Pela memória de Marielle, em poema de Jorge Luis Borges

Enviado por Giblerto Cruvinel

do Instagram de Jean Wyllys

Jorge Luis Borges

Quantas vidas possíveis já descansam 
Nesta bem pobre e diminuta morte, 
Quantas vidas possíveis que outra sorte 
Daria ao esquecimento ou à lembrança! 
Quando eu morrer, morrerá um passado; 
Com esta flor, morreu só um futuro 
Nas águas que o ignoram, o mais puro 
Porvir hoje pios astros arrasado. 
Eu, como ela, morro em infinitos 
Destinos que já não me oferece o acaso; 
Procura a minha sombra os gastos mitos 
De uma pátria que sempre deu a face. 
Um breve mármore diz a sua memória; 
Sobre nós todos cresce, atroz, a história. 

Jorge Luis Borges, in “A Rosa Profunda”


do Instagran de Jean Wyllys

 

Redação

Redação

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  • ¡Cuántas posibles vidas se

    ¡Cuántas posibles vidas se habrán ido
      en esta pobre y diminuta muerte,
      cuántas posibles vidas que la suerte
      daría a la memoria o al olvido!
      Cuando yo muera morirá un pasado;
      con esta flor un porvenir ha muerto
      en las aguas que ignoran, un abierto
      porvenir por los astros arrasado.
      Yo, como ella, muero de infinitos
      destinos que el azar no me depara;
      busca mi sombra los gastados mitos
      de una patria que siempre dio la cara.
      Un breve mármol cuida su memoria;
      sobre nosotros crece, atroz, la historia.

  • Pela memória de Marielle X Jorge Luis Borges

    Incompatibilidade de gênios por um simples detalhe...Borges era racista.

  • Escrevi isto dias atrás. Não sinto orgulho, mas faz todo sentido

    Distante futuro no furo da bala

    por Roberto Monteiro  

    Destas sendas estúpidas
    em vielas, ruelas, favelas
    o cano fumegante
    da fome, da dor, da pena
    espreme alma, suga canções
    elimina inimigos, salva amigos
    rajadas sujas pelo ódio
    dos debaixo, que acima de todos
    dita o ritmo da subida
    para impedir a descida da voz
    calada pela noite alta
    talhando o asfalto que não tem
    mas que advém do não
    constante corte reto
    nada secreto das chagas
    centenárias que outrora fizeram lar
    nos promontórios, premonitórios sinais
    sinas vertidas no suor, no sangue
    derramado, chorado, perdido
    em balas vendidas no sinal
    fechado para eles, para nós
    que somos gente, perdida, esquecida
    apenas lembrada massa
    amorfa, cega, muda e paralítica
    aguardando o fim que tarda
    mas não falha a navalha
    corta-sonhos, fura a fila
    sem fim para este futuro
    que teima em se distanciar.

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