Talvez nem o nosso saudoso jornalista Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), que completaria 90 anos em 2013, autor de irreverentes e memoráveis crônicas, que não se deixava inclusive arrebatar por política, resistisse a não escrever sobre o autêntico ‘samba do crioulo doido’ que vai se constituindo a Rio+20, a Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável.
Índio, de arco e flecha, correndo em pleno centro da cidade do Rio de Janeiro, atrás de seguranças do BNDES para desferir a flechada da indignação; ambientalistas em passeata contra o Código Florestal e a construção da usina de Belo Monte; jovens com seios de fora (alguns belos por sinal) protestando contra a discriminação às mulheres- depois do caso da Elize Matsunaga os homens deveriam também sair em passeata contra a violência feminina; trânsito engarrafado; caras pintadas por tudo que é canto; flanelinhas livres, leves e soltos extorquindo motoristas por um espaço de estacionamento; definição do que é Economia Verde fora da nova Carta da Terra (tá difícil realmente saber o que é); fundo de US$ 30 bilhões para financiar as ações de sustentabilidade também fora do acordo ; erradicação da pobreza extrema nem pensar, está foríssima, afinal isso não é “tão importante” assim; nossa presidenta correndo com o esboço do documento final da Rio+ 20 para ser alinhavado junto aos líderes do G-20 no México; o mundo em grave recessão econômica, à exceção da China que continua crescendo e poluindo o ambiente; fome na África; desemprego na Europa, além da violência incontrolável (nem a ONU controla) contra civis na Síria.
Não falta mais nada. O que faltava ocorreu nesta segunda-feira, 18 de junho. O Partido dos Trabalhadores (PT), quem diria, aliou-se a Maluf. Os ativistas prometem, no entanto, ainda mais manifestações populares na cidade maravilhosa. Falta talvez saber pra que tantos gastos e holofotes da mídia para uma conferência que já nasceu morta. Planejamento, trabalho, altas somas em dinheiro, tempo perdido, para tudo ficar, até agora, no campo das boas idéias e intenções. Nada mais. Se pelo menos nos reeducássemos em respeito ao meio ambiente teria valido a pena toda essa parafernália. Deixar de jogar papel e lixo (inclusive guimba de cigarro) em vias públicas, garrafas e copos de plástico para não entupir bueiros e galerias pluviiais, deixar de fazer xixi na rua, seria a nossa primeira lição. Se pelo menos isso fosse possível, a conferência Rio+ terá valido a pena. Seria uma forma de também respeitar e proteger as futuras gerações. Por enquanto a Rio+20 nada mais é do que um verdadeiro ‘samba do crioulo doido’. Saudades do Sérgio Porto.
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