países que mesmo independentes politicamente mantiveram o mesmo papel a eles designados, mantendo as antigas e introduzindo novas  práticas, a mão de obra mesmo se tornando assalariada, continuava sendo explorada.

Atualmente podemos ver que de maneira global que tudo isso acabou resultando na degradação ambiental e na extrema miséria.

A água vai também através do tempo se escasseando, e como riqueza, o seu manejo e disponibilidade é restrito para alguns que continuam com as antigas práticas de produção e introduzem novas, mantendo o seu uso de forma ilimitada. Nos últimos tempos uma nova fronteira tem sido utilizada, os aqüíferos, que são reservatórios subterraneos de água e que já estão dando sinais de esgotamento. (1) (2)

https://www.youtube.com/watch?v=p8PsXPnnYuw align:center]

Mesmo tendo o conhecimento dessa situação crítica o imediatismo cega a razão onde não há a perspectiva de mudança de tal prática; agora o “erro” é calculado. (3)

O problema é gigantesco, pois a solução destes esbarra em diversos interesses além da mudança de paradigmas, que tenha como elemento central o ser humano. Todavia nos dias de hoje a publicidade é um elemento fundamental até nas relações pessoais. A falta de uma discussão aprofundada dos problemas do país pela mídia, abre um espaço para que a publicidade em uma campanha de abordagem social, indique ao consumidor, e não o cidadão, a boa ação a ser feita, e logo em seguida deixa-o com a sensação do dever cumprido.

https://www.youtube.com/watch?v=AEtJNMGa8fE align:center]

O Brasil, mesmo possuidor de aqüíferos (4) com grandes reservas, não os utiliza de forma comprometedora pelo menos por enquanto. Pelo contrário, através de políticas públicas, e só por esse caminho é possível, outras fontes de fornecimento e de armazenamento de água foram possíveis a democratização dessa fonte vital gerando uma transformação no ambiente do semi-árido, que anteriormente foi palco de extermínio de pessoas, não por ação de repressão mas de omissão do Estado, além do êxodo contínuo, uma verdadeira diáspora interna.

As demandas para o acesso à água eram muitas, as soluções praticamente já existiam faltava a execução. O sucesso dessas políticas não se restringia a água, pois elas eram insuficientes,  precisava ainda de outras ações políticas como o Bolsa Familia. Dentre elas destaca-se  as cisternas (5),  que só foi possível devido a sabedoria do cidadão do semi-árido, por sua racionalidade no uso da água disponível, e dessa forma pode-se dividir as  cisternas  para o uso humano e para sua subsistência na agricultura e na pecuária. Nota-se que o programa prioriza a subsistência do habitante da região assim como a produção, longe do consumismo que tanto se apregoa.

A  Transposição do São Francisco foi a outra ação de extrema importância para o acesso da água; alcançando milhões de pessoas, que além de suprir as necessidades básicas, promove  também o lazer de todos. Foi uma obra pública das mais importantes do últimos tempos.

https://www.youtube.com/watch?v=N6g5IgvqHfk align:center

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[video:https://www.youtube.com/watch?v=PhLiJF0-Hec align:center

                   Poema de Manuel Bandeira, musicado por Paquito

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(1) Irrigação agrícola intimamente ligada a esgotamento de águas subterrâneas – Esquerda.net

(2) Índia: seca se expande e afeta agricultura e reservas de água em quase metade do país – Opera Mundi

(3) Com seca histórica, Califórnia usa técnica para produzir alimentos que levou agricultura da Arábia Saudita ao colapso – Opera Mundi

(4) Amazônia tem “oceano subterrâneo” – Agencia Fapesp 

(5) Adeus às secas com milhões de mortos – Envolverde (em cache)

 

 

Redação

Redação

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  • Alfeu, muito bom
    Permita-me

    Alfeu, muito bom

    Permita-me um comentário

    A propaganda com Matt Damon é da Stella Artois

    Cuja dona é a Ambev (que deve ter mudado de nome)

    Cujos donos são Paulo Lehmann, Sicupira e outros caras

    Que destróem empregos onde põem a mão

    Que acabaram com nossas cervejas premium (Antarctica Original, Serra Malte, Bohemia)

    Que não passam de safados hipócritas que perceberam a onda verde (a fada da floresta é outro buraco de hipocrisia) e querem ganhar mais algum

  • Capitalismo e o Tempo

    O Capitalismo não gosta da evolução. Sente e pensa o Tempo como algo que se pode controlar. Distorce conquistas científicas para justificar delírios como viagens no Tempo. Cria Flintstones e Jetsons para fantasiar que o humano sempre foi e sempre será como hoje. O Capitalismo detesta as aquisições civilizatórias por isso vende avanços tecnológicos como se fosse avanço civilizatório. Segundo o Capitalismo, as relações humanas só podem se dar através da ascendência do mais forte sobre o mais fraco. O Capitalismo quer anular as possibilidades da Justiça, uma conquista civilizatória.

    Por causa dessa arrogância capitalista, tentando reger até o Tempo, é que comumente se chama capitalistas de conservadores.

    E a água? A água é renovável, não some da Terra. Tanto quanto o dinheiro, está é mal distribuída, centralizada. O único recurso natural não renovável é o Tempo.

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